Moacyr Luz divulga novo álbum em homenagem ao Rio nesta sexta-feiraDivulgação/Marluce Martins
Exclusivo Moacyr Luz lança novo álbum em parceria com instrumentistas: 'Estou muito orgulhoso desse trabalho'
Cantor e compositor faz homenagem ao Rio de Janeiro no disco 'A Música do Músico', já disponível nas plataformas digitais
Rio - Um dos grandes compositores do samba carioca, Moacyr Luz colocou toda a sua alma boêmia no álbum "A Música do Músico", que chega nesta sexta-feira às plataformas digitais. Antes de gravar o novo disco, o cantor de 64 anos convidou 11 instrumentistas para colaborar nas faixas, que prestam homenagem ao Rio de Janeiro. Em entrevista ao O DIA, o compositor explicou a ideia por trás do projeto em que direciona os holofotes para os artistas que costumam emprestar seus talentos para trazer outras canções à vida.
"Eu já tinha uma ideia muito antiga, porque eu tinha uma admiração muito grande pelo músico, pelo instrumentista. Quando comecei minha carreira, em 1977, eu queria ser guitarrista. Só que a coisa do compositor vai mexendo contigo, interferindo na tua mecânica diária de estudo, de tudo, e você vai vendo que nasceu pra ser compositor e não pra ser músico", relembra o fundador do "Samba do Trabalhador".
A partir de sua experiência, Moa (como é chamado por amigos próximos) montou um grupo de elite para trabalhar em seu novo disco, com Carlinhos 7 Cordas, Ricardo Silveira, Alaan Monteiro, Bebê Krammer, Hamilton de Holanda, Zé Paulo Becker, Rogerio Caetano, Paulo Malaguti Pauleira, Carlos Malta, Guinga e Cristóvão Bastos, que estreia como intérprete em uma canção. Para o cantor, um dos desafios do projeto estava em convencer os parceiros a soltar a voz no estúdio.
"Pra fantasia ficar completa, eu queria que eles cantassem. Seria uma forma assim de apresentar, definitivamente, o trabalho deles como compositores com letra e a voz. E foi uma dificuldade, porque a maioria não queria participar cantando, mas a gente brincou com isso. E a voz que eu queria ter num disco era a voz do do compositor cantando a sua própria música, pra mim é muito importante", confessa. "Eu estou muito orgulhoso desse trabalho", completa Luz.
Completando 45 anos de carreira em 2022, Moacyr também celebra o momento que tem vivido em sua carreira. Sempre atento ao mercado, o cantor vê com bons olhos as plataformas digitais que têm permitido que a geração mais nova descubra seu catálogo de "mais de 300 músicas". "Eu tenho feito shows sempre com a casa cheia, e eu me surpreendo que eles conhecem meu repertório. Eu estou muito feliz porque eu sou compositor, bicho. Então, eu faço música pra Maria Betânia com o mesmo ímpeto que eu fiz pra Mangueira", afirma ele, que compôs o samba-enredo que a Verde e Rosa levou para a Sapucaí em abril deste ano, ao lado de Bruno Souza, Leandro Almeida e Pedro Terra.
A melhor forma que o carioca encontrou para comemorar este marco foi homenageando a cidade que está "entranhada" em sua veia artística. "A minha vida toda eu faço música falando do Rio, projetos ligados ao Rio. Meu rosto é identificado com o Rio de Janeiro. 'Nego' me viu em todos os botequins da vida, como se eu bebesse em todos os bares ao mesmo tempo. Eu faço samba-enredo, eu faço bloco de rua, escrevi livros sobre bares, essa coisa toda", lembra o compositor, direto de sua residência na Praia do Flamengo, Zona Sul da capital fluminense.
Trazendo as "miudezas que só quem mora por aqui consegue entender", o álbum "A Música do Músico" não encerra os trabalhos de Moacyr neste ano. O cantor já adianta que estará de volta, em dezembro, com um disco que gravou em Portugal, junto com o cantor luso-brasileiro Pierre Aderne. "É uma coisa totalmente diferente a busca dessa fusão com a língua portuguesa pelo mundo. É um outro desafio, eu gosto disso", ressalta.
Posicionamento político
Moacyr Luz está entre os artistas que participaram do vídeo lançado, na última terça-feira, pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o jingle "Lula lá". Sem esconder sua posição contrária ao governo atual, o cantor fala sobre a expectativa para o segundo turno das eleições presidenciais, que acontece neste domingo. "Eu estou aguardando o dia 30 como se estivesse aguardando o meu renascimento. Porque eu não sei em que circunstâncias vou continuar trabalhando, com uma pessoa que não gosta de cultura (no poder)", declara.
O sambista finaliza expressando o que deseja para os próximos quatro anos: "Um Brasil mais leve, né? Onde a gente não sinta vergonha de posições (políticas). É um país de um tamanho continental. O que tem de gente dormindo na rua... Milhões de pessoas na linha da miséria. Você se sente constrangido, às vezes, quando sobra um pouco de comida, tu não sabe o que faz. E pensa logo no próximo, que está ali, na rua, esperando um pedaço de pão. Eu quero um país mais leve".
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