Talita Younan - Luís Dalvan
Talita YounanLuís Dalvan
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Destemida como sua personagem Katarine, mais conhecida como K1, em 'Malhação - Viva a Diferença', Talita Younan conta que o medo só participou da sua jornada até aqui como instinto de preservação.

"Me jogo! Se sinto que devo ir, vou com tudo! Amo o que faço", garante a atriz sobre a vocação que a fisgou aos 9 anos.

Aos 25, Talita brilha neste ensaio com fotos exclusivas e vibe teen, comemorando a bem-sucedida trajetória na pele da vilã que roubou a cena e caiu nas graças do público.

"Quando me convidaram para fazer a K1, tive receio de como a receberiam. Ainda mais que era uma personagem que faria bullying", lembra. "O público não curtia o que ela fazia, mas não deixou de amá-la. Até porque ela tem um lado cômico. É uma vilã, mas fazia rir. Esse foi o tempero da K1: o jeito malandrinho".

E ela confidencia: "Arrisquei fazê-la cômica. Isso foi uma onda minha e da Carol (Macedo, que faz a K2). Essa malandragem foi coisa nossa. Colocávamos os cacos e depois vinham o texto já com eles, então dava pra perceber que estavam gostando".

O folhetim termina na próxima terça-feira, e a atriz já está com saudade da trama da personagem que colocou na roda também outro tema delicado.

"A história do assédio que ela sofreu do padrasto não estava na sinopse. Foi uma surpresa. A personagem cresceu muito. Mostrou outro lado. E é uma responsabilidade social grande abordar este tipo de assunto. Pensamos com muito cuidado como acessar isso, como seria revelar, fazer a denúncia", revela. "Recebi mais de 100 mensagens de meninas que vivem isso. As pessoas vivem o tempo todo isso. Aí você pensa: 'não é possível que isso aconteça em pleno século 21".

Ela conta ainda que sentiu a necessidade de procurar um psicólogo para elaborar melhor a proporção que a trama tomou.

"Mexeu muito comigo ouvir tantas histórias, queria ajudar todas as meninas que me procuraram. A maioria tinha entre 12 e 17 anos e relatava assédio de avôs, pais, padrastos, vizinhos. Dizia que elas dividissem com alguém, denunciassem. Usava o exemplo da personagem que denunciou e o padrasto foi preso".

QUERIDINHA

A personagem garantiu à paulista de Presidente Prudente a popularidade entre o o público adolescente, mas Talita destaca que, além do sucesso e da projeção, K1 a transformou.

"A gente nunca é a mesma pessoa depois de um trabalho. Mas ela marcou para sempre. Primeiro porque nunca tinha feito um personagem tão grande. Aprendi muito. Dentro da Globo, desde a moça do estacionamento até o caminho para o estúdio, muitas pessoas me paravam e agradeciam pelas cenas, pela identificação. Saio mais mulher, mais humana".

VALENTE

Talita escreve sua história desde cedo com coragem. Aos 17 anos, era vendedora em uma loja em sua cidade natal e fazia teatro. Saiu dali para a capital sozinha, por incentivo da dona do negócio, que se tornou sua amiga e incentivadora.

"Nunca tive artista na família e até começar a fazer teatro, aos 9 anos, nunca tinha entrado em um", confessa. "Acho que está dentro da gente, misturada no sangue a vocação".

A vinda para o Rio há cinco anos foi em busca da realização do sonho de viver como atriz.

"Fiz testes e acabei fazendo as duas temporadas de 'Os Dez Mandamentos', na Record", lembra. "Esse foi o primeiro teste para TV e passei. Na verdade, foram cinco etapas de testes. Engraçado que para 'Malhação' também foram cinco etapas. Espero que para o próximo trabalho sejam menos testes", diverte-se.

Depois de muito trabalho, a maioria dos mortais sonha com férias. E Talita?

"Não quero férias. Quero trabalhar muito! Semana que vem, vou para a casa da minha família por uma semana e depois quero trabalhar 20 anos sem parar", diz, às gargalhadas.

"Às vezes, nem acredito em tudo que conquistei. Tem que ter coragem. Acho que tudo que queremos com o coração, lutando até o fim, conquistamos. Tenho noção que a carreira é difícil, então isso ajuda demais. Ser perseverante e ter fé ajuda".

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