Mano BrownPedro Dimitrow

Rio - "Eu sou o cara mais comum do mundo. Brasileiro médio. De mentalidade mediana, como diz o Jorge Ben, mas aprendendo". É com essa humildade que já lhe é característica que Mano Brown se define ao anunciar uma nova etapa de sua carreira. A partir de agora, o rapper, que é uma das personalidades mais influentes do país, tem um podcast para chamar de seu. Recém-estreado no Spotify, o 'Mano a Mano' promete trazer, toda quinta-feira, diálogos intensos do artista com diversos expoentes da cultura brasileira.
O primeiro episódio da temporada, por sinal, em que Brown recebe Karol Conká, fez com que o podcast estreasse como o segundo programa mais ouvido da plataforma. E esse sucesso não é por acaso. A personalidade de Mano Brown é fundamental para que qualquer assunto vire uma história boa de ser ouvida.

"Há temas que você não tem como se acovardar e não falar. Eu tenho meu jeito de pensar. Eu sou essa pessoa que pensa, que tem pensamentos, mas também não estou fechado a entendimentos novos. Não sou um cara de pensamentos concretizados, a gente tá sempre em transformação e aprendendo. Eu tenho aprendido muita coisa. É um diálogo, mas o Mano Brown não passa a ser neutro porque tem uma pessoa com pensamento contrário ao dele. Eu continuo sendo uma pessoa que pensa as coisas que eu penso, mas com tendências a se interessar por outras ideias. Eu não estou fechado", explica o rapper, que faz menção a um de seus convidados mais polêmicos, o vereador e ativista Fernando Holiday, do Partido Novo.

"É um cara polêmico, que eu discordo das coisas que ele pensa. Porém, na entrevista, vocês vão ver que ele mudou a forma dele pensar conversando com a gente. Era um cara que ninguém queria ouvir. E isso me interessa. Um cara que ninguém quer ouvir, eu quero ouvir, por mais que eu discorde dele".

Experiência do rap

Além de Conká e Holiday, Brown também recebe outras personalidades no podcast, como o Pastor Henrique Vieira, Wanderley Luxemburgo e Dráuzio Varella. Para o artista, de certa forma, a carreira na música possibilitou que ele estivesse um pouco mais preparado para esse novo desafio.

"Eu sou um contador de histórias nato, eu começo a falar e fico no protagonismo. Dou exemplo, dou ideias do passado, comparo com o presente, jogo pro futuro. Isso é do compositor. Acho que todo compositor, todo rapper, ele tem essa coisa de estar ali contando sua história e sua visão sobre o mundo. E a gente investiu nesse lado meu. Eu sempre pus isso no papel em forma de batida, com ritmo. E as pessoas falaram que eu tinha muita coisa para falar e que poderia potencializar em um mecanismo para expor minhas ideias", explica Brown que, mais uma vez, credita ao rap o espaço conquistado atualmente.

"Sem o hip hop eu não seria nada. Então a gente já parte desse princípio. O hip hop me salvou. Eu era um jovem de 17, 18 anos, com a cabeça vazia, cabeça de camarão. O hip hop me deu perspectiva de vida e eu renasci ali. Então tudo o que eu tenho, veio do hip hop, inclusive o programa do podcast. Sem a popularidade do Mano Brown e que o Racionais me proporcionou, eu não teria como estar aqui", destaca.