Ana Hikari como a vilã Mila, na novela Família é TudoLéo Rosario / TV Globo

Rio - Viver uma vilã pode ser um desafio, mas também uma grande diversão. É assim que a atriz Ana Hikari, que começou a carreira na televisão, em 2017, como a adolescente Tina, em "Malhação - Viva a Diferença", vê a sua personagem em "Família É Tudo", atual novela das sete da Globo.

"É muito divertido pensar e agir de maneiras que provavelmente nunca pensaria. A Mila tem uma moral duvidosa e gosto de brincar disso, sem julgá-la, porque quanto maior o julgamento, maior a minha dificuldade para fazer com verdade as suas cenas", explica a atriz, que vê o trabalho como um presente.

"Quando soube que faria a Mila, uma vilã, dupla do vilão sênior da novela, vibrei de felicidade! Meu maior objetivo como atriz sempre foi ser vista para além dos papéis estereotipados pela raça, e sinto que a Mila foge totalmente de qualquer estereótipo racista. Me orgulho muito disso", avalia a atriz, cuja mãe é japonesa.

A secretária Mila é amante do ambicioso Hans, interpretado por Raphael Logam. A artista diz que os dois personagens são desafiadores e cativantes, e que tem aprendido diariamente com o ator. "Ele é um ator experiente e conversamos muito sobre como um pode ajudar o outro em cena. Amo muito essa dupla de vilões e torço para mais emoções entre eles", revela.

A atriz comenta, ainda, que se diverte não só com as cenas de Mila, mas também com a recepção do público, em especial os internautas. "Acho fantástico eles produzirem vídeos, memes, piadas em cima de tudo que acontece nas tramas das novelas/séries. Adoro me envolver, ver o que estão falando, rir junto com eles das maluquices. É uma delícia essa relação", comenta.

Início 
Ana Hikari estreou na telinha em "Malhação - Viva a Diferença", 25ª temporada da série que marcou por mais de duas décadas as tardes na TV. A edição foi um sucesso de audiência e venceu o prêmio Emmy Kids Internacional 2018.

"'Malhação' foi uma escola para mim, assim como para muitos atores. Quando cheguei no primeiro set de gravação, não tinha tanta experiência com câmera. Foi maravilhoso poder aprender junto com outros atores e atrizes que também estavam começando", comenta a artista, que atuou como protagonista ao lado de Heslaine Vieira, Manoela Aliperti, Gabriela Medvedovski e Daphne Bozaski, com quem divide algumas cenas no trabalho atual.

Segundo Ana, as atrizes mantiveram o contato, mesmo após o fim da trama, que ganhou uma continuação com o nome de "As Five", no serviço de streaming da emissora. "Foram muitos anos trabalhando juntas, criamos um vínculo profissional cheio de cuidado, carinho e respeito. Até hoje trocamos contato, porque sempre foi uma relação diária intensa durante as gravações. Tenho muito carinho e orgulho desse trabalho que construímos juntas", diz.

"Malhação - Viva a Diferença" narrou os dramas e dificuldades de cinco estudantes de um colégio em São Paulo. A personagem de Ana era uma jovem descendente de japoneses, filha de uma mãe conservadora, que tinha o sonho de se tornar uma artista gráfica.

Primeira atriz de origem asiática a protagonizar uma novela na Globo, ela reforça a importância da representatividade na televisão. "Trazer a diversidade de narrativas para as telas faz com que as pessoas entendam que o mundo é diverso e que esses preconceitos são uma besteira que devem ser deixados de lado. É uma maneira de fazer grupos invisibilizados serem vistos, reconhecidos e respeitados".

Trajetória 

Ana começou no teatro aos 12 anos, influenciada pelo contato com a arte desde criança. "Quando era filha única, meus pais me levavam muito ao teatro e museus como forma de lazer. Passava o fim de semana inteiro vendo peças de teatro, lendo livros, visitando museus. Era uma delícia. Acho que essa influência artística desde pequena me fez escolher seguir a carreira de atuação já mais velha", lembra.

De acordo com a atriz, os pais sempre a apoiaram na decisão de seguir a carreira, mas, por gostarem da arte, sabiam das dificuldades que a filha poderia enfrentar. "Eles me incentivaram a buscar outros cursos na escolha do vestibular, mas, no fim das contas, não teve outra, acabei escolhendo artes cênicas mesmo. E eles sempre apoiaram minha decisão final, o que pra mim foi muito importante, porque é muito difícil ser artista no Brasil quando temos pouco suporte do governo, da família e do público".

A artista, que nasceu em São Paulo, faz questão de reservar momentos para andar de bicicleta, ler livros e ouvir podcasts, e faz planos para além da televisão: "Tenho o sonho de fazer um filme nacional e, no futuro próximo, alçar voos em carreira internacional. Já sou fluente em inglês, espanhol e falo francês, então, tenho muita esperança de encontrar também esse desafio de atuar em outras línguas."