Rio - Após fazer sua estreia em novelas em "Renascer (2024)", Adanilo, de 33 anos, interpreta o personagem Sidney, um motorista de ônibus e melhor amigo do protagonista Jão (Fabrício Boliveira), no novo folhetim das 19h da TV Globo, "Volta por Cima". Natural de Manaus, no Amazonas, o artista celebra o bom momento profissional e comenta a visibilidade que ganhou neste ano.
"2024 tem sido bastante transformador, e acredito que isso se dá por conta da projeção que participar de novelas te dá. Ter feito 'Renascer' fez com que eu me tornasse mais conhecido para o grande público, e agora, com 'Volta por Cima', eu imagino que seja uma espécie de cereja do bolo para, de alguma maneira, me efetivar no imaginário das pessoas que assistem televisão no Brasil", conta o ator.
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Apesar de não estar no roteiro desde o início, o artista conseguiu sugerir que seu personagem - assim como ele - fosse natural de Manaus. "Consegui propor que ele tivesse essa descendência manauara... Estou conseguindo incorporar gíria, comportamento, alguns adereços, roupas e referências diretas ao Amazonas. Acho isso muito importante e tem sido muito legal poder trabalhar dentro disso. Sou muito agradecido a Claudia Souto (autora) e ao André Câmara (diretor artístico) por terem abraçado isso", celebra o artista.
Além da origem manauara, o ator vem da periferia e já teve um grupo de pagode amador, assim como o Sidney. "Muitas identificações", analisa Adanildo, que se mostra radiante com o fato de poder viver um papel mais 'leve', já que normalmente interpreta trabalhos mais 'densos'.
"Ele toca numa roda de samba, participa de um grupo de bate-bolas. É um cara muito descontraído, atento a tudo,aberto, companheiro, parceiro. E tem sido muito bonito gravar a novela muito por conta disso, é um personagem realmente muito leve [...] Tenho conseguido viver dias mais tranquilos do que em outros trabalhos, realmente. [...] Acho que tirando esse trabalho atual, os outros foram abordando assuntos mais sérios, com conteúdos mais densos", reflete.
Diversidade
Adanilo, que também é diretor e roteirista, busca 'quebrar o estigma' contra o povo originário em seus trabalhos. "Eu sou um homem indígena, nascido e criado na periferia de Manaus e é isso que eu quero mostrar também, um pouco dessa diversidade, essa quebra de estigma do que é ser indígena no Brasil".
O ator ainda comenta a importância dos papéis para os conterrâneos, mas analisa que são poucos os personagens do Amazonas e indígenas que aparecem nas telinhas. "Eu volto para Manaus e a recepção do público é muito calorosa, no sentido de: 'nossa, que incrível que tem um manauara lá (na novela)...A gente está interessado em se sentir representados na tela. É um lugar de ocupação que desejo que aconteça cada vez mais. Infelizmente, ainda é mínimo o espaço que estamos ocupando", lamenta.
Com trabalhos em filmes como "Marighella (2019)", "Noites Alienígenas (2022)", "Ricos de Amor (2023)", e nas séries "Segunda Chamada (2022)", "Um Dia Qualquer (2020)", "Dom (2021)" e "Cidade Invisível (2021)", ele também impressiona ao surgir com visuais distintos em seus personagens, com diferentes cortes e cores de cabelo. "Um dos baratos da nossa produção quanto ator, de fato, é isso, poder se apresentar de maneira diferente para o mundo. Eu acho muito, muito, muito legal isso".
"Renascer"
Apesar de colecionar trabalhos em filmes e séries, "Renascer (2024)", dirigida por Gustavo Fernández, foi a primeira novela de Adanilo, em que interpretou o personagem Deocleciano na primeira fase, quando ele era jovem. De acordo com o artista, foi uma 'experiência muito emocionante'.
"Este ano, por fim, fiz novela, que era o produto que estava faltando desses produtos mais conhecidos do audiovisual. [...] Foi muito forte, muito mesmo, tanto que eu demorei a desapegar da novela, eu ainda estava super atrelado a 'Renascer', eu já estava participando de 'Volta por 'Cima', já estava trabalhando na preparação, já conhecia os atores, conhecia a parte da equipe dessa nova novela que estou fazendo, mas a minha mentalidade ainda estava lá em 'Renascer', porque acho que foi uma experiência muito emocionante", declara.
Projetos futuros e estreias
O artista, que começou a trabalhar nos palcos e no cinema em 2011, pretende lançar um livro com peças de teatro que escreve desde 2013. Além disso, está trabalhando em um roteiro inspirado no Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena institucionalizado de Manaus. "Eu já estou em um terceiro tratamento, uma terceira versão do próximo roteiro, que se chama 'Parque das Nações'". O ator também está na expectativa de dois lançamentos para o próximo ano, os filmes "O Tempo da Delicadeza", de Eduardo Nunes, e "O Outro Lado do Céu", de Gabriel Mascaro.
*Reportagem da estagiária Mylena Moura, sob supervisão de Isabelle Rosa