A nova minissérie da Netflix, "Adolescência", estreou recentemente e já está provocando debates sobre os desafios emocionais dos jovens. Inspirada em notícias reais, a trama acompanha Jamie, um adolescente de 13 anos acusado de matar uma colega de escola a facadas. A produção, que se destaca pela narrativa impactante, coloca em evidência temas urgentes como masculinidade tóxica, bullying e a pressão social enfrentada pelos adolescentes.
Mas até que ponto a história de Jamie reflete a realidade dos jovens? A educadora parental Priscilla Montes, especialista em educação positiva e neurociências, destaca que compreender essas diferenças é essencial para que os pais possam oferecer suporte adequado. "Meninas tendem a ser mais pressionadas para a perfeição acadêmica e social, enquanto os meninos sentem que não podem demonstrar vulnerabilidade. Essa falta de espaço para expressão emocional pode levar a explosões de raiva e comportamento disruptivo", explica Priscilla.
A questão central de "Adolescência" é a busca por respostas: o que levou Jamie a cometer um ato tão extremo? A mesma pergunta pode ser feita sobre o comportamento dos adolescentes na vida real. De acordo com Priscilla Montes, a criação de um ambiente de diálogo e compreensão desde a infância é essencial para evitar situações extremas. "Os pais precisam validar as emoções dos filhos e estarem atentos aos sinais de sofrimento emocional, sejam eles expressos por agressividade ou por isolamento", reforça.
Algumas medidas práticas podem ser adotadas:
- Fomentar a comunicação aberta: Incentivar os filhos a falarem sobre seus sentimentos sem medo de julgamento. - Observar mudanças de comportamento: Meninos tendem a externalizar a dor com explosões de raiva, enquanto meninas podem apresentar ansiedade ou depressão silenciosa. - Valorizar o processo, não apenas os resultados: Reforçar a importância do esforço e do aprendizado, em vez de apenas cobrar boas notas ou desempenho esportivo. - Estimular atividades prazerosas: O excesso de cobrança pode sobrecarregar os jovens. Incentivar hobbies e exercícios físicos pode ser uma boa alternativa.
A base emocional começa na primeira infância
Outro ponto crucial é que as dificuldades enfrentadas na adolescência são muitas vezes reflexo da infância. "Pais que investem na educação emocional desde cedo ajudam seus filhos a desenvolverem uma autoestima sólida e a lidarem melhor com desafios", afirma Priscilla. Criar espaços seguros para expressão de emoções e ensinar estratégias saudáveis de regulação emocional pode fazer toda a diferença no futuro.
A história de Jamie em “Adolescência” levanta um alerta real sobre os impactos da pressão social e emocional na juventude. O que podemos fazer para evitar que casos como esse se tornem realidade? A resposta pode estar na forma como nos conectamos com os adolescentes hoje. Estar presente, ouvir e oferecer suporte emocional não é apenas importante, mas pode ser determinante para o futuro deles.
Vamos falar mais sobre o tema? Aguardo vocês no meu programa na TV Band, o Vem Com a Gente, de segunda a sexta a partir das 13h40. E também no meu Instagram @gardeniacavalcanti.
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