Rio - Dia cheio no Rock In Rio nesta sexta, e repleto de gente extremamente carismática no palco — fechando justamente com um show do Bon Jovi bem melhor que o que a banda deu no Rock In Rio de 2013. Jon Bon Jovi voltou com formação completa (Tico Torres na bateria, ausente naquele ano) e finalmente trouxe o guitarrista Phil X devidamente integrado ao grupo. À exceção da ausência da romântica 'Always', berradíssima pelos fãs ('Never Say Goodbye' também não rolou, aliás), ninguém teve do que reclamar.
O grupo passeou por todas as suas fases, mostrou músicas novas e boas ('Rollercoaster' e 'This House Is Not For Sale' já estão na boca da galera) e fez admiradoras chorarem com uma versão acústica de 'Someday I'll Be Saturday Night'. O som do Palco Mundo, sempre problemático, colaborou reduzindo o número de falhas - que atingiram mais a guitarra de Phil X.
Antes de Bon Jovi, teve Tears For Fears. Piadas do tipo "TFF, fazendo a alegria dos taxistas", "patrocínio da JB FM", rodaram as redes sociais e não deram conta do fato de que foi um dos melhores shows do festival. Só hits, acrescidos de duas grandes músicas do disco mais recente lançado pela banda (e que saiu há treze anos, 'Everybody Loves A Happy Ending') e uma série de canções do primeiro disco, o pós-punk 'The Hurting', de 1983.
O público cantou junto com 'Everybody Wants To Rule The World', 'Shout' (esta, no encerramento) e 'Mad World', emocionou-se com 'Head Over Heels', relembrou 'Breaking Down Again', impressionou-se com 'Creep' (Radiohead)... Curt Smith e Roland Orzabal, a dupla do TFF, surpreendeu pela técnica vocal mantida quase intacta após anos. Não teve 'Woman In Chains' porque a banda está sem backing vocal feminina.
Voz: o grande problema do principal show do Palco Sunset. Ney Matogrosso parecia um tanto desinteressado em falar sobre a apresentação que fez com a Nação Zumbi há alguns meses, quando bateu um papo com O DIA. No palco, a união de Ney e NZ em prol de um repertório que incluiu músicas dos Secos & Molhados, não caiu bem e soou, de fato, desinteressante.
O repertório excelente (que incluía ainda 'Refazenda', de Gilberto Gil, e músicas do cantor e do grupo) não foi bem prenchido musicalmente pela banda. Ney (voz afinada e aguda) e Jorge Du Peixe (voz grave e vacilante), vocalista da Nação, soavam desencontrados quando cantavam juntos. Quando Ney tentava entrar nas músicas da Nação, encontrava-se sem espaço. Do Secos.rolaram músicas como 'Mulher Barriguda', 'Delírio', 'Fala', 'Sangue Latino' (cadê o riff de baixo?) e 'Rosa de Hiroshima'.
Abrindo o Palco Mundo, Jota Quest prestes a lançar disco acústico, soltando a boa balada romântica 'Pra Quando Você Se Lembrar de Mim' e, na boca do vocalista Rogério Flausino, fazendo discurso contra canalhas da política. "A gente não está satisfeito com tudo o que está acontecendo em nosso país.
Ninguém está satisfeito com o que está acontecendo no Rio de Janeiro nas comunidades... A paz é mais importante do que todos os motivos que esses canalhas têm para passar a mão na nossa grana", disse. Um show para convencer detratores e não-fãs: reuniu uma multidão perto do palco e, mesmo a turma que esperava o show de Ney Matogrosso no Palco Sunset, ouvia de longe e cantava junto. Carisma e musicalidade de sobra, capazes de impressionar até quem não curte a banda. E vários hits: 'Na Moral', 'Amor Maior', 'Do Meu Lado', 'Fácil'.
O dia teve também destaques como o show da banda Baiana System, o Grande Encontro com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo e, formada por ex-integrantes do pós-grunge Creed, a banda Alter Bridge surpreendendo com um hard rock nota seis, mas convincente e competente.