Rio – Só mesmo o Carnaval carioca para fazer “Zorro” e “Jason” (da franquia de filmes de terror “Sexta-feira 13”) pularem ao som de música sertaneja, trilha sonora do bloco Chora me Liga, que desfilou na manhã deste domingo (16), no Centro do Rio. Segundo a organização, cerca de 100 mil foliões – muitos com fantasias caprichadas na criatividade – estiveram no desfile, que saiu da Rua 1º de Março por volta de 9h20 – a concentração começou às 8h.
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Escalada para animar a multidão, a dupla João Lucas & Matheus cantou músicas que já são tradição no pré-Carnaval do Rio, como “Suíte 14”, “Lepo Lepo”, “Anna Júlia” e “Chora me Liga” – todas, claro, à moda sertaneja.
Desde que o bloco estreou em 2010, eles se apresentaram em 13 oportunidades. E mesmo assim, ainda sentem um certo nervosismo: “Friozinho na barriga sempre vai existir. Mas é até começar. Depois, a galera vem junto”, admitiu João Lucas, comentando a sensação de se apresentar no Chora me Liga: “Todo ano é uma energia diferente. É um evento esperado por nós o ano inteiro”.
Criatividade nota 10
E no meio da galera citada pelo cantor, havia de tudo um pouco em termos de fantasia. Por exemplo, a agente comunitária Iris Brito, moradora do Leblon, de 36 anos, e sua esposa Deborah Lobetti, auxiliar veterinária, de 32, que saíram, respectivamente, como “ketchup” e “mostarda”.
A produção não foi caprichada à toa, já que o Chora me Liga é o bloco preferido delas: "Minha terceira vez aqui, é o melhor bloco do Carnaval. Não perco", vibrou Deborah; “Abrindo o Carnaval com o pé direito”, complementou Iris.
Já Luan Oliveira, segurança, 30 anos, foi ao bloco com a mesma fantasia dos últimos três anos: a de “Zorro”, que, segundo ele, custou R$ 300. O preço, porém, não foi problema maior que a peregrinação para achar todas as peças: “Não encontrei tudo na mesma loja. Fui a umas 12”, lembrou o morador do Grajaú.
E quem disse que vilão não pode curtir a folia? O autônomo Roberto Pereira, 40 anos, da Vila da Penha, garantiu que não teve trabalho para se vestir como o amedrontador “Jason”, apesar dos detalhes: “Comprei e pintei. Coisa simples”.
O casal Gustavo Roma, 41 anos, e Debora Azevedo, 38, por sua vez, preferiu abordar, com bom humor, um tema atual e sensível em suas fantasias. Eles, que moram em Brás de Pina, se caracterizaram como "deportado" e “policial".
Sobre o processo de confecção, ele assegurou que não teve dificuldades. Mas na hora de pular o Carnaval, admitiu um inconveniente: “O bigode está caindo (risos)”.
Calor não perdoou
Enquanto o bloco desfilava pelo Centro, os termômetros já marcavam mais de 30º C, logo nas primeiras horas do dia - assim como na véspera, quando foliões fizeram o espelho d'água do Museu do Amanhã de piscina. Nada que desencorajasse os foliões: “Está calor, não. Carnaval vale tudo”, minimizou o “deportado” Gustavo Roma.
O gerente de loja e morador da Vila da Penha Matheus Tavares, de 26 anos, preferiu enxergar a situação pelo lado positivo: "Melhor sol do que chuva", resumiu ele, fazendo uma pausa no assunto calor para elogiar a estrutura pré-Carnaval em 2025: "Super organizado. Quem viveu Carnaval em outras épocas sabe. A segurança está melhor, a revista para ninguém entrar com objeto cortante. Enfim, muito melhor”.
Para amenizar a sensação térmica elevada, Luan Oliveira, enquanto rodava lojas para montar a fantasia de “Zorro”, não deixou de pensar em como reduzir o calor: "Só ficam as pernas cobertas. E se esquentar muito, é só jogar a capa para trás".
A auxiliar de arquivo Amanda dos Santos, moradora de São João de Meriti, de 26 anos, revelou que diminui os efeitos do calor com hidratação, mas sem abdicar de um outro líquido: “Bebo muita água, além da ‘cachaça’ (risos)”.
A mesma receita foi adotada por Deborah e Íris: "Bastante água e, claro, uma geladinha".
É Carnaval que não acaba mais
O Chora me Liga empolgou a multidão, mas folião que se preza não fica em um bloco só: “Ainda quero ir aos blocos da Ludmila, da Anitta e do Bola Preta. São meus favoritos, sem erro", enumerou a auxiliar de arquivo Amanda dos Santos.
O gerente de loja Matheus Tavares era um dos mais empolgados, com planos já para logo mais: "Tenho ensaio de rua da Mangueira, a maior. E não tenho hora para voltar porque não sou casada (risos)", observou ele, completando: "Por mim, saio sexta, sábado, domingo, segunda... Se tiver que trabalhar, vou depois. Bater ponto lá e aqui no Carnaval".
Deborah e Iris também tinham planos a curto prazo: “Depois daqui, vamos para a praia. Depois, outro bloco e outro. E assim vai”, comentou Deborah. O "deportado" Gustavo e a esposa Debora não ficaram atrás no quesito disposição: “A gente vai sair em quase todos possíveis. Emenda quatro ou cinco no mesmo dia”.
O “Jason” Roberto Pereira também garantiu que pretende sair em outros blocos até o fim do Carnaval. Ele só não deu certeza se vai aproveitar o restante do domingo com a mesma disposição que o personagem que inspirou sua fantasia tem para correr atrás das vítimas nos filmes: “Se estiver em condições, eu vou”.
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