Mãe Manu da Oxum promove iniciativas na luta contra o preconceito religiosoDivulgação
Infelizmente, sim. Em um ambiente que, na época, era considerado familiar, mas hoje não mais. No meu antigo trabalho passei por situações marcantes. Como quando minha antiga gerente jogava óleo ungido onde eu passava ou quando algumas pessoas se recusavam a comer a comida que eu preparava, alegando que era "da Mãe Manu, a macumbeira".
Nós, mulheres, somos o útero que gera, a mente que cria e educa. Somos maioria nas religiões e nos projetos sociais e temos uma fala articulada e própria sobre o ato da fé. Seja qual for a religião, a comunhão das mulheres por meio da espiritualidade move o mundo. Além disso, temos um dom de acolhimento único, e a mulher, por essência, é força, resistência e fé.
Falta punição à altura da ignorância. Respeito deveria ser o padrão, algo natural, mas infelizmente não é. O preconceito nasce de duas fontes principais: a falta de oportunidade em uma sociedade que reproduz discriminações culturais e um pensamento engessado e doentio. Já passamos do tempo de apenas explicar sobre a laicidade do Estado e o caráter criminoso da intolerância. Está na hora de ver essas pessoas sendo responsabilizadas, cumprindo pena e pagando pelos danos emocionais que nos causam. Muitos acabam sofrendo depressão ou até mesmo outros agravos irreversíveis por conta dessa violência.
A existência de uma data e de eventos dedicados a essa causa nos dá lugar de fala e mostra que temos propriedade para abordar essas questões. Assim, ocupamos espaços, demonstramos nossa capacidade de dialogar e mostramos o quanto estamos em pé de igualdade em termos de valores, capacidade e conhecimento. Além disso, esses espaços nos permitem reforçar que precisamos trabalhar juntos, evitando que nos vejamos como adversários. Afinal, quem tenta nos calar ainda ocupa lugares de privilégio. A união entre nós é essencial para alcançar progresso e êxito nessa luta.
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