TieeAgência Brasil

Rio - Com mais de 20 anos de carreira, Tiee é um dos grandes nomes da atualidade do samba e do pagode. Responsável por sucessos gravados por nomes como Péricles, Jorge Aragão, Thiaguinho e Belo, o artista comemora o lançamento do projeto "Subúrbio no Engenhão Vol 1 (Ao Vivo)", que reuniu 10 mil pessoas e arrecadou 10 toneladas de alimentos para a ONG Papo Reto durante a gravação que ocorreu em junho no Galpão do Engenhão. Em entrevista ao MEIA HORA, o cantor explica o desenvolvimento e a importância do projeto, além da experiência de participar da cerimônia de premiação do Grammy Latino 2024. 
- Tiee, você acaba de lançar "Subúrbio no Engenhão, Vol 1 (Ao Vivo)". O que esse projeto representa para você?
Esse projeto representa muito para mim. É um projeto que sempre esteve no meu coração e é onde eu reencontro tudo que sempre gostei nos pagodes do subúrbio. Me lembro de onde tudo começou.
- O show foi realizado no Galpão do Engenhão e reuniu quase 10 mil pessoas. Como foi a experiência de gravar o DVD em um ambiente grandioso e com tanta energia do público?

Tenho uma história com aquele lugar, pois sempre toquei nos pagodes que eram realizados no galpão do Engenhão e graças a Deus sempre reuni muitas pessoas. Quando surgiu a ideia de gravar um pagode ali, eu fiquei muito feliz. Confesso que me emocionei quando subi no palco, no dia da gravação, e vi milhares de pessoas presentes para curtir um pagode comigo, do jeito que a gente gosta. A energia foi tão intensa naquele dia, que levei algum tempo para entender tudo que vivemos ali.
- Além da música, o evento teve um impacto social, arrecadando mais de 10 mil toneladas de alimentos para o Complexo do Alemão. Como essa ação social se conectou com a proposta do "Subúrbio"?
Sempre pensei que seria um projeto para trazer alegria para o povo e quando surgiu a ideia de arrecadar alimentos, isso se conectou diretamente com a minha vontade de também levar alimento para a mesa de quem precisa. Junto com meu amigo Raul Santiago e o Instituto Papo Reto, conseguimos juntar essas 10 toneladas de alimentos. Ver toda a equipe do Instituto cuidando das doações, desde carregar, embalar e distribuir de casa em casa, me encheu de orgulho, pois pude ver que tínhamos alcançado o objetivo.
- O que você espera que o público leve dessa experiência, tanto no palco quanto fora dele?
Espero que todo o público que esteve lá e esteja assistindo o audiovisual, consiga sentir todo amor, comprometimento e entrega daquele dia. Foram muitas noites pensando em todos os detalhes para entregar a eles o meu máximo, a minha verdadeira essência.
- O repertório do audiovisual inclui faixas com participações de Dilsinho e Mumuzinho. Como foi o processo para chegar ao nome desses artistas?
Todos que estão ali são meus amigos. A gente se ama. Eu sou conectado com eles e todos têm uma história comigo. Estar com estes amigos é sempre um prazer muito grande.
- O volume dois do projeto está previsto para 2025. O que os fãs podem esperar dessa continuação e das novas colaborações com artistas como Xande de Pilares e Diney?
Esperem muito pagode para pagodeiro. Muita entrega, muita energia, tanto no palco quanto do público que estava lá. No volume dois, temos musicas autorais e muito samba pra gente curtir com os amigos, assar uma carne e viver bons momentos.
- O projeto "Subúrbio" nasceu da sua vontade de ficar mais tempo no palco, tocando e improvisando. Como essa liberdade de improviso é incorporada nas suas apresentações ao vivo e no novo audiovisual?
Normalmente, nas nossas apresentações, temos um horário a cumprir e com isso deixamos de cantar uns sambas que muita gente pede nessas apresentações. Quando temos mais tempo, a gente consegue tocar o que vem na cabeça, tudo que a gente realmente gosta e aprendeu nas rodas de samba.
- O álbum "Subúrbio (Ao Vivo)" recebeu uma indicação ao Grammy Latino 2024 e teve mais de 63 milhões de reproduções. Qual o impacto dessa repercussão na sua carreira e no seu processo criativo?
Essa indicação tem um impacto muito grande na minha caminhada. São muitos anos fazendo música, tocando para levar o sustento para casa. Tanto para os meus como para toda a equipe que está comigo na estrada. Eu sempre tive um jeito de fazer música e ver essa música chegar do outro lado do mundo, me deixou muito orgulhoso de tudo que estamos construindo, acreditando no som para emocionar.
- O "Subúrbio" tem uma mistura de samba, pagode e outros estilos. Como você define seu som e o que ele representa para a cultura do subúrbio carioca?
O meu subúrbio é um pagode para pagodeiro. É aquele pagode que a gente vai e canta de olhos fechados, braços abertos e batendo no peito. O 'Subúrbio' é um pouco daquela música: "Saí para curtir um som/ Por isso é que eu estou aqui/ E papai do céu é bom e cuida de mim/ Saí pra curtir um som /Não deu para curtir só um/ E junto com meus irmãos já 'tô' a Bangu" (letra de "O Som do Tambor").