Rio - A baiana mais velha e presidente da ala das baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel, Tia Nilda, este ano saiu como destaque vestida de Nossa Senhora da Conceição. A escola da Zona Oeste do Rio é a terceira a desfilar na madrugada desta segunda-feira (20) no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
O tripé traz a santa padroeira do Alto do Moura e dos artistas das "Artes figurativas", para abençoar a arte sacra da mestra Therezinha Gonzaga. Aos 80 anos, Tia Nilda ficou impedida de desfilar por um problema no joelho. A filha da baiana, Sheila Aguiar, 54, coordena a ala na ausência da mãe.
"Desde cedo, sempre acompanho a mamãe na ala. Como ela agora ficou impossibilitada por problema no joelho, eu vim ajudando. A escola lhe deu esse presente de sair como destaque", afirmou Sheila.
Já a baiana Lucília da Conceição Silva, 80, sai na escola há tantos anos, que não se recorda quando começou. Ela foi da Portela para a Mocidade depois de pedir para Castor de Andrade, considerado o maior contraventor do Rio, que construiu um império no samba e no futebol.
"Perdi até a conta. Ainda era o Castor de Andrade. Eu era da Portela, ele foi a um almoço lá e eu pedi para entrar na Mocidade e entrei", contou.
Para desfilar, a baiana conta que o segredo é bailar com os gestos específicos das baianas e rodar. As baianas vêm de quitandeiras de aves, ervas e frutas. Elas representam o trabalho manual das mulheres no Alto do Moura e seus produtos vendidos na Feira de Caruaru.
Mocidade homenageia Mestre Vitalino
A Mocidade Independente de Padre Miguel aposta na força das obras do artesão e músico Mestre Vitalino e seus discípulos para arrebatar a Sapucaí. Com uma narrativa em tom criacionista, Vitalino Pereira dos Santos, chamado 'Deus de barro', é representado como o 'pivô' da exaltação da cultura do nordeste brasileiro.
Sob os cuidados do intérprete Nino do Milênio, a história faz uma viagem pelo sertão para contar a história de Vitalino, em suas muitas facetas como artista e músico, além de mostrar seus discípulos. Marcus Ferreira será o guia do povo em meio a 'procissão' na Sapucaí.
Dono de seis conquistas (1979, 1985, 1990, 1991, 1996, 2017), o "Maracanã do samba", como a Mocidade é conhecida, ocupa o posto de sétimo maior vencedor do Carnaval das Campeãs do Rio de Janeiro. Pelo grupo especial, a escola foi vitoriosa nos seguintes anos: 1979, 1985, 1990, 1991, 1996, 2017. Já no Grupo 2 da Série A, a escola venceu em 1958.
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