Milton Cunha e Mariana GrossFabio Rocha/TVGlobo

Rio - Mariana Gross e Milton Cunha estreiam no comando do programa "Apoteose do Samba: Carnaval de Lá pra Cá", neste sábado (15), às 14h30, na TV Globo. Com três episódios, a atração - que faz parte da comemoração dos 60 anos da emissora - promove um passeio pelas memórias dos desfiles do Rio, mostra as diferenças do maior espetáculo da terra nas últimas décadas e exibe entrevistas com personalidades do samba.
"Resgatamos imagens de 60 carnavais, cada um no seu tempo, com a sua geração, para o programa. Uma beleza! Nesses 60 anos, aparecem pessoas mostrando o seu talento que já nem estão mais vivas, mostramos como eram as estruturas dramáticas do desfile, como a linha do tempo fez aumentar fantasias, enredos mudarem de estilo, baterias chegarem mais aceleradas", entrega Milton Cunha, que vibra com a profundidade do resgate das imagens que serão exibidas. "O carro do DNA do Paulo Barros, Joãozinho Trinta fazendo Big Bang, explosão do universo... é muito legal!".
Mariana dá mais detalhes do programa. "Diante do aniversário de 60 anos da TV Globo, decidimos fazer uma viagem no tempo e contar, desde o início, essa história de amor entre a emissora e o Carnaval. Ao mergulhar no passado, descobrimos histórias e imagens imperdíveis. Nas entrevistas, também tentamos projetar o futuro da festa. O programa está lindo!", comemora. 
Maior porta-bandeira da história da Portela, Vilma Nascimento, conhecida como "Cisne da Passarela", participará da atração. "Tem muita coisa impressionante, como Dona Vilma Nascimento e Jerônimo dançando, um estilo absolutamente devagar, lento, clássico de mestre-sala e porta-bandeira, ela lembrando do tempo em que era cisne na Sapucaí. É muito impressionante", diz o apresentador. Neguinho da Beija-Flor, intérprete com mais anos de Sapucaí, também será um dos entrevistados. 
O futuro do carnaval também será projetado na produção. "(Ela) mostra a evolução dos quesitos ao longo dos anos. Como eram as baterias e como estão. E as comissões de frente tiveram mudanças radicais! Como o Carnaval cresceu, se profissionalizou… E ainda fazemos uma pergunta: onde a festa vai parar?", analisa Gross. 
'Sou um defensor do talento das comunidades'
Milton comenta que o "Apoteose do Samba" mostra a negritude, o talento popular e a importância de dar lugar de falar as pessoas que têm o talento. "Sou um defensor do talento das comunidades. A gente de fora que é pesquisador, que é aliado, que é branco, a gente ajuda, expõe, homenageia o talento periférico negro das comunidades. E é dessa forma que contribuo. Chamando atenção para o talento absurdo de compositores, de dançarinos, de músicos da periferia, que ocupam o centro da cidade, o sambódromo, para se exibir. Eu sou o voz que bate nessa tecla", conta.
Ao refletir sobre trajetória do Carnaval carioca nos últimos anos e ver toda a evolução, a apresentadora do "RJTV" conta o que mais lhe chama a atenção. "As dimensões atuais me impressionam. A escola tem mais componentes, as comissões têm tripés que mais parecem alegorias. A tecnologia traz cada vez mais inovações para o Carnaval. Não consigo destacar uma só evolução. Tudo é impressionante sempre".

Cunha analisa que, conforme as arquibancadas foram subindo e ficando mais altas na Marquês de Sapucaí, o Carnaval foi subindo junto com carros alegóricos e fantasias. "O som tem melhorado muito, a luz tem entrado como um efeito forte. Então, a escola de samba é uma tradição que não está parada no tempo. Cada vez que uma escola entra para desfilar, ela começa do zero e apresenta suas inovações, que podem ou não serem aplaudidas pelo público. Essa tradição negocia o tempo inteiro com a modernidade. É lindo ver como a escola de samba não é morta, não é parada num museu, numa vitrine, ela é viva", opina.
Trajetória no carnaval
Nascido em Belém, Milton se mudou para o Rio de Janeiro aos 19 anos. Se formou em Psicologia e dez anos depois, incentivado pelo presidente de honra da escola de samba Beija-Flor Anísio Abraão David, fez sua estreia como carnavalesco em 1994. Passou ainda pela União da Ilha, Unidos da Tijuca, São Clemente, Viradouro, Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango. 
Além de viver na pele a correria do pré-Carnaval, os dias dos desfiles e 'pós' da festa popular, ele é um estudioso no assunto. Apesar de ter vivido grandes momentos na Sapucaí, ele não se considera uma pessoa saudosista. "Não sou saudosista porque as pessoas que estão vivas aqui e agora, as comunidades, elas interferem com a sua potência, a sua energia, em tudo isso. Não há tecnologia que abafe a força da comunidade. A escola de samba é de comunidade e eles são soberanos. O samba tem que ser bom, o desfile tem que ser quente, tem que dançar, tem que cantar. E isso não tem tecnologia que abafe".
Ele ainda comenta que, de 2010 para cá, as escolas voltaram a ser comunitárias e só desfila quem ensaia. "Os gringos foram todos colocados na plateia, graças a Deus. Então, a gente tem a potência comunitária. A tecnologia é ótima, o espelho, raio laser, a luz é tudo ótimo, mas a gente quer ver gente desfilando potente, cantando". 
Memórias da infância
E já que a atração vai celebrar a história do Carnaval, bem antes de pensar em ser jornalista e cobrir Carnaval, Mariana carrega sua memória de infância as transmissão dos desfiles na TV. "Eram aqueles momentos em que minha mãe me deixava dormir mais tarde para acompanhar na TV. Eram noites inesquecíveis. A gente cantava os sambas no quarto, dávamos até uma sambadinha! No fim, tinha a lista dos nossos desfiles favoritos e a aposta na campeã!", recorda.
Carnaval Globeleza
Milton e Mariana estarão também nas transmissões dos desfiles do Grupo Especial do Rio. O especialista também vai comentar os desfiles de São Paulo e da Série Ouro carioca. "O carnaval, os desfiles das escolas de samba, me acordam, me dão um gás enorme! Adoro, poderiam ser dez dias que eu ia conseguir. Me preparo descansando bastante, tomando as vitaminas todas, me poupando para estar pleno quando a hora chegar", entrega ele, que estuda muito sobre as agremiações.
"Eu vivo as escolas de samba a partir de junho, julho, e quando chega a hora eu já conheço bem o projeto dos carnavalescos. Então pra mim é natural. Pertenço a esse mundo,  gosto desse mundo. Quero ser um embaixador Globeleza à altura desse desafio. Eu estou pronto, inclusive com figurinos maravilhosos".
Mariana relata como tem sido essa maratona pré-Carnaval, com direito a trabalho intenso nos dias de folia. "Muito trabalho e muita alegria! Quando bate o cansaço, penso: 'Mariana, você espera o ano todo pelo Carnaval. Vai cansar agora? Descansa depois!'. E vou em frente! Eu adoro!", frisa.

No ano passado, a jornalista não foi escalada para a cobertura na Sapucaí. O público sentiu a falta dela e cobrou seu retorno. Na época, mesmo ausente, ela ficou entre os assuntos mais comentados do X. "Confesso que pensei em aproveitar para descansar um pouco e observar de fora, mas não deu. Fui assistir, decidi desfilar e tudo. Estou bem feliz em voltar! É sempre uma alegria para mim, o melhor mês do ano!", conclui.