Ingra Liberato - João Mario Nunes e Carol Beiriz
Ingra LiberatoJoão Mario Nunes e Carol Beiriz
Por BRUNNA CONDINI

Rio - A baiana Ingra Lyberato está se sentindo em casa. No fim da próxima semana, a atriz entra na trama de 'Segundo Sol' como Fátima Garcia, mãe de Narciso (Osmar Silveira) e mulher de Juarez (Tuca Andrada). À primeira vista, a família Garcia parece levar uma vida comum. Mas eles não são uma família usual.

"Eles são uma família de traficantes. O que já posso dizer é que vamos ter grandes emoções dentro deste núcleo", diz. "O meu farol para viver a Fátima sempre será o amor de mãe. É isso que guia todas as ações dela na trama. Ela protege a família, é uma mulher de classe média, dona de casa. Quero realmente colocar meu coração em cena".

A soteropolitana, que viveu um período no Sul e mora no Rio há cinco anos, brinca que agora vai poder deitar e rolar com seu sotaque natural. "Saí de Salvador há 30 anos e na minha carreira sempre precisei suavizar meu sotaque. O que é normal para um ator. Agora, faço o trabalho inverso e isso está me dando um enorme prazer", diverte-se. "Estou lembrando de palavras, é uma musicalidade gostosa a da Bahia. Meu primeiro trabalho na TV foi 'Tieta' (1989), e o sotaque era bem-vindo. Agora, neste retorno ele também é", observa a atriz, que estava estava longe das novelas da Globo desde 'O Clone' (2001).

TUDO NOVO DE NOVO

No últimos anos, Ingra fez muito cinema, teatro, criou cavalos uma paixão desde que protagonizou o sucesso 'A História de Ana Raio e Zé Trovão'(1990), na extinta TV Manchete e escreveu o livro 'Medo do Sucesso', no qual relata memórias da sua carreira e conta como o medo a afastou do universo da TV quando estava em ascensão.

"Ao longo da vida recomeçamos muitas vezes. Nos últimos anos fugi da exposição, da responsabilidade disso. Hoje, estou num momento de maturidade e com muita consciência do que significa essa oportunidade. É recomeçar. Quero curtir, aproveitar", reflete. "Comecei a fazer TV com 22 anos, senti pressão. Com a maturidade vejo que é uma grande arrogância achar que vai ser aplaudida de pé em todos os trabalhos. Caiu a ficha que não sou perfeita e que é bom arriscar", completa.

Prestes a completar 52 anos em setembro, ela diz que até tentou abandonar a profissão, mas a vocação falou mais alto.

"Hoje tenho essa coragem de me atirar do precipício e meu coração está entregue de corpo e alma. O medo de arriscar impede que a gente evolua. Então, nos últimos anos me atirei a fazer coisas".

BELEZA

Quem olha para Ingra não percebe o tempo que passou. Linda e com muita disposição, ela também admite que, muitas vezes, tem essa sensação. "Me sinto muito em forma. Não imaginava estar assim nesta idade", confessa.

"Dancei até os 20 anos. Gosto de me movimentar. Corro, faço yoga. É importante pra saúde, pra manter a disposição. É claro que vejo o passar dos anos registrado no meu corpo, mas o que imprime a jovialidade é a energia. Não me sinto uma cinquentenária que sou", conclui a mãe de Guilherme, de 15 anos, fruto da sua união com o ex-marido, Duca Leindecker.

FUTURO

Ainda lembrada nas ruas por sua Ana Raio, mesmo quase 30 anos após a novela, Ingra quer viver o presente e aproveitar as oportunidades.

"Sou muito grata a uma personagem tão marcante. Poucos marcam desta forma. Fui presenteada. Mas não quero estar presa a isso mais. Falo desta época no livro. Trouxe coisa boa, mas fiquei presa a esse resultado superlativo. Hoje, quero ser feliz, não sei o que vai acontecer", diz a atriz, que está solteira. "Estou aberta ao universo. Sei que vou estar com alguém quando me apaixonar. Fui casada duas vezes, e as experiências foram maravilhosas. Mas tenho que estar apaixonada. Estou de portas abertas".

Enquanto o amor não vem, o foco é no trabalho. Ela prepara seu segundo livro e roteiriza e produz o documentário 'A Vida é da Cor que Pintamos' (ganhador do prêmio Prodecine), sobre a vida e a obra do seu pai, o artista plástico Chico Liberato.

"Quero continuar vivendo meu amor pela escrita e pela carreira de atriz. E me manter neste lugar, sem medo de arriscar, ser feliz. Medo é ausência de amor. Quero me entregar a tudo de coração aberto. Meu foco é não deixar meu coração fechar pra nada", diz.

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