Rio - Zélia Duncan, de 59 anos, recordou o rompimento da amizade com Rita Lee, que morreu aos 75 anos em 2023, devido sua entrada na banda Os Mutantes, em 2006. A cantora explicou que foi convidada por Sergio Dias, guitarrista da banda, e do irmão dele, Arnaldo Baptista, para participar do grupo e fazer uma turnê com o grupo após uma negativa da rainha do rock brasileiro. Mas antes de aceitar, a dona do hit "Catedral" contou que consultou a artista, que a apoiou na época.
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"Jamais desejei cantar nos Mutantes. Não sou louca. Olha a minha voz, olha a voz da Rita, uma grave, outra aguda", contou. "Ele [Sérgio Dias] me convidou para cantar com a banda em Los Angeles, Nova York e São Francisco. Fiquei desesperada. Convidaram a Rita, ela não quis. E estavam procurando uma cantora", disse Zélia em entrevista para Tati Bernardi, no canal Universa.
Após o convite, Zélia ligou para Rita, que considerava uma amiga. "Eu realmente achava que a gente era amiga. Nós fizemos Pagu juntas, uma música que muito me orgulha. Cantei com a Rita várias vezes em shows dela, e para mim, era uma imensa honra. E a gente se falava, passamos um monte de coisas legais", disse ela. A cantora atendeu a chamada. "Peguei o telefone, ela atendeu. Eu disse: 'Rita, recebi esse convite, mas quero saber como é para você. Porque se for estranho para você, realmente eu não vou'. Ela esperou uns três segundos e falou essas palavras: 'Vai, você vai se divertir com os manos'", relembrou.
"Eu até pensei: que legal ela falar assim, 'com os manos', porque eu sei que, com motivo e razão, ela teve uma mágoa com eles lá nos anos 70. Mas a Rita é a rainha do Brasil, do pop brasileiro. Ela abriu todos os caminhos, é uma luz na vida da gente. Tudo que ela fez, ela revolucionou. Tudo ela fez em altíssimo nível. E assim foi. Ela falou 'vai', e eu fui. Alguns meses depois, ela foi sumindo, sumindo, e sumiu de mim. Parou [de falar comigo]. Tentei [procurá-la], até um certo ponto, óbvio que respeitei", destacou.
A cantora disse que Rita também se afastou de outros amigos e que o rompimento da amizade foi doloroso. "Tem muitos amigos da Rita que perderam o contato com ela. Era dela, ela quis ficar mais com a família e com outros amigos, ela tem todo o direito... Doeu? Doeu. Dói? Dói até hoje. Mas a vida se impõe, e eu vou prestar homenagem para a Rita até eu morrer. Curada essa dor na coisa mais aguda dela, o que fica é a menina de 12 anos que pediu para mãe o primeiro vinil, e esse vinil era 'Fruto Proibido'. E ela vai ser sempre para mim o que ela sempre foi como artista e como mulher. Lamento imensamente, eu até queria fazer com ela a resposta para a 'Pagu'. Ficam as músicas. Sou muito tranquila em relação ao que eu podia fazer. Acho que fui amiga dela até quando ela permitiu", finalizou.