O Partido Novo anunciou nesta quinta-feira, 27, que determinou a suspensão imediata da filiação de João Amoêdo, fundador da legenda. Em nota, a sigla informou que o desligamento foi causado por "possíveis violações estatutárias cometidas por ele", sem fornecer mais detalhes.
No sábado, 15, Amoêdo declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de 2022. Ele, que apoiou o atual mandatário e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, em 2018, desistiu de anular o voto e afirmou que votará no petista.
No comunicado, o Novo informou que a filiação foi suspensa "liminarmente", enquanto Amoêdo enfrenta um processo disciplinar. "O Partido Novo, através da Comissão de Ética Partidária (CEP), decidiu suspender liminarmente a filiação de João Dionísio Filgueira Barreto Amoêdo, até o encerramento do Processo Disciplinar aberto contra ele, por possíveis violações Estatutárias cometidas por ele, com base no art. 21, II combinado com §2º", diz o documento.
"A Comissão de Ética Partidária (CEP) é o órgão nacional, independente e permanente de apoio à gestão do Novo e que tem como principal função zelar pela ética e decoro, bem como pela aplicação do Estatuto e normas internas do Novo, sendo assim o órgão competente para julgar denúncias feitas por nossos filiados", afirmou o partido em comunicado", concluiu.
Após o anúncio, o deputado federal no Rio Grande do Sul Marcel van Hattem (Novo) disse, nas redes sociais, que a Comissão de Ética havia enviado um comunicado sobre a suspensão alegando "risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo".
"Recebi há pouco e-mail da Comissão de Ética do Partido Novo que determina a imediata suspensão da filiação de João Amoêdo tendo em vista 'risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo'. É decisão liminar até que seja julgado nosso pedido de sua expulsão", escreveu.
Voto em Lula
Amoêdo, que foi candidato à Presidência da República em 2018, já vinha fazendo diversas críticas a Bolsonaro e chegou a dizer que, caso o atual mandatário seja reeleito, pretende estabelecer um regime nos moldes do implantado por Hugo Chávez na Venezuela .
Nas redes sociais, o empresário criticou a proposta defendida por Bolsonaro e seu vice, o senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos), de aumentar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF). Se aceita, a medida daria ao futuro presidente eleito um maior poder sobre as indicações para a Corte.
A publicação, no entanto, gerou diversas reações, principalmente por parte dos integrantes do partido Novo. Pouco depois, Amoêdo declarou que votaria em Lula. "Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior", afirmou Amoêdo à Folha de S. Paulo.
O posicionamento gerou críticas da direção do partido e de Felipe D'Avila, que concorreu ao primeiro turno das eleições neste ano. "A declaração de voto de Amoedo ao Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil. Amoedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais’", escreveu D’Avila nas redes sociais.
Membros da sigla chegaram a fazer um manifesto pedindo que Amoêdo fosse desfiliado. A direção do Novo disse, em nota, que "a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história, é lamentável e incoerente".
O partido acrescentou afirmando que "a triste declaração constrange a instituição e que o posicionamento não representa o partido". Em resposta, o empresário disse: "Lamentando que o partido utilize meios oficiais para atacar a liberdade de expressão e política de um filiado".
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