Bolsonaro em São João de Meriti, nesta quinta-feira (27). Marcos Porto/Agencia O Dia
Em seu discurso, Bolsonaro falou sobre o que considera como os maiores avanços econômicos de seu governo. A geração de empregos e o preço dos combustíveis foram citados como “conquistas” de sua gestão.
"Enfrentamos uma pandemia, uma guerra lá fora. Mas a nossa gasolina é a mais barata do mundo, mais de 250 mil novos empregos. A economia que é exemplo para o mundo", ressaltou.
Além da economia, o presidente voltou a defender a pauta de costumes — tema que mobiliza o seu eleitorado —, condenando a ideologia de gênero, a corrupção, o aborto e as drogas. Bolsonaro também fez questão de adotar um tom religioso na sua fala, insinuando que os evangélicos poderão ser vítimas de perseguição, caso perca a eleição.
"Somos uma noção 90% cristã e do nosso Senhor Jesus Cristo. Não aceitamos fechar as igrejas", disse.
Não faltaram ataques ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro acusou o partido de seu adversário de corrupção:
"Temos um presidente que defende a família e que está do lado do povo. São 4 anos de governo sem corrupção. Dizem que falo palavrão. Falo palavrão, mas não sou ladrão. O povo não aguenta mais a corrupção do PT. O nosso Auxílio Brasil é três vezes maior do que a Bolsa Família e paga R$ 600."
Mantendo o tom de crítica ao PT, Bolsonaro pediu que os eleitores evitassem o “avanço do comunismo” e mencionou a situação econômica dos países da América Latina com governos de esquerda.
"Tenho amor à pátria e a vocês. O mundo olha para nós e nos inveja. Os vizinhos de esquerda estacionaram. O Brasil não aceita o comunismo. Nosso povo nasceu para ser livre", afirmou.
O presidente estava acompanhado no carro de som pelo governador Cláudio Castro, pelos deputados federais Altineu Cortes (PL), Doutor Luizinho (PP), Hélio Bolsonaro (PL) e Clarissa Garotinho (União Brasil), pelo deputado estadual Márcio Canella (União Brasil), pelo prefeito de São João de Meriti, João Ferreira Neto, o Doutor João, e o ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis. Bolsonaro convocou seus eleitores para que busquem o voto dos indecisos. Bolsonaro fez ainda alusão à possibilidade de conquista da Taça Libertadores da América pelo Flamengo:
"A vocês peço que repitam a votação do primeiro turno e que tragam mais gente para o nosso lado. Vamos garantir a reeleição do capitão do povo. Mas no sábado, dia 29, vamos fazer uma pausa, porque temos o nosso Flamengo. Vamos ganhar a Libertadores e receber o nosso Flamengo".
Nem o calor de 32 graus em São João de Meriti foi capaz de desmobilizar a militância bolsonarista. A espera de mais de uma hora não desanimou o motorista Jonathan da Silva Soares, de 35 anos, morador do município. Ele aguardou a chegada do presidente com ansiedade. Mesclando ataques aos artistas e à esquerda, Soares atribuiu as dificuldades enfrentadas pelo governo a uma espécie de complô.
"Além das medidas inconstitucionais que têm acontecido contra o governo Bolsonaro, sou contrário governos de esquerda. Basta olhar para a situação de nossos países vizinhos. Não deu certo. Os artistas são contra [Bolsonaro] por causa dos cortes na Lei Rouanet. Bolsonaro representa a família e os valores conservadores", argumentou.
Professora e moradora de São João de Meriti, Natália Pires, de 53 anos, apoia incondicionalmente o candidato do PL. Para ela, Bolsonaro é o único capaz de se contrapor à “ameaça vermelha” que paira sobre o país:
"A América Latina está toda vermelha. Como pode dar certo? Todos os países estão quebrados. Os vermelhos agora querem tomar o Brasil. Sou contra todas as pautas defendidas pelo PT. E não voto em ladrão. Bolsonaro é o cara. Só tem ele, que já ganhou. Xandão [o presidente do Superior Tribunal Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes] encobriu tudo. O STF, TSE, todas as instituições estão aparelhadas. Acham que somos trouxas, mas não somos".
Mas nem todos escolheram Bolsonaro temem a “ameaça vermelha”. A recepcionista Caren Firmino, de 35 anos, vê defesa da pauta de costumes como a grande virtude do presidente.
"Estou aqui, pois quero um país melhor. Bolsonaro levanta as bandeira da família. Roubar, todo mundo rouba; é um fato. Mas creio que ele é o melhor candidato", explicou Caren.
Já o vendedor autônomo Antônio Carlos, de 60 anos, acredita na reeleição do presidente. A derrota só poderia acontecer, na visão dele, por interferências externas.
"Amo essa camisa [do Brasil]. Vermelho, nunca! Bolsonaro é ideal? Não. Mas é o melhor que temos no momento. Ele está reeleito. Se o Xadão deixar, ele está eleito", crê o vendedor.
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