Cláudia Leitte revela que recebeu diagnóstico de TDAHReprodução
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento no qual vários sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade, presentes antes dos 12 anos de idade e em dois ou mais ambientes, trazem evidentes prejuízos sociais e acadêmicos/profissionais.
Os sintomas centrais são a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. A desatenção é vista como divagação (ficar sem rumo) frequente, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização, apesar do indivíduo ter uma boa compreensão do que está sendo solicitado. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva quando não apropriado (uma criança que corre em qualquer ambiente ou um adulto extremamente inquieto, que chega a esgotar os outros com sua agitação). A impulsividade refere-se à intromissão social (interromper os outros em excesso) ou ações precipitadas que frequentemente colocam a pessoa em risco, como atravessar uma rua sem olhar ou a tomada de decisões importantes sem considerações das consequências.
As causas e os fatores de risco para o TDAH são desconhecidos, mas vários estudos têm demonstrado a base neurobiológica ou seja, fatores genéticos e bioquímicos do transtorno. Acredita-se que a intensidade das manifestações seja uma combinação principalmente da genética com alguns fatores ambientais, como exposição a toxinas durante a gestação (sobretudo tabaco), prematuridade e baixo peso ao nascer (que, na verdade, são fatores de risco para qualquer transtorno do neurodesenvolvimento).
O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, não depende de qualquer exame. Ele é realizado apenas por médicos especializados, como neuropediatras e psiquiatras. No Brasil, costumamos utilizar os critérios descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), organizado pela Academia Americana de Psiquiatria, para uma padronização do diagnóstico.
Como em todo transtorno, o TDAH não é uma doença, então, não se trata de uma cura. O tratamento visa ajudar o paciente a desenvolver ferramentas e estratégias para lidar com suas características de modo a não mais ser prejudicado por elas e, com isso, melhorar sua qualidade de vida.
O tratamento a longo prazo é baseado, primordialmente, em intervenções terapêuticas e educacionais, com psicologia, pedagogia, entre outras, direcionadas ao próprio indivíduo e aos seus familiares. Também é baseado em mudanças e adaptações sociais. A curto prazo, existem alguns medicamentos disponíveis que ajudam a amenizar os sintomas, mas que precisam ser avaliados e indicados caso a caso. Alguns estudos estão avaliando o benefício de outras intervenções, como práticas manipulativas de energia, mas ainda sem indicação científica precisa.
Além dos prejuízos evidentes nas relações sociais e no desempenho acadêmico/profissional, notam-se complicações principalmente associadas à falta de diagnóstico e tratamento adequados. Além dos riscos de acidente e do abandono escolar, há uma maior propensão ao desenvolvimento de outros transtornos como ansiedade, depressão e abuso de drogas e álcool, até um maior risco de suicídio. Por isso é tão importante o conhecimento sobre o transtorno e o encaminhamento, ainda na infância para avaliação. Mas é preciso também que os adultos procurem apoio ou sejam encaminhados por seus familiares.
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