No último dia 8, o mundo celebrou o Dia Internacional da Mulher, data que, para muitos, é menos de celebração e mais de reflexão acerca do caminho de luta contra injustiças e desigualdades que vem sendo percorrido, mas que ainda está longe de chegar ao fim. Nesse contexto, ganha ainda mais destaque o papel da mulher no mercado de trabalho, as posições ocupadas e as oportunidades de carreira, especialmente em uma conjuntura em que cada vez mais mulheres estudam, se formam, se especializam. Na Educação, não se pode dizer que mulheres são minoria numérica. No entanto, muitos avanços são necessários em termos de liderança.
Basta pensar em quem foram suas professoras na Educação Infantil e no Ensino Fundamental nos Anos Iniciais. Sim, digo 'professoras' porque muito possivelmente eram mulheres. A quantidade de mulheres nos primeiros anos escolares é substancialmente maior do que a de homens, o que se deve, principalmente, pela imagem protetora e maternal constantemente atrelada ao sexo feminino. Conforme os anos passam e chegamos mais próximos ao Ensino Médio, o número de professoras cai vertiginosamente. Afinal, é o mesmo estereótipo que afirma que homens, por serem mais técnicos e objetivos, são melhores para lecionar nas séries que pedem mais preparação para os vestibulares. Esse problema já seria suficiente por ser extremamente limitante, não fosse um outro fato ainda mais grave: de maneira geral, em redes particulares, o salário dos anos finais é maior do que aquele pago aos docentes dos iniciais. Ou seja, as mulheres não são exatamente minoria nas salas de aula, mas frequentemente ganham menos e têm menos prestígio.
Nas lideranças, isso não é diferente. As coordenações pedagógicas podem até ser preenchidas por mulheres, mas o caráter de minoria se perpetua quando as vagas dizem respeito à gestão financeira, estratégica e operacional. Apesar de haver sim um avanço, poucas ainda são as redes ou sistemas liderados por mulheres. E isso não se dá por falta de estudo e preparo. Dos 179 mil alunos matriculados em cursos técnicos e profissionalizantes no Rio de Janeiro, mais de 100 mil são mulheres. O levantamento foi feito pelo Melhor Escola, plataforma de vagas e bolsas de estudo no ensino básico. Mulheres também se formam em maior número na graduação e procuram mais pós-graduações.
Dessa forma, fica claro que a questão da carreira feminina em educação não deve se enveredar para uma luta numérica absoluta. Há sim muitas professoras, mas a batalha deve se dar por mais prestígio e salários iguais, independentemente do segmento, bem como posições mais estratégicas em gestão não só escolar, mas educacional. Como em muitas outras carreiras, o que sobra de capacidade às mulheres falta em oportunidade.