Pabllo VittarDivulgação

Por Nathalia Duarte
A quarentena fez o mundo pisar no freio. Mas, para quem está acostumada a batalhar muito para correr atrás dos sonhos e “colocar a cara no sol” sem medo, ficar um ano sem shows foi só mais um desafio na vida de Pabllo Vittar. Em 2020, a drag queen mais seguida no mundo no Instagram (mais de 11 milhões) presenteou os fãs com o lançamento dos álbuns “111” e “111 Deluxe” e hoje, ainda colhendo os louros dos trabalhos, se prepara para o lançamento do próximo trabalho que define como “diferente de tudo o que já fez”.


“Gosto muito de trabalhar surpreendendo meus fãs e do fim do ano para cá estou a mil produzindo essa coletânea. Infelizmente por conta da atual situação no país, a ideia é adiar um pouco o lançamento. Estamos num momento muito delicado da pandemia e preferi esperar mais um pouquinho. Espero que em breve tudo melhore, minha preocupação maior é a saúde de todos nesse momento”, garante Pabllo, que completa: “Será um álbum com uma vibe única e com muitas surpresas. Serão canções animadas, solares e que você terá que dançar para não ficar de fora”.

Há cinco anos com o lançamento de “Open Bar”, uma releitura de “Lean On”, de Major Lazer, e, em seguida, com o estouro de “Todo Dia”, Pabllo mostrou ao Brasil para quê veio. Com um som muito próprio, a cantora de 25 anos mistura referências do que escuta mas, também, de onde veio. Nascida no Maranhão, Pabllo pega um pouco de tudo o que viveu e, como resultado, deixa sua marca nas canções.

“São inspirações que fizeram e fazem parte da minha história, da minha criação, dos lugares que morei e de pessoas que conheci. São gêneros que ouço desde criança e que de alguma maneira me fizeram evoluir como artista. Então é uma mistura que flui muito natural pra mim. Minhas principais referências em questão de gênero atualmente são: Pop, Forró, Brega, K-pop e música eletrônica”.

E se, em meio a um ano pandêmico, Pabllo conseguiu ser eleita uma das personalidades LGBTQIA+ pela revista Time, ser eleito o “Homem do Ano”, pela GQ e ainda indicada ao GLAAD Media Awards, na categoria Melhor Artista Musical com seu álbum 111 ao lado de nomes como Lady Gaga, Miley Cyrus, Halsey, Sam Smith, Ricky Martin, Adam Lambert, imagina o que 2021 reserva para a cantora.
Publicidade
Confira, abaixo, a entrevista completa com a cantora.
Os casos de coronavírus têm aumentado bastante no Brasil. Você pretende esperar essa onda baixar para fazer o grande lançamento do álbum?
Sim, como comentei acima, é um momento de atenção e preocupação no país. Quero que o álbum seja lançado em um período diferente. Precisamos ter empatia, são tantas vidas sendo perdidas, é tudo tão triste. Me solidarizo pelas famílias e sinto muito por tudo que estamos vivendo.

Estamos há um ano nesse processo de lockdown/quarentena. Como tá sendo o seu processo criativo nesse período? Isso chegou a te afetar de alguma maneira?
Com certeza me afetou, acho que não exista ninguém que possa dizer que não foi afetada! Mas tive o privilegio de me manter em casa e de trabalhar mesmo que de forma adaptada, muito diferente da realidade na população brasileira! Então, independente das mudanças na minha rotina, não posso reclamar.


Você sempre está postando mensagens positivas para os seus fãs nas redes sociais. O que torna o seu relacionamento com eles super especial. Você acredita que os artistas têm, também, que ter essa conexão? Pensou em postar mais mensagens por causa desse período complicado que a gente está passando?
Eu acho super importante. Estamos enfrentando um momento tão sensível, tão alarmante, que o mínimo que posso oferecer aos meus fãs e a quem me acompanha, são mensagens positivas de amor, esperança e cuidado. Se eu conseguir melhorar o humor, o sentimento de uma pessoa, eu fico feliz, sabe. Fornecer essa troca com o público, manter nossa relação próxima, mesmo que distantes, é essencial. Mas sempre tive essa relação com meu fãs, independente do momento que estamos vivendo! Temos uma troca muito linda!
Publicidade
Recentemente, você lançou o remix de “Lento”, com a Lauren, e a música se soma a diversas outras parcerias internacionais que você tem. Está nos seus planos conquistar cada vez mais o mercado lá fora?
Sim, com certeza. A carreira internacional está acontecendo de uma forma natural, aos poucos, e estou muito feliz com os resultados e com tantas parcerias especiais rolando. Quero seguir esse fluxo e levar minha música para todos os lugares possíveis!

Como você decide com qual artista vai gravar? E quem mais é o seu sonho fazer uma música?
Decido a partir de artistas que admiro muito como pessoas e como profissionais. Eu gosto de criar liga com cantores que reflitam o que penso e o que prezo, entende? Sobre sonho de parceria, nossa, há muitos, mas queria muito fazer alguma parceria com as meninas coreanas, como Blackpink e AESPA!

Você é muito fã de KPop, também. Pretende fazer alguma parceria com algum grupo?
Sou fã demais, é um estilo que venho acompanhando há muito tempo. Eles conseguiram furar bolhas e trazer conceito, irreverência, cor, autenticidade. Eu adoro! Sobre feats, quem sabe, seria um sonho!

Também no ano passado, você venceu a premiação “Men Of The Year”, da GQ, e foi um assunto muito falado. Pra você, qual é a importância de se ter uma representatividade drag em premiações desse tipo?
Pra mim foi um honra e é muito importante pra minha carreira e também pessoalmente! É algo que pra mim é simples e acabou repercutindo muito! Foi necessário pra trazer essa conversa pra mais gente na nossa sociedade! Mas as vezes acho até engraçado, sabe? Gente, eu sou um homem, porque é tão “polêmico” ganhar o prêmio de homem do ano?

A arte drag é exatamente saber caminhar entre o feminino e o masculino e brincar com esses conceitos. Mas, aqui no Brasil, parte das críticas que você recebe são, até, pelas pessoas não conseguirem entender esse conceito. O que você acha que falta para que as pessoas aceitem melhor a singularidade das outras e, consequentemente, passe a entender mais a arte drag e o seu trabalho?
Falta mais empatia e respeito. Ninguém é obrigado a gostar de nada, mas você tem que aceitar e respeitar. O diferente do padrão é lindo, vivo, autêntico e se você não enxerga isso, você ficou para trás, parado no tempo.
Com os movimentos de redes sociais me parece que todo mundo sente a necessidade de emitir uma opinião sobre tudo, todos e o tempo todo! Mas é muito fácil: se gosta de algo, elogie, consuma e apoie, se não gosta é só clicar no x que tem na tela, pular a música ou vídeo e não consumir!

Hoje em dia você é uma inspiração para milhares de LGBTQIA+ no Brasil. Em algum momento as críticas que você recebeu ao longo da carreira te abalaram? Em que você se apoia para se manter firme e ser esse exemplo?
No começo, me abalavam sim, eu não entendia o porquê de tanto ódio e preconceito. Mas, graças a Deus, tenho uma mãe que me ensinou que o problema não era eu e sim os outros. Aos poucos, fui entendendo isso, fui lutando pelo meu espaço e sempre de cabeça erguida e com muito amor. Várias artistas LGBT+ abriram caminho para mim lá trás. Sem elas, eu não estaria aqui hoje. Só posso agradecer e seguir, sendo quem eu sou.