Atual campeã, Imperatriz Leopoldinense será a última escola a desfilar no domingo Divulgação / Imperatriz

Rio - O maior espetáculo da Terra vai começar! Neste domingo (11), a partir das 22h, na Marquês de Sapucaí, as primeiras seis escolas do Grupo Especial vão abrir os desfiles da elite do Carnaval. Com enredos que valorizam desde culturas indígenas ao povo cigano, passando por temas ligados à cultura nordestina e de Portugal, as agremiações terão entre 60 (mínimo) e 70 minutos (máximo) para se apresentar. Na segunda-feira (12), será a vez das outras seis agremiações passarem pelo Sambódromo.
As seis melhores colocadas retornam à Avenida no Sábado das Campeãs (17). Já a agremiação que ficar em 12º lugar cai para a Série Ouro, enquanto a primeira colocada do Acesso irá desfilar no Grupo Especial em 2025.Campeã da Série Ouro em 2023, a Porto da Pedra, de São Gonçalo, vai abrir o domingo de Carnaval celebrando o saber popular. Explorando os ensinamentos do famoso almanaque "Lunário Perpétuo", do astrônomo e naturalista espanhol Jerónimo Cortés, publicado em 1594, a escola leva à Avenida o enredo "Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular".
Trazido para o Brasil pela família Real, o guia passou a fazer parte da cultura do Nordeste. Ainda segundo o carnavalesco Mauro Quintaes, o almanaque praticamente alfabetizou a população da região, onde até hoje muita gente usa os ensinamentos da obra.
"Nossa expectativa é a maior possível, as alegorias estão belíssimas. A Porto da Pedra vai grandiosa para se manter no grupo especial e entregar um dos mais belos espetáculos deste Carnaval", ressalta o carnavalesco.
Na sequência, a Beija-Flor de Nilópolis promete um desfile luxuoso e imponente. Dona de 14 títulos, a escola vai contar a história de Rás Gonguila, ícone da cultura alagoana, e de outros aspectos da folia de Maceió, através do enredo "Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila".
"Teremos uma comissão de frente que vai trazer muita novidade, um carro abre-alas capaz de causar um grande impacto, fazendo movimentos que nunca foram feitos até então na Sapucaí. Além de outras surpresas em várias alegorias", adianta carnavalesco João Vitor Araújo.
Com objetivo de conscientizar o público sobre a importância dos povos originários e da preservação da Amazônia, o Salgueiro, que possui nove títulos e tem como rainha de bateria Viviane Araújo, exalta a cultura do povo Yanomami. Terceira a desfilar, a escola apresentará o enredo "Hutukara", que significa "o céu original a partir do qual se formou a Terra".
"Vamos trazer uma outra ótica da cultura Yanomami. Teremos momentos de críticas ao garimpo ilegal, mas também será um desfile com toda uma beleza, história e cultura de um povo que vive no nosso país mas a gente não conhece", reforça o carnavalesco Edson Pereira. A agremiação também deverá prestar uma homenagem surpresa à memória do puxador Quinho, que faleceu em janeiro.
Campeã em 2022, a Grande Rio aposta na força da cultura tupinambá. Inspirada no livro homônimo de Alberto Mussa, a Tricolor de Caxias tem como enredo "Nosso destino é ser onça".
O povo indígena tem o animal como um símbolo divino e poderoso. A ideia dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad é propor uma reflexão sobre esta simbologia no cenário artístico cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria.
Já a Unidos da Tijuca, do intérprete Ito Melodia, embarca em uma viagem mística sobre a história de Portugal, desde o início de sua formação, passando por diversos momentos da trajetória do país, incluindo a colonização do Brasil e a fé católica.
A agremiação do Borel, que tem como rainha a cantora Lexa, traz o enredo "O Conto de Fados", que, em um jogo de palavras, traz uma ideia de fábula utilizando o nome do principal gênero musical lusitano. "O enredo será dividido em fados, onde cada um deles conta uma parte da história de Portugal", explica o carnavalesco Alexandre Louzada.
"Vamos trazer um compilado de lendas e histórias fantásticas que juntas contam a trajetória e a história de Portugal através de um olhar lúdico, místico e misterioso, contando fatos desconhecido do grande público. Vamos mostrar a verdadeira alma portuguesa e todas as coisas que foram emblemáticas na história do país", completa o veterano.
Atual campeã, a Imperatriz Leopoldinense vai encerrar a primeira noite destacando a cultura cigana. Assim como foi no ano passado, a escola aposta na literatura de cordel para criar uma ficção carnavalesca.
Com o enredo "Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda", a escola busca o bicampeonato a partir da obra do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, publicada há mais de 100 anos.
"A gente transforma este testamento centenário em uma forma de manual carnavalesco para obtenção de boa sorte. Faremos um Carnaval que se debruça sobre a interpretação dos sonhos, com um calendário com dias bons e dias ruins, sobre o universo da astrologia e quiromancia (leitura das mãos). Através de tudo isso, a gente cria uma espécie manual de saberes ciganos que nos guiam a boa sorte", conta o carnavalesco Leandro Vieira.
 
* Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Raphael Perucci