Capa da biografia sobre Zaquia JorgeDivulgação

Rio - Zaquia Jorge foi uma figura marcante na vida cultural do Rio dos anos 1940 e 1950. Trabalhou na companhia de teatro de Walter Pinto (1913-1994), brilhou no mundo das vedetes, contracenou com Dercy Gonçalves (1907-2008) e Oscarito (1906-1970), fundou o próprio teatro e muito mais. No ano em que chegaria ao centenário, a artista é tema do mais novo livro do escritor e jornalista Marcelo Moutinho, vencedor dos prêmios Jabuti, em 2022, e Clarice Lispector, em 2017, marcando sua estreia no gênero das biografias.

"Estrela de Madureira: A trajetória da vedete Zaquia Jorge, por quem toda a cidade chorou", da Editora Record, retrata a história da atriz e empresária, que morreu aos 33 anos, em 1957, afogada na Praia da Barra da Tijuca. Sua morte trágica inspirou o samba "Madureira chorou", sucesso do Carnaval de 1958. Em 1975, a artista tornou-se tema do enredo do Império Serrano. A composição vencedora não obteve muito sucesso, no entanto, um dos samba-enredo concorrentes naquele ano acabou sendo gravado por Roberto Ribeiro com estrondoso êxito, com o título de "Estrela de Madureira".
Marcelo Moutinho conta em entrevista ao O DIA que a ideia do livro nasceu da intenção de tirar Zaquia da invisibilidade e torná-la conhecida. "Passei minha infância em Madureira e meus pais eram grandes fãs do Roberto Ribeiro. Tanto 'Madureira chorou', quanto 'Estrela de Madureira' giravam bastante na vitrola lá de casa. Lembro de meu pai comentar recorrentemente que os dois sambas homenageavam uma vedete chamada Zaquia Jorge. Mas quando fui tentar saber mais sobre a sua história, logo percebi que as informações eram parcas. As pessoas, quando muito, sabiam do antigo teatro, ou da tragédia nas águas da Barra. A incrível trajetória da vedete, contudo, permanecia um mistério. Isso apesar de, no momento de sua morte, ela ter levado uma multidão ao velório e merecer destaque nas capas de jornal de todo o país", relembra.

O autor acrescenta que um dos grandes desafios na produção da biografia foi fazer a pesquisa durante a pandemia da covid-19, quando as instituições que guardam acervos sobre a história do teatro brasileiro estavam fechadas. "Outra dificuldade se deu em razão da falta de relatos orais. Como Zaquia morreu em 1957, infelizmente, quase todas as pessoas com quem conviveu já se foram. Mesmo seus familiares, que me atenderam com extremo interesse e gentileza, pouco sabem sobre a vida dela. O que, na verdade, só reforça a importância do livro", explica.

Pioneira

Após participar da cena cultural na Zona Sul do Rio, Zaquia fundou o Teatro Madureira, na Rua Carolina Machado, nos anos 1950, destacando, pela primeira vez, a arte na Zona Norte. Para Marcelo, isso reflete no pioneirismo da mulher que se torna empresária ainda jovem. "Ela ajudou a promover uma mudança comportamental em Madureira e nos bairros próximos".

O escritor espera que o livro inspire os leitores. "Se a história de Zaquia servir de inspiração a outras histórias, ainda a serem escritas, já estarei feliz", conclui.

Lançamento

O livro será lançado em um grande evento com a participação do autor no restaurante Al Farabi (Rua do Mercado 34, Centro), neste sábado (6), a partir das 14h. 

O lançamento contará, ainda, com a apresentação de Pedro Paulo Malta, relembrando sambas e marchinhas que foram sucesso na época áurea do teatro de revista, com participação especial da Velha Guarda do Império Serrano.