Cenas de Ninguém dirá que é tarde demaisGuga Melgar

Rio - Aos 79 anos, Arlete Salles está de volta aos palcos. Em cartaz no Teatro Riachuelo com o espetáculo ‘Ninguém Dirá Que É Tarde Demais’, escrito pelo neto Pedro Medina, a atriz vive uma história baseada nos dilemas apresentados pelos longos meses de confinamento.


“A peça se passa quando a pandemia está quase no seu início. O teatro sempre é um retrato da vida e o Pedro não podia passar batido por isso. Todos fomos atingidos por essa pandemia. Mas o espetáculo não é doloroso, é amoroso e em alguns momentos divertidos”, adianta a Arlete, que reforça o romantismo do texto.

“A gente fala sobre os conflitos da geração mais idosa, que a vida ainda não acabou para eles. A peça fala de uma oportunidade de um encontro romântico. É sobretudo uma história de amor. Mas tudo com muita delicadeza, não pode ter arroubos de sexo selvagem”, brinca a atriz.

Em família

Além de ser responsável pelo texto, o neto Pedro também está no elenco da produção. E o clima familiar não para por aí. Filho da atriz, Alexandre Barbalho também participa da peça, que tem direção musical de Lucio Mauro Filho. Lucinho, por sua vez, é irmão de Alexandre e enteado de Arlete, que foi casada com Lucio Mauro. Para a atriz, esses encontros tornam a produção ainda mais especial.

“A gente se dá muito bem e facilita, fica tudo mais fácil. Tem famílias que têm grandes problemas de convívio, mas a gente se dá muito bem. Somos felizes e tudo é pretexto pra gente ficar junto. E, em uma família de atores, esse desejo é inevitável que se concretize”, declara a atriz.

Mas, se por um lado, Arlete festeja a estreia da peça, por outro, a atriz lamenta que o sonho tenha que durar tão pouco. “A gente já tinha esse projeto, mas, por cláusula contratual, a tivemos que fazer esse ano ou perdíamos o patrocínio. Estamos encarando esse desafio e, infelizmente, só conseguimos a verba para produzir e manter o espetáculo durante um mês. Então, terminamos agora, com muitas saudades, no dia 30. Depois de tanto trabalho e tanto esforço, vamos terminar uma temporada tão precocemente…”, desabafa a atriz, que revela o desejo de retomar o trabalho futuramente.

Novo normal

Ainda falando sobre os desafios do trabalho, Arlete também lamenta que a cultura seja tão desvalorizada no Brasil. A atriz pondera que, não fosse a arte, a pandemia poderia ter sido ainda mais prejudicial para a sociedade.

“No nosso país ainda existe a mentalidade de que arte é uma coisa supérflua quando não é. Neste momento triste de perdas em todos os segmentos, de pessoas, de trabalho, de tudo, se não fosse as artes, a grande maioria teria enlouquecido. O que salvou foi a música, os livros, a literatura, a dramaturgia. Não é um item supérfluo, é um item de primeiríssima necessidade”, reforça a atriz, que faz críticas ao governo.

“E no meio disso tudo ainda tem esse governo que despreza a cultura e tudo que esteja relacionado ao teatro. Mas estamos vencendo, tentando vencer. O teatro está renascendo. Estou muito feliz que o público está comparecendo e está ansioso para voltar à vida normal, ao entretenimento”, destaca Arlete que já tomou as três doses da vacina e recomenda que todo mundo faça o mesmo.

“As vacinas são a nossa arma, temos que vacinar. Não entendo como ainda existem pessoas que negam a vacina. É a única solução”, reforça.

Após o final da peça, Arlete já tem planos. Em janeiro, ela começa a gravar ‘Além da Ilusão’, próxima novela da 18h, da Globo, que estreia em fevereiro de 2022.

SERVIÇO

‘Ninguém Dirá Que É Tarde Demais’
Teatro Riachuelo. Rua do Passeio, 40, Centro
De quinta a domingo, até dia 31 de outubro
Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Ingressos: a partir de R$ 25, pelo Sympla
Classificação: 14 anos

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