Luisa Arraes comemora primeira vilã na carreiraCatarina Ribeiro / Divulgação

Rio - Luisa Arraes, de 30 anos, tem roubado a cena em "No Rancho Fundo", novela das seis da TV Globo, como Blandina, sua primeira vilã na carreira. Filha de Dona Castorina (Fátima Patrício) e amante de Marcelo Gouveia (José Loreto), a personagem já provou que está disposta a tudo para ter uma boa vida. Conhecida por trabalhos em novelas como "Babilônia" (2015) e "Segundo Sol" (2018), além de séries e filmes, a atriz se mostra radiante com o papel do folhetim de Mario Teixeira e com os elogios que tem recebido dos internautas. 
"Tenho ficado muito feliz, porque é uma personagem que eu gosto muito de fazer. É uma honra. Cada dia que estou com ela, eu aproveito. Acompanho (a repercussão) no Twitter (atual X), nas redes sociais e também nas ruas, muito. Outro dia estava andando na rua, e alguém bateu no meu braço e falou: 'Estou de olho em você, hein?'. Adoro, porque esse é o nosso feedback. Essa é a nossa plateia. Então, saber o que estão pensando, o que estão achando, é o maior barato. Gosto de acompanhar na internet, mas também gosto de acompanhar na rua", declara a artista. 
Apesar de fazer muitas maldades, Blandina tem um lado humano e bem divertido. Com isso, há quem, ao invés de odiar, ame a personagem. A atriz admite que é uma dessas pessoas. "Quando faz uma vilã, você não sabe se você quer ser amada ou se você quer ser odiada. Mas eu amo essa personagem e acho que ela está sendo amada. As pessoas entendem o lado humano dela. A trilha dela com a mãe, com a amiga, como ela sofre. Ela é muito atormentada. Isso é humano, dá compaixão. Não é uma vilã fria, calculista, psicopata. Ela é humana e quando uma pessoa humana mostra a sua fragilidade, mesmo fazendo maldade, a gente fica do lado dela", acredita Luisa, que cita a complexidade da personagem. 
"A Blandina é uma das melhores personagens que já vi. Ela é muito incrível. Adoro uma fala que ela diz que a alma dela é como uma turmalina paraíba. Realmente, tem uma coisa muito incrível que é a complexidade que há dentro dela. Ela é muito humana, tem culpa, tem laços, amor, mas ela também tem maldade, ambição. Estudo sempre com essas camadas", destaca.
Questionada sobre o que tem em comum com a noiva de Zé Beltino (Igor Fortunato), Luisa reflete: "Não sei dizer exatamente, mas é claro que ela também sou eu, né? Claro que tem muito ali... Todo personagem que a gente faz, a gente coloca algum lado nosso. Mas eu não sei essa pergunta sobre o que tem em comum, o que não tem em comum... É mais difícil de responder. Mas eu gosto dessa coragem que ela tem de assumir todos os lados. Não sei se eu tenho isso, mas é uma coisa que eu admiro nela".
Além da atuação impecável, Arraes tem chamado a atenção do público devido a sua beleza e boa forma, já que a personagem usa vestidos curtos e lingerie na trama. As curvas perfeitas são resultado de muito treino. "O figurino da Blandina é sexy. Ele é o mais diferente de mim que eu já usei, acho. Comecei a malhar mesmo para fazer o 'Grande Sertão' e não parei mais. É exercício físico mesmo, não tem nada muito além disso. Mas eu gostei de ficar forte assim. Comecei a fazer levantamento de peso olímpico e aí ficou com esse corpo mais forte".
Trabalho em família 
No filme "Grande Sertão: Veredas", em exibição nos cinemas, Luisa dá vida a Diadorim, que finge ser homem, após interpretar a personagem durante sete anos no teatro. "É uma personagem muito marcante. Trouxe muito da bagagem do teatro, mas foi um encontro com um masculino muito importante para mim. Foi a primeira vez que eu fiz aula de tiro, aprendi a lutar, que morri, porque são coisas que só são dadas para personagens masculinos. Quando é um personagem feminino, é cheio de medo, é mamãe ou uma filha, elas não enfrentam a guerra. Então, um personagem feminino que enfrenta a guerra me mudou para sempre. Esse corpo também pode ser o corpo mais violento do bando. Incrível". 
No longa, a atriz contracena com o marido, Caio Blat, e é dirigida pelo pai, Guel Arraes. "Foi muito emocionante. Foi uma história que a gente conta há sete anos, eu e Caio no teatro. Depois fizemos o filme do meu pai. É muito bonito. (Trabalhar em família) tem a dor e a delícia. Facilita porque a gente ensaiou muito na pandemia e dificulta porque tem que ser a mais caxias, a mais concentrada, e ele (Guel) também. A gente tinha essa responsabilidade". 
Transe
Em "Transe", filme que mistura de ficção e documentário, Luisa interpreta uma atriz que vive com seu namorado músico, Ravel (Ravel Andrade), e após conhecer Johnny (Johnny Massaro), os três vivem um relacionamento baseado no amor livre. Rodado durante a campanha dos presidenciáveis de 2018, o longa também aborda política, já que a jovem se depara com a possibilidade de um candidato de extrema direita chegar ao poder.
"Um dos filmes mais importantes da minha vida... É um filme que mistura muito as nossas vidas também, fala de amor, de política e das dificuldades de você ter algum tipo de autenticidade e mudar coisas tão enrijecidas. Então, são jovens que estão tentando ver o que eles podem fazer de diferente, é muito bonito", opina. 
'Busco coisas que me colocam no tempo da vida'
Para manter a saúde mental em dia em meio a tanto trabalho, Luisa recorre a práticas como a leitura. "Uma das coisas que obriga a gente a descansar, a pensar, a imaginar e a amar é a leitura. A leitura tem outro tempo. Então, busco coisas que me colocam no tempo da vida. A praia, a leitura, olhar uma árvore se mexendo, voltar para o tempo da vida, esse tempo acelerado vai acabar matando a gente", conta a atriz, que revela quem é longe dos holofotes. "Sempre querendo contar alguma história, fazer peça, estar com os meus amigos e ter coragem de enfrentar a vida, pois ela tem para oferecer de bom e difícil né? Acho que é isso".