PitelGlobo/João Cotta

Rio - Giovanna Pitel é assistente social e natural de Maceió, no estado de Alagoas. Com 24 anos, ela já enfrentou muitos desafios na vida, começando a trabalhar aos 13 anos para ajudar a família, e ficou nacionalmente conhecida após participar do "BBB 24". Em entrevista ao O DIA, a alagoana, que deixou a casa mais vigiada do Brasil no início do mês, fala sobre sua experiência no programa, a aproximação com os brothers Lucas Buda e Fernanda, e aborda questões pessoais, como a transição capilar, o casamento com Wesley e as relações familiares.
"A história da minha família é normal, como tantas outras no Brasil que passam por vulnerabilidade, pobreza e todos esses aspectos sociais que nos minam. Eu morava em um bairro chamado Cruzeiro do Sul, que era muito longe. A gente foi crescendo e terminou se mudando para a casa da minha avó, onde morava eu, minha mãe, minha irmã, minha tia, os dois filhos dela e meus avós", explica Pitel, lembrando os problemas que enfrentou.
"Eu tenho um tio alcoólico e outro usuário de droga, e todos esses problemas permearam e minaram muito nossas relações. Depois de algumas desavenças, a minha mãe resolveu morar sozinha, com três filhos, e surgiu aquele desafio de sustentar as crianças. Quando eu tinha 13 anos, a minha irmã já estava grávida do primeiro filho e foi morar com o marido. Aí, eu recebi a oportunidade de cuidar do filho do amiga da minha mãe para ganhar 100 reais. Cuidei dele por um tempo e fiquei estudando. Depois, fui estudar à noite e arrumei um emprego para ser atendente no restaurante onde minha mãe era cozinheira. Fui menor aprendiz, trabalhei como vendedora e, nesse meio termo, encontrei o Wesley, que é meu companheiro". resume.
Segundo Pitel, o relacionamento do casal é aberto, o que significa ter a liberdade de manter outras relações simultâneas, sem que isso seja encarado como traição. A ex-participante do "BBB" explica como chegaram a essa conclusão: "Eu e o Wesley nos conhecemos muito jovens, quando eu saía da infância para a adolescência. Acredito que eu tinha 14 anos nessa época e ele, 16 ou 17. Quando casamos, saímos da nossa bolha familiar e, como ele trabalhava com viagem, percebemos que poderíamos ter novas experiências, mesmo estando num relacionamento, pois sabemos os limites um do outro. Conhecer novas pessoas e ter novas experiências não impede de fortalecer os vínculos que você já tinha. Isso nunca foi um problema", esclarece.
Participação no 'BBB'
Sobre o que a levou a se inscrever e querer participar do reality show da TV Globo, a ex-sister não esconde que o fato de ter uma condição financeira melhor foi a principal motivação. "Eu vi a oportunidade de ficar milionária. Outra coisa que me pega muito é que sou dos pequenos planos. O que eu sempre quis alcançar lá, foi conseguir uma casa para a minha mãe. Se eu conseguisse comprar uma casa para ela, eu tinha zerado aquele jogo", pontua.
Dentro da casa, a sua touca de cetim vermelha virou sua marca registrada. Frequentemente, Pitel era vista com uma em sua cabeça para cuidar dos cabelos cacheados. Mas esse carinho pela sua própria aparência nem sempre esteve presente. Ela comenta detalhes sobre o processo de transição capilar.
"Antes de fazer a transição capilar, em 2020, eu não lembrava como era o meu cabelo, a textura dele. Eu comecei a alisar meu cabelo quando tinha entre nove e dez anos. De verdade, eu não tenho nenhuma lembrança de como era antes disso. Eu só me lembro que o cacheado era sinônimo de bagunçado. Eu era refém da química, do alisamento, da chapinha. Não podia praticar atividade física, tomar chuva ou suar. Eu só fiz a transição capilar porque vi um vídeo sobre o assunto e pensei no que poderia acontecer. Se não gostasse, era só alisar de novo. Passei quatro meses deixando ele crescer e tentando prender com tranças, rabos de cavalo e coque. Ai, eu cortei pela primeira vez, ele foi crescendo e eu fui amando. Eu amo o meu cabelo e posso dizer que é uma das minhas partes favoritas em mim", reflete.
