O título do livro expressa um questionamento que o sujeito faz a si mesmo ou a um amigo em um bar. Incrédulo e, ao mesmo tempo, escolado na montanha-russa de paixões e desilusões que é ser carioca, sacode de leve a cabeça e, quase como um desabafo, pergunta: como chegamos aqui?
A autora busca decifrar o Rio de Janeiro com seu olhar estrangeiro e afetivo, porém crítico. Direciona o foco para a problemática da mobilidade urbana, a euforia pré-Jogos Olímpicos, o decepcionante legado das Olimpíadas Rio 2016. Explorando cada um dos modais de transporte, Julia detalha ônibus, metrô, trens, barcas. Uma curiosidade: ao longo da obra, o leitor se surpreende com a vocação do Terminal Garagem Menezes Côrtes - estacionamento e popular ponto comercial no Centro da cidade - para despertar cobiça e gerar histórias, destacadas no livro sob o divertido título 'Mistério dos mistérios'.
Ao examinar a política, a jornalista rememora fatos dos governos Leonel Brizola, quando conta a história da Vila Autódromo; Marcello Alencar e seu espírito privatizante; Sérgio Cabral e a extensa lista de casos de corrupção desde a candidatura do Rio à cidade olímpica, que resultaram em sua prisão, e Luiz Fernando “Pezão”, preso por receber propinas.
Às vésperas das eleições municipais, o leitor/eleitor vai encontrar material jornalístico enriquecido com experiências pessoais nos capítulos 'Segurança pública: a chave de tudo', 'Saneamento: 'tamo' junto' e 'O povo faz e acontece'. Os fracassos das UPPs e do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara estão lá. Mas também está a potência da juventude nas favelas: criativa, engajada em suas comunidades, conectada em redes de colaboração e mobilização. E, talvez, essa juventude seja a dona da resposta não para a questão do título do livro, mas para a pergunta: e agora?