Rio - Para focar na carreira e outros projetos pessoais, as mulheres têm decidido deixar a maternidade para depois. Algumas celebridades, por exemplo, escolheram adiar a gravidez, como a cantora Juliette, de 34 anos, que optou pelo processo de congelamento de óvulos. A campeã do "BBB 21" compartilhou a notícia recentemente em suas redes sociais.
"Hoje é dia de fazer a coleta, o procedimento de tirar os óvulos. Se Deus quiser, vai dar tudo certo", disse Juliette. O processo também já foi feito por outras famosas, como Paolla Oliveira, Carla Diaz e Claudia Raia, que teve seu terceiro filho aos 55 anos.
fotogaleria
Embora seja uma tendência, o método ainda gera dúvidas. O DIA conversou com especialistas para explicar como funciona o congelamento de óvulos.
A primeira etapa é a estimulação. A mulher precisará tomar uma medicação que induz ao crescimento de folículos ovarianos. Na sequência, esses óvulos serão coletados em um procedimento com anestesia e congelados em nitrogênio líquido a temperatura de quase 200 graus negativos.
"O ovário só consegue amadurecer um óvulo por ciclo menstrual. A estimulação ovariana potencializa esse processo. Nessa fase são aplicadas injeções hormonais na barriga por cerca de dez dias", explica a médica ginecologista Larissa Matsumoto, que é especializada em reprodução humana e congelamento de óvulos.
O procedimento de estimulação para o congelamento de óvulos pode ter efeitos colaterais como dores de cabeça, inchaço abdominal, alterações de humor, entre outros sintomas e a coleta dura em média de 15 a 30 minutos e é indolor.
Os óvulos congelados ficam armazenados em laboratório até que a mulher decida utilizá-los. Quando ela quiser engravidar, eles serão descongelados e fertilizados in vitro (FIV), com a transferência dos embriões para o útero. Dessa forma, a chance de engravidar torna-se maior após os 35 anos.
"Importante ressaltar que os óvulos não perdem sua capacidade reprodutiva e não envelhecem com o tempo de congelamento", afirma Roberto Antunes, ginecologista e obstetra, diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ) e especialista em reprodução humana.
Recomendações
Apesar de o congelamento de óvulos ser uma opção para preservar a fertilidade, visto que a cada ciclo menstrual o número de óvulos diminui até a menopausa entre os 45 e 55 anos, em média, especialistas destacam que o procedimento não é uma garantia absoluta de gravidez.
É recomendado que as interessadas no procedimento busquem orientação médica especializada e considerem congelar pelo menos 15 óvulos para aumentar suas chances de sucesso.
“Nós recomendamos que a consulta com um especialista em reprodução assistida entre no check-up da mulher até os 30 anos de idade, para que se faça uma avaliação da sua reserva ovariana e avaliar a possibilidade de congelamento dos óvulos, especialmente quando já possuem histórico na família de menopausa precoce, ou se possuem endometriose, por exemplo, que podem reduzir a reserva ovariana de forma mais acelerada. Porém, na maioria das vezes, as pacientes já chegam na clínica com mais de 35 anos, quando já houve uma perda muito acentuada de óvulos”, explica Larissa.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) também orienta que a FIV seja realizada até os 50 anos, pois, a partir dessa idade, há um aumento expressivo de complicações durante a gestação.
"Mulheres que desejam engravidar após os 50 anos devem passar por uma avaliação psicológica, clínica e cardiológica criteriosa e devem ter um obstetra que acompanhe esta gestação de alto risco. Atenção redobrada para os maiores riscos de complicações para essas mulheres, como hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, trombose e acidente vascular cerebral, entre outras. Segundo as normas éticas do Conselho Federal de Medicina, a idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de reprodução assistida é de 50 anos", detalha a médica ginecologista Marise Samama.
Quanto custa?
Desenvolvido nos anos 1980, o congelamento de óvulos tornou-se mais acessível na década passada, e as buscas aumentaram com a queda de preço ao longo dos anos. Atualmente, o valor varia de R$ 15 mil a R$ 30 mil, com a manutenção anual de cerca de R$ 1 mil.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.