A mulher que articulou prefeitos, autoridades e pautou a potência feminina na gestão públicaDivulgação/Arquivo pessoal

Amiga, sabe quando alguém faz história sem precisar levantar a voz? Pois foi exatamente assim que Alandy Cavalcante se destacou no Encontro Nacional de Prefeitos, que aconteceu no dia 27/11, no Hotel Fairmont, aqui no Rio. O evento reuniu nomes de peso da política brasileira e já está sendo visto como um dos maiores do país — e adivinha? Teve dedo dela em cada detalhe.

A iniciativa foi da UBAM – União Brasileira de Apoio aos Municípios, com organização impecável do Instituto Coalizão Rio. Vieram prefeitos de todas as regiões, deputados, representantes do Governo do Estado e várias autoridades. Entre elas, nomes conhecidos como Eduardo Paes, anfitrião carioca, Eduardo Pimentel (Curitiba), Bruno Reis (Salvador), João Campos (Recife), Evandro Leitão (Fortaleza) e Sandro Mabel (Goiânia). Foi um encontro de gigantes — mas quem garantiu que tudo acontecesse com propósito, alinhamento e alma? Alandy.

Durante nossa conversa, ela compartilhou o que considera ter sido um dos momentos mais importantes do evento: o lançamento oficial da Confederação Nacional das Primeiras-Damas do Brasil (CNPD), que reúne as esposas dos prefeitos dos 5.570 municípios brasileiros. Um passo enorme para dar mais visibilidade a essas mulheres que atuam diretamente nas causas sociais.

E aí vem a parte que me tocou. Ela lembrou aquela frase:

“Por trás de um grande homem existe uma grande mulher.”
Mas logo completou, com a firmeza de quem sabe bem o que diz:
“O correto é: ao lado de um grande homem está uma grande mulher.”

Ela falou sobre a importância da primeira-dama em cada cidade — não como coadjuvante, mas como alguém que acolhe, aconselha, luta por políticas públicas, cuida das pessoas mais vulneráveis e ajuda nas decisões que impactam a população.

Quando perguntei sobre os desafios de liderar um evento desse porte, especialmente num ambiente ainda dominado por homens, ela respirou fundo e disse com a segurança de quem vive na prática:

“O que precisamos é de mais oportunidades e de um ambiente político verdadeiramente inclusivo, que valorize a diversidade e reconheça o papel transformador da mulher na gestão pública.”

Alandy foi sincera: nem tudo são flores, mas também não são só espinhos. Teve pressão, cobrança, longas horas de trabalho — mas também teve orgulho, satisfação e a certeza de estar pavimentando um caminho para tantas outras mulheres. E foi exatamente isso que ela fez.
Confira abaixo algumas perguntas que fiz para esse verdadeiro mulherão que exala representatividade e força:
Como é para você, enquanto mulher, estar à frente de um evento dessa magnitude, num ambiente majoritariamente masculino?

É uma grande responsabilidade e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de reafirmar a força da mulher na liderança. Temos hoje 727 Prefeitas: mulheres
que comandam 13% das cidades brasileiras, maior responsabilidade ainda. Isso que nos impulsiona a convocar as 4.843 primeiras damas para se unirem numa grande organização não governamental, com o objetivo de melhorar cada vez mais a participação da mulher nos destinos do país.
Eu, como primeira dama da UBAM, encaro esse papel como uma missão de inspirar outras mulheres a acreditarem no seu potencial, a ocuparem espaços
de decisão com confiança e propósito. Acredito que competência, sensibilidade e visão estratégica, pontualidade e sinceridade extrema são qualidades própria das mulheres.
E unidas, podemos transformar realidades e abrir caminhos para uma gestão pública mais equilibrada, inclusiva, mais voltada ao social, a adoção de medidas mais protetivas que evitem a violência, o desrespeito ao ser feminino, a debater, discutir para levar ao congresso nacional projetos de lei que realmente garantam as mulheres brasileiras a verdadeira proteção, evidenciando o papel do Estado no tratamento de igualdade, seja no campo de trabalho, como na saúde e no meio social.

Em termos de política, o que falta para as mulheres, digamos, chegarem lá e ocuparem cargos compatíveis?

Falta apenas às mulheres terem a coragem de participarem, pois essa participação tem crescido muito no Brasil, ficando a cargo do Estado facilitar isso.

E em relação aos salários, que ainda são díspares se comparados aos masculinos?

Eu penso que jamais poderia existir esses dispares, pois na maioria das vezes a mulher mostra muito mais determinação, zelo, competência, confiança no que faz. Temos exemplo de grandes mulheres à frente do executivo, legislativo e judiciário, com o devido louvor a suas atuações e decisões.
Você também atua na Confederação Nacional de Primeiras Damas, certo?

Sim. A primeira dama do município de Teresópolis, Claudia Vasconcellos, está assumindo o desafio de ser a presidir a Confederação Nacional das Primeiras
Damas.
Ela já exerce com muita competência seu papel singular e humano com a sociedade. E é esse olhar que a UBAM tem apoiado os municípios, com muita responsabilidade e empatia. Tenho plena convicção que Claudia fará um brilhante trabalho para todos os municípios e contará com nosso apoio
incondicional.

Enquanto profissional, já sofreu preconceitos, "saias justas" e injustiças, pelo simples fato de ser mulher?

Sim, ao longo da minha trajetória profissional, enfrentei situações desafiadoras que, infelizmente, ainda refletem o preconceito e as desigualdades de gênero presentes em diversos espaços. Isso não me desmerece. Mas me motiva a avançar estrategicamente. Ser mulher em ambientes majoritariamente masculinos exige, muitas vezes, o dobro de esforço para conquistar o mesm reconhecimento.

Nesse sentido, quais as maiores dificuldades que passou, como uma mulher de destaque nos bastidores da política?

Houve momentos em que minhas ideias foram subestimadas. Ou quando precisei reafirmar constantemente minha competência, para ser ouvida e
respeitada. Mas aprendi a transformar essas experiências em força.
Cada obstáculo serviu como combustível para reafirmar meu propósito: mostrar que a capacidade, o comprometimento e a sensibilidade feminina são fundamentais para uma gestão pública mais humana, eficiente e transformadora. Essas situações não me desmotivaram — pelo contrário, fortaleceram minha convicção de que o lugar da mulher é onde ela quiser estar, inclusive nos espaços de decisão e liderança.