Juliana Alves volta a desfilar na Unidos da TijucaGuilherme Lima/Divulgação

Rio - Juliana Alves está de volta à Unidos da Tijuca depois de sete anos afastada. Ex-rainha de bateria, a atriz, que ocupou o posto de 2013 até 2018, retorna como destaque na abertura do desfile da escola de samba neste ano. A agremiação leva para a Avenida, nesta segunda-feira (2), o enredo "Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita", sobre o filho de Oxum, a água doce, e Oxóssi, o caçador. Este orixá carrega a essência da juventude e a força das tradições e simboliza esperança e renovação.
"A escola vem com esse enredo de fortalecer essas bases e estou muito orgulhosa de ter voltado num ano como esse. A Tijuca vai fazer um dos desfiles mais lindo dos últimos tempos, muito potente. As pessoas, que viram nos últimos anos a Tijuca não estar em posições tão altas no ranking, podem esperar um desfile superior e um espetáculo maravilhoso", opina a artista.

No ar como  Cida em "Volta por Cima", da TV Globo, a atriz conta que vive uma fase "maravilhosa". "No ano que saí foi por questões da escola mesmo. É muito difícil você simplesmente continuar e se readaptar depois de tanto tempo na função de rainha de bateria. Foi um afastamento necessário e importante para mim e para a escola. Hoje estou vivendo uma coisa maravilhosa, mas sempre me lembro o quão é difícil estar no Carnaval. Essa distância também foi importante para eu me dedicar a outras coisas", conta a artista, que teve uma "ampliação" na carreira.
"Pude trabalhar no streaming, com novos diretores, com empresas diferentes, atuando como apresentadora também, foi super importante. Às vezes a gente não faz as coisas por vontade própria, minha saída da escola não foi por vontade própria, mas às vezes acontece como se fosse o universo cuidando para que você esteja livre para fazer outras coisas maravilhosas que vierem", acredita.
Apesar de desfilar em outras agremiações, a relação de Juliana com a Unidos da Tijuca e com o presidente Fernando Horta se manteve boa. "As pessoas me viam de longe torcendo pela escola e percebiam que não vinha rainha de bateria de outra escola de samba. Desfilei na ala amigos do Martinho, na Viradouro no ano que ela foi campeã, no Salgueiro porque é uma escola que eu frequentava também. Mas sempre me esquivava dos convites com mais compromissos, porque sabia que voltaria para a Tijuca. Já estava nos planos e o convite oficial para voltar a frequentar e fazer parte da escola veio no ano passado e aí eu voltei".
Segundo ela, Horta a convidou para ir ao barracão em janeiro do ano passado e falou que a comunidade sentia falta dela. "Ele disse que achava que seria legal eu voltar a me aproximar da escola como tijucana mesmo, sem nenhum posto, nem nada. Porque a Tijuca tem essa característica família. A gente tem uma identificação grande com o bairro e ele sabe que eu morava na Tijuca. Foi um convite de 'volta para casa'. Fiquei feliz, mas estava me dedicando a outras coisas naquele momento, me pegou de surpresa", recorda.

Em setembro, ela anunciou o retorno à escola e foi bem recebida pela comunidade. "É um reencontro que eu sabia que seria feliz, porque não fazia sentido eu estar longe da escola. Mas não imaginava viver isso com tanto entusiasmo, felicidade, carinho e gratidão. Não tem muito a ver com a coisa da celebridade, é como uma relação de família, é essa sensação que tenho com as pessoas da comunidade. É uma relação de afeto. Foi muito importante para ter certeza que realmente eu voltei para ficar e também para eu me sentir segura", comemora Alves.
Com a saída de Lexa do posto de rainha de bateria após ter complicações da gravidez e depois a perda da filha, que nasceu prematura, a Unidos da Tijuca optou por não colocar ninguém no cargo. Por enquanto, a escola do Borel não comunicou se a artista seguirá no próximo ano e nem anunciou um novo nome.
Apesar de ter experiência e carinho da comunidade, Juliana prefere viver o atual momento sem fazer planos sobre voltar ou não para o antigo posto. "Vir abrindo o desfile da escola é um friozinho na barriga diferente, é uma posição de muita honra. Estou na frente do desfile, então tem um tom diferente na apresentação, é uma dança que, a meu ver, como artista, tem uma direção diferente. Na carreira, tudo o que faço na vida, não fico projetando coisa que não está ali no meu alcance, vivo o momento intensamente. Agora estou vivendo um dos momentos mais lindos da minha vida no Carnaval, que é apresentar a minha escola até mais do que na época que eu era rainha porque tem esse sabor da volta".
A artista analisa que a escola de samba é uma organização, que tem necessidades e cada diretoria vai julgar aquele momento que vai ser necessário ou não e como resolver as questões. "Hoje tenho muito compreensão do que tinha naquela época que deixei a escola. Nós não precisamos concordar com tudo... Existe uma diversidade de pensamento ali que é super positiva", complementa.
Motorista de ônibus em novela
No folhetim de Claudia Souto, Juliana interpreta a motorista de ônibus Cida e conta que a novela lhe exigiu muito estudo de texto e atenção. "A Cida tem essa característica muito popular até porque ela representa uma figura ali do ônibus, que é um ambiente que a população conhece muito bem, que as pessoas usam cotidianamente para trabalhar, até como transporte público. As pessoas se identificam com o jeito dela falar, a maneira que ela age com os colegas de trabalho e, ao mesmo tempo, por ser uma motorista mulher, você sabe que não é a maioria. É uma personagem que me permite hoje trabalhar nuances diferentes, coisas que nunca tinha feito em outras novelas. Quando saio nas ruas vejo que é uma personagem muito querida. As pessoas brigam com quem faz mal para a Cida", entrega.