Eleonora Erthal, da marca Monthal de cafés e lingeriesDivulgação

Eleonora Erthal sempre nutriu um espírito empreendedor. Desde jovem, liderava grupos e sonhava em ter sua própria família e negócios. Chegou a atuar como professora, mas o desejo de ter seu próprio negócio falou mais alto.
Em 1990, impulsionada pela paixão pela moda e sem experiência prévia, Eleonora deu início à confecção de camisolas e pijamas, batizando a marca de Monthal. Sua determinação e talento transformaram a empresa em um nome de referência no mercado. Com o passar dos anos, suas filhas Débora e Dayse se integraram à empresa, agregando conhecimentos em estilismo e administração.
A busca por novos mercados levou Eleonora a participar de feiras internacionais de lingerie, expandindo a marca para o mercado externo. A criação do Café Monthal representou mais um passo inovador, combinando sua paixão pelo café com a expertise na área têxtil.
A pandemia de COVID-19 apresentou novos desafios, mas também oportunidades de reinvenção. A empresária adaptou-se rapidamente, produzindo máscaras e jalecos para profissionais da saúde, ao mesmo tempo em que fortalecia sua presença online com a venda de pijamas pela internet.
Em paralelo, Eleonora dedicou-se à modernização da fazenda de café, implementando tecnologias sustentáveis na produção e promovendo o ecoturismo na região. Um incêndio devastou parte de seus depósitos, mas sua resiliência a impulsionou a reconstruir e inovar, tornando a fazenda um modelo de agricultura moderna e sustentável.
O reconhecimento pelo trabalho árduo de Eleonora veio através de prêmios nacionais e parcerias com instituições de ensino, destacando a fazenda Agro 4.0 como referência no setor agrícola. Desde então a jornada de Eleonora se expande para o agroturismo, focado na experiência do café. Em sua fazenda, ela recebe visitantes ávidos por conhecerem os segredos por trás da xícara de café perfeita, oferecendo um roteiro guiado que abrange desde o cultivo das plantas até os métodos de extração e torra do café.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa mulher que inspira outras mulheres? Ela conta sobre a sua trajetória e deixa um recado especial para quem deseja empreender. Confiram a entrevista completa.
Como foi sua criação? Qual é sua relação com a família?
Nasci no Rio de Janeiro e aos dois anos meus pais se mudaram para uma fazenda da família, onde passei minha infância até completar dez anos. Nesse período pude acompanhar meus pais em sua jornada de cultivo do café. Desde pequena aprendi a apreciar esse grão, o mais consumido no mundo. Ao longo dos anos aprimorei meus conhecimentos para produzir café especial.
Como decidiu criar a marca de camisolas e pijamas? E como está a fábrica hoje?
A marca Monthal nasceu do meu desejo de ter meu próprio negócio. Na época, residia em uma fazenda e lecionava três vezes por semana em uma escola estadual, mas não me sentia satisfeita. Compartilhei meus sonhos com meu marido que vendeu uma safra de café e investiu nas máquinas e tecidos necessários. Escolhi criar pijamas por ser uma paixão pessoal e porque, na época, acreditava ser um produto menos influenciado pelas tendências de moda. Hoje, após 35 anos, a Monthal Lingerie evoluiu significativamente. Participamos das principais feiras de moda em São Paulo e Gramado, temos cinco lojas próprias.
Como foi mudar radicalmente de área e criar a marca de cafés?
Na verdade, o café surgiu como marca quando levei o café para ser servido no meu stand na feira de gramado e levei de brinde o café embalado em um saquinho de seda preta com a logo Café Monthal para dar de brinde. Tivemos a grata experiência de atrair clientes e concorrentes com o aroma do nosso café. Era a primeira vez que levávamos o nosso grão para degustação e presenteávamos os nossos clientes. Surgiu uma curiosidade sobre café e eu gostava de contar a história da fazenda. Resolvemos criar a marca do Café Monthal e hoje trabalhamos com as duas empresas, uma ajudando a outra a ser reconhecida.
Tivemos que nos dedicar a entender de cafés especiais, trabalhar árduo para as mudanças que deveríamos fazer na fazenda. Paralelo a isso, o Sebrae também chegou na região com projetos de cafés especiais e foi muito aprendizado. Começamos a preparar os cafés para concurso em 2020, quando fomos surpreendidos com o incêndio no armazém abarrotado de café. Foi um prejuízo imenso, todo o café ficou contaminado com fumaça, inclusive os meus de concurso. Diante de uma situação tão difícil, refletimos se pararíamos por aí ou se retornaríamos. Foi aí que tomamos a decisão mais importante de recomeçar com inovação e novas tecnologias e fazer tudo da melhor forma possível.
E os prêmios?
Meu gênero entrou em edital da ABDI, ficamos entre os quatro melhores projetos no Brasil onde pudemos trazer novas tecnologias e difundir junto a Cafeicultura nossas experiências. Em 2020 vencemos o concurso Abic em 1º lugar no Brasil e isso nos trouxe muito reconhecimento. Ganhei também em 2º lugar o Prêmio Mulher do Agro, realizado pela Bayer e a BAG. Diante de tudo isso, com os trabalhos avançados, resolvemos implementar o turismo rural. Eu acreditava que seria uma forma de nos tornarmos conhecidos no Rio de Janeiro, onde poucos sabem o quanto café é produzido no interior, principalmente na região serrana. E através dessas ações a imprensa foi surgindo e divulgando o nosso trabalho que é muito árduo, mas eu e meu marido desempenhamos com muita dedicação e amor.
Você já trabalhou em algum projeto social?
Estou sempre envolvida com mulheres e empreendedoras. Quando decidimos fazer as mudanças necessárias na fazenda, reuni todos os funcionários que aqui moravam e durante um ano me comprometi em levar informações, ensinar essas mulheres o crochê, cozinhar e outros trabalhos manuais. Enfim, foi um ano de muitas transformações aqui na fazenda. Com os restos de tecidos da Monthal incentivamos as mulheres artesãs da cidade a desenvolver produtos.
Tive a oportunidade de transformar uma escola a partir de um projeto de fantoches, salvamos uma escola que iria fechar. A repercussão do trabalho foi tão interessante e reconhecida pela mídia e autoridades que a escola não só não fechou, como também foi reformada e implantaram o 2º turno. Hoje sou convidada a fazer palestras contando meu case para inspirar as mulheres em sua trajetória.
Qual o seu recado para quem está começando a empreender?
Empreender acho que é um dom que Deus nos dá. Temos que descobrir para desempenhar com responsabilidade e muito comprometimento. Para quem está começando, penso que se colocar foco, amor e dedicação naquilo que você ama fazer, tem tudo para dar certo. A persistência e a resiliência têm que caminhar juntas neste mundo de empreendedorismo.
Um recado para todas as mulheres?
Acredito que a força da mulher é inspiradora, não importa os obstáculos, o importante é superá-los e assim nos tornaremos mais fortes e resistentes. Acredite em si mesmo, em seus sonhos e capacidades e será capaz de realizar grandes coisas. Siga em frente com determinação e paixão.
Você se acha mulherão?
Não digo mulherão, mas uma mulher forte e determinada. Ao longo dos anos, quando ganhamos autoconfiança, respeito próprio, integridade, resiliência e empatia, isso nos fortalece como mulher. Mas lembrando sempre que atrás de tudo isso tem um grande parceiro, um marido que caminha ao meu lado e também a importância de se criar uma rede de relacionamentos profissionais e pessoais.