Lara Mara Rodríguez, diretora de carnaval da Unidos de Padre MiguelDivulgação

Lara Mara Rodríguez é uma típica jovem carioca de 19 anos. Sonhadora e determinada, ela vem chamando atenção no mundo do carnaval e não é só pela beleza que mistura diferentes etnias, mas pela postura e pelo posicionamento que tem, ocupando um universo majoritariamente masculino. Adepta da sinceridade, sem meias palavras, ela aprendeu, desde cedo que não é fácil ser um mulherão.
Diretora de Carnaval da Unidos de Padre Miguel, escola de samba campeã da Série Ouro, Lara é cria da Vila Vintém, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro, onde foi fundada a vermelha e branca. Flamenguista apaixonada, é fruto de uma família em que as mulheres são dotadas de muita personalidade, e considera esta sua principal herança que, somada às características de todo sagitariano, signo que a rege, forjam a mulher forte e com espírito de liderança nato, conforme ela mesma relata.
“Eu sempre fui uma pessoa de opinião e sei que isto incomoda, especialmente pelo cargo que ocupo, mas eu não me intimido por isso. É claro que, pela idade que tenho, por ser mulher, eu preciso provar o tempo inteiro que sou capaz, mas isto não chega a ser uma dificuldade só minha, acredito que seja de toda mulher. Cresci com valores importantes e os prezo muito, porque aprendi a respeitar quem chegou antes, ouvir e aprender com os mais experientes. Para exercer a liderança, a gente precisa ser, antes de mais nada, humilde”, diz a estudante de direito que, amparada no conhecimento dos pais, Cícero e Vanessa, desenvolveu o amor pelo carnaval.
Na contramão das mulheres bonitas que almejam o posto de rainha de bateria ou musa, Lara confessa que sua primeira ideia foi ser porta-bandeira. “Não deu certo, mas eu convivo desde que nasci, com dois diretores e, apesar de muita gente pensar que ocupo a direção de carnaval por conta da minha família, eu afirmo que o que me move é o amor de quem está dentro da Unidos desde os dois meses de idade, compartilhando do dia a dia da escola, esperando e trabalhando por este título que, finalmente, chegou, e, que bom, com a minha ajuda, a minha dedicação e o meu empenho”, comenta.
Entre os objetivos de Lara, manter a escola no Grupo Especial e firmar-se como uma profissional cada vez mais preparada no segmento, são desafios. “Desde a apuração não descansei um minuto, estamos trabalhando para montar uma equipe forte e consistente. Manter a Unidos entre as melhores escolas do carnaval é uma meta que a gente vem perseguindo há algum tempo e, eu venho estudando e entendendo a gestão de uma escola de samba, de um projeto de carnaval há algum tempo. Temos um time de jovens lideranças no carnaval, a maior parte deles na presidência, mas são pessoas que se prepararam para isto e eu quero seguir esse caminho, tendo bons exemplos, porque a direção de carnaval é pura gestão. Muitas vezes me sinto um pouco frustrada em ter que faltar aulas na faculdade, sou muito dedicada em tudo o que eu faço, mas sei que o resultado será importante, não como satisfação pessoal, mas para toda uma comunidade”, diz.
Com tamanha responsabilidade, a jovem líder confessa não ter tanto tempo para aproveitar os momentos livres como qualquer mulher da sua idade, no entanto procura fazer do limão uma verdadeira limonada. “Eu gosto de estar com a minha família e aproveitar com eles tudo o que for possível, mas, nesse momento, a prioridade é a Unidos de Padre Miguel”, comenta ela que coloca em sua lista negra a mentira, a futilidade e a homofobia.