Tchê TchêVitor Silva/Botafogo
Meia do Botafogo relembra depressão nos tempos de São Paulo: 'Chorava o tempo todo'
Jogador viveu momento difícil quando atuava pelo time paulista
Rio - O volante Tchê Tchê fez duras revelações sobre os tempos em que defendeu o São Paulo. Em entrevista ao "Players Tribune", o jogador do Botafogo afirmou que precisou lidar com a depressão assim que chegou ao Morumbi.
“No começo da minha passagem pelo São Paulo eu levantava de manhã para ir treinar, mas não tinha vontade. Nem de treinar, nem de joga, tá ligado? Fui ficando sem ânimo pra fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo”, disse Tchê Tchê.
“Mas a minha vida estava toda certinha, eu tinha tudo que precisava. De onde vinha aquele sofrimento? Meu Deus do céu! Uma hora comecei a sentir saudade da pessoa que eu era de verdade. Aquele Danilo não era eu, era menos que eu. Meus pais passaram a ir diariamente ficar comigo na minha casa. Eles deixavam de fazer as coisas dele para estar lá. Minha esposa também, o tempo todo do meu lado tentando me ajudar. Mas eu não conseguia mais sentir o amor deles. Nada do que eles falavam parecia ter significado para mim”, completou.
Mesmo com o grave problema, Tchê Tchê não deixou de treinar e estar à disposição do São Paulo. O meia optou por não revelar ao clube as dificuldades que enfrentava.
“Eu vivi cinco meses nessa amargura, nesses extremos opostos: eu era um ser-humano triste se obrigando a parecer um profissional feliz e sendo julgado por milhões de pessoas a cada três dias. E não é que eu estivesse passando a noite na farra, bebendo e tal. Não era isso. Eu estava deprimido. E me sentia culpado por estar”, afirmou o volante.
“Muitas vezes, mesmo nesse estado psicológico miserável, eu conseguia jogar bem, ajudava o time a vencer. Não queria que ninguém percebesse a minha situação. Ficava com o pessoal no vestiário, na resenha e tudo mais, fingindo estar tudo normal. Só eu tinha noção do tamanho do vazio na minha alma. Quando terminava a partida, eu voltava para casa chorando, sozinho, dirigindo meu carro, tentando entender o que estava acontecendo”, finalizou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.