- Fabio Pietro / Divulgação
Fabio Pietro / Divulgação
Por O Dia
Rio - Dia 13 de junho, Dia de Santo Antônio, marca o aniversário do sambista Tunico da Vila e, com a pandemia, ele vai celebrar à distância com uma live com seu pai, mestre e griô (o mais sábio na cultura africana), Martinho da Vila. O bate-papo, intitulado "Angoleiros", será transmitido ao vivo, às 17h, no Instagram de Tunico da Vila.

"Vai ser um dia feliz nesses tempos de lutas. Martinho da Vila além de um mestre do samba é um griô, um sábio, um lutador do movimento negro brasileiro, promoveu por iniciativa própria Kizombas, encontros de arte negra em todo Brasil, militou por meio da arte, ocupou espaços, é Embaixador de Angola no Brasil, Doutor Honoris Causa pela UFRJ, é escritor, pesquisou musicalmente as tradições do nosso povo aqui e em África, é uma referência para os mais jovens que estão vindo agora. A galera mais jovem precisa fazer essa escuta da experiência", diz Tunico.
"Eu sigo os passos dele, sigo fazendo arte antirracismo, faço ativismo por meio das minhas músicas, do meu samba, faço shows públicos inserindo os povos do congo, do terreiro, canto a arte negra, sigo a filosofia africana que aprendi, o ubuntu, juntos liberamos energias e forças para um mundo melhor. Essa live conversa é uma reverência ao mais velho, a quem transmite saberes, quem me ensinou, ensinou tanta gente e têm muito a ensinar", continua ele, que regravou a música que Martinho fez na ditadura, 'Quero, Quero', desta vez com artistas da cena do rap num desabafo do povo negro.

Em 2013, pela primeira vez pai e filho compuseram juntos um samba-enredo e a escola que os dois carregam no nome foi campeã do carnaval com o samba conhecido como 'Festa no Arraiá'. Martinho e Tunico fazem parte da ala de compositores da Unidos de Vila Isabel e Martinho da Vila foi anunciado como enredo da escola para o carnaval 2021.

Tunico da Vila conta que começou a ir à África com o pai, ainda adolescente com 13 anos, e Angola ainda estava em guerra civil. E fala que sua vivência musical em países africanos como Angola e Cabo Verde foram essenciais para sua música hoje. "Pude ter contato com a raiz do samba que é africana, trocar culturalmente, pude participar de shows e apresentações com músicos africanos como Tito Paris, Kituxe, Joãozinho, fiz um intercâmbio musical, ensinava o samba do Brasil para eles e eles me ensinavam o funaná, a morna e o semba de Angola que gravei no meu último disco chamado Iakalaiá".

Tunico da Vila e Martinho da Vila compuseram juntos cinco canções, 'Pare de brincar comigo' e 'É difícil ser fiel' no álbum 'O Pai da Alegria' (1999) e 'Festa de Caboclo' no CD 'Da Roça e da Cidade' (2001) de Martinho da Vila. 'Cheguei no Samba', gravada pelo grupo Swing e Simpatia (2000) e 'Na Beira do Mar' no álbum 'Fases da Vida' (2020) de Tunico. Cantam juntos, pai e filho, o clássico 'Pelo Telefone', primeiro samba gravado na história, no DVD 'Eu, Você e o Samba' (2019) e a canção 'Baixou na Avenida' no DVD 'Bandeira da Fé' Ao Vivo no Theatro Municipal (2020) de Martinho da Vila, todos disponíveis nas plataformas de música.

Confira o link para a live: https://www.instagram.com/tunicodavilaoficial/?hl=pt-br