Ariane Souza - Divulgação/Evandro Santos
Ariane SouzaDivulgação/Evandro Santos
Por RICARDO SCHOTT
Rio - Com 32 anos, a atriz baiana Ariane Souza já tem duas décadas de carreira. E foi vista na telinha em novelas como 'O Segundo Sol' e 'Velho Chico'. Dessa vez, une em trabalhos atuais dois temas importantes na sua história: a militância pela inclusão e a música. Ela faz a impetuosa aluna Joelma na série 'Segunda Chamada' e também solta a voz no musical 'Grandes Encontros da MPB', com direção de Sergio Módena e texto de Pedro Brício, que está em cartaz até 10 de novembro no Teatro Riachuelo.
"Eu canto desde os nove anos, porque minha mãe e minha avó participavam de um coral e não tinham com quem me deixar. Daí ia junto e comecei a gostar de cantar", conta ela, que no musical, atua num momento em que há referência ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga. "Eu canto a música 'Qui Nem Jiló' e aprendi até a tocar um pouco de sanfona. Tá sendo incrível porque o espetáculo é uma grande homenagem ao nosso maior patrimônio que é a música brasileira. Estamos tendo um público de todas as idades, e tem muita gente bem mais nova que conhece todas as músicas", diz ela, que pensa num show próprio, só de música, ao lado de amigos. "Talvez homenageando alguma diva do jazz", conta.
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A Joelma, por sua vez, faz Ariane recordar seus tempos de escola. "Ela é aquela aluna de arrumar intriga com todo mundo, se acha a dona da escola, tudo tem que passar pelo crivo dela. Não é um personagem mau-caráter, mas tem um humor muito próprio", afirma Ariane, que era uma aluna bastante popular quando nova. "Eu era engraçada e estava cercada sempre de amigos. Nunca fui briguenta que nem a Joelma, mas defendia minhas amigas. Se pisassem no calo delas eu ia em cima. Ou se visse alguém sofrendo bullying...", lembra.
Ariane, que saiu da Bahia aos 16 anos para estudar teatro musical no Rio, também se recorda de que era uma das raras alunas negras em seu colégio, na adolescência. "Estudava em escola particular e sempre fui ensinada a manter a cabeça erguida. Não admitia que alguém quisesse me menosprezar ou me colocar para baixo. Mas era também a única negra no curso de inglês, minhas amigas tinham cabelo liso. Não tinha referência de cabelo crespo ou cacheado", recorda. "Muita gente fala que racismo não existe, o que é hilário. Outro dia mesmo fui na casa de um amigo e fomos na piscina. Olhei para o lado e eu era a única mulher negra na piscina!".
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Para dançar
Ariane também participou do musical 'O Frenético Dancin’ Days', em que interpretou Madalena, uma funcionária da casa do idealizador da boate, Nelson Motta. "Ele promete a ela uma porcentagem da bilheteria se ela o ajudasse a treinar as Frenéticas para servir as mesas. Aí ela começa a se achar milionária e uma espécie de 'dona' do local", diz, rindo. "Achei ótimo porque a Denorah Colker (diretora) me disse que queria fazer um espetáculo que falasse de mulher, de negro e de gay, em que as pessoas se sentissem representadas".
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Na telona
Ariane também participou recentemente de dois filmes que estreiam em breve: 'Pluft, O Fantasminha', de Rosane Svartman, e 'L.O.C.A.', de Claudia Jouvin. O primeiro foi a estreia ela nas telonas. "Vai ser o primeiro filme em tecnologia 4d do Brasil. Fiz uma sereia cantora e tive que fazer até uma transformação meio radical: botei meu cabelo trançado de azul", brinca. Em 'L.O.C.A.', ela faz uma editora de moda que trabalha numa revista, a Bia. "Ela tenta tirar o chefe do comando da revista, junto com as outras colegas", adianta.