Lília Cabral e Giulia Bertolli nos bastidores de A ListaManoella Mello/Divulgação

Rio - Sucesso de público e crítica, a peça "A Lista" com Lilia Cabral e a filha, Giulia Bertolli, ganhou uma versão para a TV, que será exibida nesta segunda-feira (17), no "Tela Quente", na TV Globo. O filme de comédia conta a história de Laurita, uma professora aposentada, moradora de Copacabana, que se vê obrigada a estabelecer uma relação com uma vizinha mais jovem, a cantora lírica Amanda.
"No teatro, somos duas atrizes contando o nosso ponto de vista da história, o filme expandiu essa relação. Os cenários, os personagens, o figurino... tudo isso ressignificou o universo da 'A Lista'. Eu colaborei no roteiro, que é do Gustavo Pinheiro, com supervisão do Marcelo Saback, e lembro que, enquanto escrevíamos, pensávamos sempre em manter a essência da nossa história, independente das adaptações que precisássemos fazer. 'A Lista' é um filme sobre relação, afeto, sentimentos humanos", conta Giulia, que interpreta Amanda.
O encontro das duas personagens desencadeia um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas que marcarão suas vidas para sempre. "Elas vão se descobrindo de uma forma muito simples. Não tem caminho tortuoso, é tudo muito claro. O Gustavo (Pinheiro, autor) deixa muito claro e presente como é a relação delas duas... Então, o relacionamento da Laurita com a Amanda é uma eterna caixa de surpresas, porque eu estou sempre aprendendo com ele", afirma Lilia, que dá vida à Laurita.
Giulia celebra a oportunidade de atuar ao lado da mãe. "É fenomenal. Aprendo com ela todos os dias. É uma mistura de sentimentos – o frio na barriga existe, assim como a tranquilidade de estar contracenando com alguém que confio 100%. Nós trocamos muito uma com a outra, desde o momento que pegamos o roteiro até a hora de gravar as cenas. Para mim, a minha mãe sempre será a minha grande mestra", diz. 
Na versão para a televisão, lugares, rostos e novos enredos tomam forma e incrementam a trama. Com isso, personagens que eram apenas citados na peça ganham corpo e, assim, somam-se ao elenco, que no teatro era formado apenas por mãe e filha, nomes como Tony Ramos, Leticia Colin, Vitor Britto, Zezeh Barbosa, Guida Vianna, Bia Montez, Rosamaria Murtinho, Betty Faria, Tony Tornado, Reginaldo Faria, Anselmo Vasconcellos, Eber Inácio e Cláudio Gabriel.
"Temos um elenco dos sonhos. Todos os nomes que foram sugeridos, a gente amou. E todos que foram sugeridos, aceitaram o convite, e ficamos mais felizes ainda. São grandes atores, que admiramos muito", comemora Bertolli. 
Segundo o diretor José Alvarenga Jr., o grande desafio foi transformar o que era falado na peça em concreto no filme. "Assim apareceram as amigas de Laurita, os moradores do edifício. Eu, Gustavo Pinheiro, o autor, Lilia e Giulia conversamos muito sobre esse elenco. À medida que um personagem ia aparecendo no roteiro, fazíamos uma lista de sugestões de nomes para interpretá-los. Até porque víamos o elenco que cabia no projeto como um grande trunfo". 
O que também ganha mais destaque na produção é o bairro de Copacabana, grande homenageado da trama, com seu comércio intenso, turistas, cenário de eventos, moradores idosos e praia. "Sou carioca da gema, nascida e criada no Rio. Frequento muito Copacabana e, depois que 'A Lista' ganhou forma, passei a frequentar ainda mais. O Drummond sempre será um eterno encantamento para mim. Sentar ao seu lado (estátua do poeta, localizada na Avenida Atlântica, em frente à Avenida Rainha Elizabeth), com uma água de coco e admirar o mar, não tem nada melhor. O que me incomoda no bairro, assim como a cidade, é o calor. Rio quarenta graus, literalmente, né? Confesso que prefiro o inverno", entrega Giulia.
O autor Gustavo diz que uma das coisas mais legais de ter adaptado a peça para o cinema foi poder mostrar Copacabana. "Esse bairro que é uma verdadeira metáfora do Brasil, louco e adorável. É bairro onde acontecem a parada LGBTQIA+, festas evangélicas e o maior Réveillon do mundo. Tudo pode ali, inclusive essa reinvenção de vidas. Cada janelinha de Copacabana tem alguém, tem uma vida. Isso é muito bonito". 
Sucesso no teatro
A primeira versão da história das duas personagens ganhou vida em 2020, ainda na pandemia, quando Lilia e Giulia encenaram pela primeira vez o texto de Gustavo em um teatro vazio, com apenas três câmeras que transmitiam a peça on-line para pessoas de todo o mundo. O tempo passou, a pandemia terminou e a possibilidade de encenar 'A Lista' em um teatro com público tornou-se viável. E desde 2022, mais de 50 mil peças já assistiram ao espetáculo. Após ver a produção pessoalmente, o diretor José Alvarenga Jr. teve a ideia de transformar a história em um filme.