Rio - Claudete Troiano começou na TV com apenas 7 anos. Em 2020, ela completa 60 de carreira. Já comandou programa infantil e feminino. Atualmente, com 65 de idade, está há cinco anos à frente do 'Santa Receita', da TV Aparecida (sintonizada no Rio no canal digital 46.1 ou na TV por assinatura), que neste mês ganhou mais 25 minutos de duração - de segunda a sexta-feira, das 15h15 às 17h55. Mas, na visão da apresentadora, o caminho natural - profissionalmente falando - era ir para o horário nobre, sem deixar de lado o programa de culinária. Tanto que isso acontecerá a partir do dia 28 de junho, quando estreia o 'Programa Claudete Troiano', na mesma emissora.
"Seria 'Programa da Clau', só que quando foram registrar já existia (o registro), não existe o programa. Então resolveram adotar o 'Programa Claudete Troiano' e é lógico que vou dizer que os íntimos podem chamar de 'Programa da Clau'", entrega aos risos. A atração será por temporada, contará com entrevistas, será dedicado também para a mulher que chega em casa do trabalho ou do estudo. E não terá plateia, sendo gravado diretamente de Aparecida. "Estou consciente que não vou conseguir trazer as atrações musicais que gostaria como se fosse feito em São Paulo. Mas faremos um bom programa dentro das nossas possibilidades", atesta animada.
ROTINA
Morando em São Paulo e trabalhando em Aparecida, a rotina de Claudete será intensificada com esse novo projeto. Ela já faz ao vivo o 'Santa Receita' até quarta-feira, e ainda nesse período ela grava os programas de quinta e sexta. Agora com a nova atração, a apresentadora ficará mais um dia na cidade a trabalho.
"Se eu não fosse casada há tanto tempo, eu diria que agora seria o fim (risos). Mas eu tenho apoio de casa. Acho que vou acabar mudando pra cá (risos), eu gosto do vale, acho que tem um por do sol lindo", derrete-se ela, que é casada com Valmir de Moraes Manso.
EM CASA
Como é a Claudete Troiano em casa? Você é fã dos afazeres domésticos ou quer distância? "Não gosto de jeito nenhum de passar uma roupa. Me manda limpar uma casa, lavar uma louça, fazer uma comida, varrer o chão, lavar quintal, mas não me manda passar roupa porque aí vai ter briga", confidencia, aos risos, ela que, no último Carnaval, ficou sem empregada - que quebrou o pé - e arregaçou as mangas. "Coloquei meu bloco na cozinha, no quintal, no fogão", entrega. Há um ano sem cozinheira, Claudete diz que nem pensa em contratar uma nova. "Estou me descobrindo uma boa cozinheira, colocando em prática tudo aquilo que aprendi com tao grandes chefs nesses anos todos. Estou curtindo. Venho pra Aparecida e deixo comida pronta, congelada, passo o domingo cozinhando e me divirto assim", diz.
AUDIÊNCIA
Em quase seis décadas, Claudete Troiano já passou por grandes emissoras como Record, Band, Gazeta e confessa que já sofreu muito com a cobrança de audiência. "Todo apresentador sofre muito com isso. Sofre pressão da direção, do diretor do programa, pressão por si próprio, é desgastante, estressante", conta. "Eu já passei um programa inteiro, na época do 'Note e Anote' (2000-2005), da Record, com um único convidado porque estava na frente da Globo. Eu não gostava. Pra mim incomodava saber que muitas outras pessoas estavam ali e tinham se preparado e falado que iam entrar no ar para a família e acabaram voltando pra casa. Eu achei chato, mas não me arrependo de ter feito. Era paga para fazer", lembra.
MUDARIA ALGO?
Faria algo diferente na carreira? "Não teria ido para a Band quando ela me convidou, teria continuado na Record", dispara. Claudete diz que é que ela se arrepende. A paulistana acredita que é melhor a pessoa se arrepender do que fez, do que deixou de fazer. "Estava muito bem na Record, essa que é a verdade. Ela queria renovar por mais cinco anos, com contrato na mão. E fui pra Band", conta ela, que um ano e meio depois teve seu contrato rescindido pelo canal, sua primeira demissão na carreira. "Eu fiquei bem triste mesmo e pensei em desistir da TV", confessa. "Costumo dizer que o tempo de aposentar vai ser quando eu não puder mais usar salto alto. Aí aposento", brinca.
PIONEIRA
Acompanhando a evolução da sociedade ao longo dos anos, Claudete diz que nunca foi vítima de assédio. Muito até pelo fato de todos terem visto ela começar na TV tão ainda pequena. "Machismo sim, claro. Pertenci à primeira equipe feminina de narrações esportivas de futebol. Fui repórter de campo, quando a mulher não entrava em campo, isso na década de 70. Ali foi duro, mas foi importante. Fui parar até no Museu de Futebol, como pioneira. Isso é legal", comemora a jornalista. "Nunca nada foi fácil para mim, acho que foi melhor assim. Eu faria tudo de novo e do jeito que foi, mesmo sendo difícil. Acho que a vitoria tem um sabor especial", acrescenta.
LEILA LOPES
Um dos momentos que a jornalista bem lembra - e o público não esquece - aconteceu em 2011. Na época, ela apresentava o 'Manhã Gazeta' e ao comentar a vitória da angolana Leila Lopes no Miss Universo, lembrou da atriz homônima, que morreu dois anos antes. E perguntou por onde andava Leila Lopes (atriz) e em seguida mandou um beijo para ela. Imediatamente, o repórter Marcelo Bandeira a corrigiu, mas a situação viralizou.
"Na época fiquei traumatizada. Nem considero uma gafe. Quantas vezes você chega para alguém e pergunta: 'Como vai fulano?'. E a pessoa fala: 'Nossa, você não soube? Fulano morreu'. Foi meio assim. Hoje, quando olho pra trás, vejo que fiquei triste, lógico, fiquei chateada, as pessoas me zoavam na rua, por e-mail. Fiquei seis meses sem entrar na internet porque não queria ver mais nada", revela a loura, que depois enxergou o lado positivo do episódio. "Como pode você fazer um programa de manhã, dando um ponto de audiência, e ter uma repercussão daquelas e até hoje? Ali eu descobri a força que meu nome tem. Foi uma coisa boa também", pondera.
REDES SOCIAIS
Os fãs da apresentadora já estão acostumados. Quando o assunto é Facebook ou Instagram, a loura está lá através do perfil do programa dela da TV Aparecida. E Claudete nem pensa em mudar. "Acho que todo mundo que, assim como eu, viveu sem celular, eu não gosto muito dele não, sabe? Eu chego em casa, desligo e jogo lá no canto. Não fico preocupada com ele. É duro, me cobram muito isso", afirma. "Sempre vivi bem sem ele. Sempre me preocupei mais com a minha vida do que com a dos outros. Não me vejo no Facebook espiando a vida de ninguém, tirando selfie. Nunca tirei selfie fazendo bico para câmera, acho isso muita bobeira", avalia, às gargalhadas.