A ex-BBB diz que ainda está se acostumando com o recebimento do público após a saída do confinamento. "Vejo as pessoas fazendo críticas sobre mim, mas eu não consigo receber. Como foi que elas chegaram nessa conclusão? Eu acredito que, na minha trajetória do programa, eu fui fiel a mim. Eu costumava dizer que não dava para fugir do que a gente sentia lá. Eu sempre me posicionei e sempre fui uma pessoa muito aberta. Deixei muito claro os meus sentimentos, as minhas inseguranças, as minhas frustrações, a minha visão de jogo e o que eu achava das pessoas. Eu sempre fui muito aberta, muito falante, sempre gostei muito que as pessoas ouvissem ou, pelo menos, eu tentasse falar. Então, eu fui coerente com o que eu sentia", avalia.
As Relações Intensas na Casa
Pitel fez parte do grupo dos gnomos dentro do "BBB 24". O nome é uma referência à decoração do quarto onde dormia com seus aliados. Entre os integrantes com quem mais manteve a proximidade estão Fernanda Bande e Lucas Buda. Ambos tiveram participações polêmicas e, agora que sabe a visão do público, a alagoana opina sobre a sua relação com os dois.
"Em relação à Fernanda, a nossa amizade foi de mais altos do que baixos, e de muito amor e companheirismo. Eles não me conheceram como assistente social, eles conheceram a Giovanna, a Pitel. Ali, eu acho que não cabia o meu papel de assistente social [sobre as falas de Fernanda em relação à maternidade]. Eu não sou professora de ninguém. Cada um vai ser responsável pelas suas próprias falas e atitudes", responde.
Sobre Lucas, ela afirma que se manterá como amiga e irá conversar com ele fora do confinamento, caso o rapaz queira. Enquanto estava na casa, Buda, que era casado com Camila Moura antes de entrar no programa, foi apontado pelo público de ter flertado com Pitel. "O Lucas é um cara extraordinário, queria que as pessoas tivessem olhado para ele como os mesmos olhos que eu vejo. Ele é um cara inteligentíssimo, engajado em questões sociais, o que eu acho extremamente importante. Eu o admiro demais, e talvez essa admiração tenha se confundido em algum momento para o público", comenta a ex-sister, que lamenta a repercussão.
"Acredito que tudo isso deve ser conversado entre ele e a Camila, que ele sempre falou dela para mim com muito amor, com muito carinho. Ele falava da sogra com muito orgulho, e espero que isso tenha peso em uma relação tão longa como a deles. Mas a nossa sempre foi de muita amizade, admiração e carinho. Sinto muito que as pessoas tenham interpretado isso de outra forma. Acho que ele primeiro deve falar com a Camila para entender o que está acontecendo. Se quiserem conversar comigo, todos os braços estarão abertos. Mas sobre a relação deles, acho que não me cabe", complementa.
Para Pitel, só entende do BBB quem vive a experiência. "Os sentimentos se confundem, você vê coisas onde não tem, o que você acha normal e tranquilo, as pessoas entendem de outra forma, porque ninguém vive aquilo como a gente vive. É completamente diferente. É tudo potencializado e confuso. Enfim, acho que foi isso que aconteceu, um grande desentendimento, uma grande interpretação errada. Se ele quiser conversar comigo, eu vou estar muito aberta para isso", ressalta.
E o futuro?
Por fim, a ex-sister revela o que pretende fazer após a participação no reality. "Meu plano para o futuro é trabalhar com comunicação. Ainda não sei se na área do serviço social, que é a minha formação, ou em outro nicho, mas eu quero falar com pessoas. Eu quero estar com elas. Não sei de que forma ainda, mas quero fazer um curso para aprender a me comunicar melhor, alcançar um público maior, quero me especializar nisso também e saber como eu posso ser melhor para quem gosta de mim. E, por enquanto, é isso. Ainda é muito recente tudo", conclui ela.