Com enredo Arroboboi, Dangbé, Viradouro vai encerrar os desfiles na SapucaíDivulgação / Viradouro

Rio - Seis escolas vão encerrar a maratona de desfiles do Grupo Especial nesta segunda-feira (12). Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro prometem emocionar a Sapucaí com enredos que apostam principalmente na brasilidade, na representatividade e na herança cultural africana.
Em busca do sétimo título de sua história, a Mocidade, do intérprete Zé Paulo Sierra, abre a noite com o enredo "Pede Caju Que Dou… Pé de Caju Que Dá”, destacando a fruta com muito bom-humor e sensualidade. A escola da Zona Oeste tem como trunfo maior o samba, composto por Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet e outros parceiros, que viralizou nas plataformas digitais.
"As questões sensoriais que envolvem a fruta estarão presentes. Aroma, cor, texturas e muito sabor na Avenida. Vamos fazer um Carnaval para povo, com uma linguagem de fácil acesso e muita interação com público. Tudo isso sem perder o DNA tropicalista e vanguardista que a Mocidade carrega em toda sua história", adianta o carnavalesco Marcus Ferreira
Maior campeã da festa, com 22 títulos, a Portela será a segunda a desfilar. Após o 10º lugar decepcionante no ano de seu centenário, a Majestade do Samba tem como enredo "Um Defeito de Cor". Baseado no premiado livro da escritora Ana Maria Gonçalves, o tema reconta a luta do povo negro, abordando história, ancestralidade e racismo, entre outros temas. O desenvolvimento é dos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues.
Já a Vila Isabel, da rainha Sabrina Sato e do mestre Macaco Branco, aposta suas fichas na reedição de um enredo que foi apresentado originalmente em 1993, "Gbalá: Viagem ao Templo da Criação". Através de uma narrativa fictícia baseada na cultura iorubá, a escola pretende deixar uma mensagem de esperança, apresentando as crianças como guardiãs de um futuro melhor.
Contando a história de um planeta adoecido devido aos estragos causados pelo homem, Oxalá, criador do mundo sob a ótica de religiões de matriz africana, leva crianças para o reino da criação e mostra a elas tudo foi concebido. Ensinando valores como respeito, amor e justiça, as crianças voltarão ao mundo preparadas para espalhar essa mensagem e reestabelecer a saúde do Planeta.
"Vamos levar um enredo significativo, com esperança de curar um planeta que está doente, no sentido de resgatar tudo a inocência e pureza que perdemos. Esperamos que ao final do desfile esses ensinamentos sejam passados e se multipliquem pela humanidade", ressalta o carnavalesco Paulo Barros. O samba é assinado pelo mestre Martinho da Vila.
Quarta a entrar na Avenida, a Estação Primeira de Mangueira, segunda maior campeã do Carnaval, vai reverenciar um dos maiores ícones da agremiação e da história da MPB: Alcione. Amigos famosos da estrela, como a cantora Maria Bethânia, estarão nas alegorias.
Com "A Negra Voz do Amanhã", a Verde e Rosa vai contar a história da artista, passando pelos primeiros passos musicais, ainda em São Luís, no Maranhão, até chegar ao Rio e sua conexão com o Morro da Mangueira. Fé, valores e tradições nordestinas serão retratados.
A Paraíso do Tuiuti será a quinta da noite, com o "Glória ao Almirante Negro!", em homenagem ao marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, em 1910,
Segundo o carnavalesco Jack Vasconcelos, o objetivo é exaltar João Cândido como um grande herói do povo brasileiro. Com inspiração no universo dos quadrinhos, os feitos do biografado serão apresentados em forma de aventura.
"A gente vai fazer um desfile muito carnavalesco e muito sério. Vamos brincar o Carnaval, mas com muita responsabilidade no enredo. João Candido é um símbolo para mostrar que as chibatas ainda estão por aí nos tempos de hoje", analisa Jack.
Fechando o Grupo Especial, a Viradouro, do veterano mestre Ciça, vai levar um "exército" de mulheres negras para contar o enredo "Arroboboi, Dangbé". Em busca do tricampeonato, a agremiação de Niterói vai retratar a simbologia ancestral da serpente e a força que se manifestou desde remotas batalhas na Costa da África e que influenciou as lutas no reino de Daomé, iniciadas pelas sacerdotisas voduns, uma dinastia de mulheres.
O objetivo é mostrar, ainda, a chegada desse culto ao Brasil, com a instalação de terreiros na Bahia por Ludovina Pessoa, responsável por iniciar o processo de perpetuação da crença nos voduns.
"Nós sempre entramos com objetivo de alegrar, impactar os corações e trazer conhecimento. Acreditamos que o Carnaval é um espaço de alegria, mas também da educação. Estamos apostando em efeitos de iluminação, vamos buscar um grande contraste e luminosidade. Peço muita atenção do público para a abertura da escola, pois teremos surpresas relacionadas a luz a ao movimento", avisa o carnavalesco Tarcísio Zanon.