Chora - Mulheres na Roda
Chora - Mulheres na RodaDivulgação
Por Filipe Pavão*
Rio - A música "Sapateando na Chora", do movimento "Chora - Mulheres na Roda", chega às plataformas digitais em uma data especial, o Dia Nacional do Choro, que é celebrado nesta sexta-feira, dia 23 de abril. A compositora Laila Aurore conta que a faixa é uma homenagem ao próprio movimento, que tem o objetivo de proporcionar um aprendizado coletivo do gênero musical entre mulheres instrumentistas e é organizado pelo Regional homônimo.
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Ela ainda revela que a ideia de gravar e produzir a faixa se deu quando participou de uma residente que reuniu 50 mulheres envolvidas com som e música do Rio de Janeiro. Durante o período, as participantes puderam gravar seus choros autorais com uma equipe totalmente feminina.
"'Sapateando na Chora' foi o primeiro choro que compus, logo após uma das rodas da Chora – Mulheres na Roda, em que a cantora Mayra Andrade esteve presente cantando com a gente. Foi um momento muito forte e bonito e, logo que cheguei em casa, compus esse choro, em homenagem às mulheres musicistas, compositoras e instrumentistas. Em homenagem a toda rede de mulheres que é a Chora. E o título foi uma brincadeira sugestiva com um dos muitos aspectos que envolvem a diversidade da Chora – Mulheres na Roda: um espaço seguro, acolhedor e livre para pessoas LGBTQIA+", conta a compositora e cavaquinista Laila Aurore, que se autointitula "sapatão".
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Protagonismo feminino
A flautista Carolina Chaves destaca o crescimento de movimentos de grupos de música popular nos últimos anos. "A presença masculina nos ambientes das rodas de samba e choro é muito maior que a feminina e nós, mulheres instrumentistas e cantoras da música popular, precisamos abrir o espaço com nossos próprios braços. Tanto as rodas de choro como as de samba acontecem majoritariamente na rua, que pode ser um espaço de insegurança para as mulheres, além do desconforto muitas vezes sentido por nós quando trabalhamos num grupo formado inteiramente por homens nos espaços que não são nossos de origem", explica a integrante do Regional Chora – Mulheres na Roda.
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"Um grupo formado 100% por mulheres, além da grande alegria de ouvir e vivenciar música de qualidade feita por mulheres, significa para nós nos sentir confortáveis e seguras fazendo o que mais amamos. Agradecemos às mulheres que vieram antes da nossa geração e nos abriram esse caminho sem volta", finaliza.
Um ritmo brasileiro
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O choro é um gênero que nasceu na década de 1870 e é genuinamente brasileiro, mas que também enfrenta desafios. "Um dos nossos maiores desafios neste momento é resgatar do choro das ruas, das praças, enfim, o choro essencialmente participativo, baseado nas rodas, nos afetos e nas trocas entre mulheres. A Roda feminina de Choro é um espaço onde a música é tão importante quanto a presença das musicistas e das pessoas como ouvintes. A roda existe como um elo que permite esse encontro entre pessoas", enfatiza a percursionista Geiza Carvalho.
* Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno