Guilherme Leonel e Carol Nakamura falam sobre a volta de seu filho adotivo, Wallace, para a mãe biológicaReprodução / Instagram

Rio - Carol Nakamura e o marido, Guilherme Leonel, usaram as redes sociais para informar aos seguidores que o filho adotivo, Wallace, de 12 anos, voltou a viver com sua mãe biológica. Segundo o casal, a decisão partiu do próprio menino, que estava morando com os dois enquanto aguardava a finalização do processo de adoção.
"Recebo diariamente mensagens e comentários sobre 'cadê o Wallace?'. Gostaria de pedir respeito, pois a dor do outro, nunca sabemos. E evito falar sobre, pois só eu sei o quanto isso me frustrou e tirou meu chão! Apesar de ser uma escolha dele, uma vontade dele (tinha quase 12 anos, já escolhe o que quer). E a partir do momento que o documento dele consta a mãe biológica, quem manda ou não, é a mesma", desabafou Guilherme. 
"Sempre falei que posso ter 5 filhos, mas nenhum me amaria como o Wallace ou eu amaria como amo o Wallace. O sentimento, é que um pedaço de mim foi embora, e fica um vazio. Mas, precisamos respeitar! Nem sempre o melhor para nós, é o melhor para o outro", completou.
Carol, por sua vez, também se pronunciou no Instagram, através de mini vídeos publicados nos stories. "Sempre foi muito amado e ele tem consciência disso. Ele tem uma mãe biológica. Uma criança que cresce sem regra, é muito difícil... Por mais que você mostre os benefícios da educação, alfabetização, ter uma família, casa, oportunidades (o que ele não tinha antes), é complicado e decepcionante. Não estava acreditando que isso ia acontecer", contou.
"Tive que respeitar a vontade dele. Wallace estava safado. Ele já tinha entendido que eu não tinha a guarda dele. Se a gente brigasse ou colocasse de castigo, ou chamasse a atenção, ele queria ir para a casa da mãe. E se a mãe fizesse o mesmo, ele vinha para cá. E nisso, faltando aula. Sem vergonha. A gente sempre sentou e conversou demais, mas infelizmente foi isso. Já chorei, fiquei sem entender, mas não adianta. O que me resta é aceitar. É um assunto que me incomoda muito. Fiquei me perguntando onde errei, o que fiz de errado."
"Eu amo o Wallace, mas ele tem 12 anos. Perante a Justiça, a palavra dele já vale. Não tenho a guarda dele. Me prometeram várias vezes e não me deram. Eu tinha acabado de renovar a lista de material, fiz ele escolher os cadernos. Quando eu era mais nova, não tinha grana, era tudo muito básico. Deixei ele escolher tudo e foi isso... Comprei uniforme... É triste", finalizou, visivelmente abatida.

ADOÇÃO

O menino foi retirado pelo casal do lixão de Jardim Gramacho — o maior da América Latina e fechado, oficialmente, há 10 anos — localizado em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, no final de 2019. Por conta da pandemia, o processo de adoção precisou ser pausado e com isso, os dois teriam direito apenas à guarda provisória da criança.

Na época, Wallace estava com 9 anos de idade e nunca havia frequentado a escola. O menino precisou ser inserido no âmbito escolar pelo método remoto e passou por um longo processo de adaptação. "Ele tinha acabado de entrar para a escola. Antes disso, ele nunca tinha ido para uma. Ele estava superanimado e aí, teve essa questão da pandemia e de ter que ficar em casa", contou Carol em uma entrevista para a Quem.

"Diferentemente de uma criança que já vem sendo alfabetizada, ele começou do zero. O dever de casa não era comum, que você só dá o direcionamento. Tem que ensinar o alfabeto antes. Foi um processo longo, mas graças a Deus ele está evoluindo bem", afirmou.

A atriz também havia dito que o menino não rompeu o contato com a família biológica e visitava a mãe quando queria. "Wallace não teve hábitos e regras. É difícil que ele goste de rotina. Recentemente, a mãe dele saiu do hosptal e ele pediu para passar um período. Eu autorizei, claro, porque minha guarda é provisória. Quando uma criança é adotada mais velha, há esse vai e volta, mas amor tem que superar."

"Wallace está em uma idade em que a opinião dele conta. Ele passa um período lá, volta... A gente já aguarda pela guarda permanente há três anos, mas confesso que estou um pouco desesperançosa. Da última vez, ele quis ir para ficar lá e ficou por três meses. Antes, o meu combinado era que ele fosse visitar."