Rio - Neymar terá a missão de levar o Brasil ao hexacampeonato. Este é o recado de Jairzinho à terceira edição da série "Pitaco de Campeão". Um dos destaques da Seleção na Copa do Mundo de 1970, no México, o Furacão não esconde o carinho dedicado ao camisa 11 do Barcelona quando o assunto é o status de craque da equipe canarinho. Aos 69 anos, Jairzinho não tem dúvidas de que o desafio será complicado, mas confia na joia do time catalão para liderar a equipe de Felipão pelos gramados do Mundial.
"O cara já é o Neymar. Vai ser a primeira vez que o Brasil vai jogar uma Copa do Mundo sem três craques na Seleção. Ele é o verdadeiro craque, a grande esperança", apostou Jairzinho que, por outro lado, fez uma ressalva ao time de Felipão: "Os demais são bons jogadores, mas não há nenhum fora de série. A minha preocupação é o Brasil ter só um craque. Quem vai assumir a responsabilidade, quem vai ajudar o Neymar?".
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Embora não tenha tanta convicção no elenco atual da Seleção, Jairzinho vê um fator importante para o Brasil conquistar o hexacampeonato mundial em casa: a força da torcida verde e amarela. Para o Furacão, os brasileiros vão incentivar o time e terão papel fundamental no torneio.
"O apoio vai ser total, o brasileiro é maravilhoso. A Copa das Confederadores já mostrou isso e ter sido campeão foi melhor ainda. O torcedor brasileiro confia, vai lotar os estádios, vibrar e levar o Brasil ao título. Não vai ter vaias. Quem vaiar em casa é um antipatriota", disse Jairzinho, que fez questão de mencionar que esta será a primeira edição de Copa que terá a presença dos oito campeões do mundo (Brasil, Itália, Argentina, Alemanha, Uruguai, França, Inglaterra e Espanha).
"Essa será a Copa dos campeões mundiais, pois vai ter todos os campeões do mundo juntos. O título está engasgado na garganta. O Brasil é o país que ganhou mais títulos, mas ainda não levou em casa (perdeu a final de 1950 para o Uruguai por 2 a 1, em pleno Maracanã). Então vamos torcer", disse o ex-jogador.
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Para Jairzinho, a missão da torcida é, mais do que nunca, diferenciada: "O torcedor está confiante, não vai ser apenas o décimo segundo jogador, como costumam dizer, mas vai ser também o décimo terceiro, o vigésimo quinto... A torcida da Seleção é rigorosa e tem uma forma diferente para torcer."
A confiança em Neymar e no torcedor brasileiro tem, no entanto, um grande empecilho que assusta o ídolo. Jairzinho não esconde a preocupação com o momento instável do trio de ataque de Felipão, logo na aproximação da competição mais importante do futebol. Mesmo com o atacante do Barcelona fazendo bons jogos, sua lesão no pé esquerdo e a fase apagada de Fred e Hulk podem ser um problema no Mundial do Brasil.
"É claro que assusta. Eu não quero dizer que esteja acontecendo isso, mas o jogador tem uma certa cautela antes da Copa, para poder jogar o torneio. O atleta, evidentemente, procura diminuir o ritmo para evitar contusões. Acontece muito de alguns se machucarem antes da Copa. Por isso muitos se guardam. Copa do Mundo é Copa do Mundo. Pode ser até que o próprio Messi esteja se cuidando."
Torcida pela reedição de feito histórico
Na conquista do tricampeonato mundial em 1970, Jairzinho fez história. O então ponta-direita da Seleção balançou as redes em todas as partidas da Copa, tornando-se a única pessoa a conseguir tal feito. Agora, na torcida pelo hexa, o ex-jogador acredita que, caso algum jogador de Felipão repita a façanha, o Brasil vai se aproximar do sonhado título.
"Desejo que este jogador esteja guardado para acontecer, como foi em 70. Estou na torcida e, se isso acontecer, sem dúvidas o Brasil será campeão mundial. Nós, que somos considerados o país do futebol, merecemos", afirmou.
Na lembrança do torneio no México, cada gol tem seu espaço guardado com carinho. Um deles tem um gostinho especial, logo sobre a Inglaterra, que defendia o título Mundial na ocasião. O jogo terminou 1 a 0 para o Brasil. Jairzinho narrou o lance.
"O mais importante foi o gol na Inglaterra. Jogo duríssimo, bola na nossa trave. O meu gol foi de todos nós jogadores, torcedores, imprensa. Foi fantástico, com improvisação do Tostão, que é canhoto e tocou de direita para Pelé, que estava cercado por alguns ingleses. Ele já tinha me visto e passou para mim. Eu recebi, fingi que ia finalizar de primeira e driblei o zagueiro. Entrei cara a cara com o goleiro Banks e bati. Foi o gol que mais vibrei na minha vida. Comemorei por mais de cinco minutos. Para mim, foi o mais importante. A imprensa apontou aquele jogo como a decisão antecipada da Copa", lembrou Jairzinho, o Furacão da Copa.
