Decepção dos torcedores brasileiros no Pier Mauá na derrota do Brasil para a Bélgica na Copa do Mundo - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Decepção dos torcedores brasileiros no Pier Mauá na derrota do Brasil para a Bélgica na Copa do MundoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Os cariocas tiveram motivo em dobro para chorar a derrota do Brasil na Copa: perderam o sonho do hexa e mais um dia de folga esperado para a próxima terça-feira. Com camisas da Seleção e copos de cerveja nas mãos, a vigilante Luana Chagas, de 32 anos, e o administrador Eduardo Rezende, 27, foram embora do Boulevard Olímpico, na Praça Mauá, tristes e solitários caminhando pelas ruas do Centro do Rio. "Podia ser melhor, né? Independentemente de qualquer coisa, nessa crise que a gente está em saúde, educação, eu acho que pelo menos uma vitória daria um ânimo pra gente. A gente merecia mais um feriado e também ganhar o hexa. Eu estava doida pra pegar a França agora na terça-feira", lamentou Luana.

Apesar do chororô, os amigos agradeceram o empenho do time verde-e-amarelo fizeram questão de ressaltar que torcem pela derrota da Bélgica. "Valeu de fato a Copa. Os meninos jogaram, deram o seu melhor, os brasileiros torceram como deveriam torcer, independente dos problemas do país. E eu acho que de fato agora fica a nossa gratidão por todo o esforço dos meninos e agora a gente vai torcer para o melhor, né, para o que tiver aí... Menos para a Bélgica!, disse Eduardo.

No geral, os amigos brasileiros Ricardo Friedrich, designer de 26 anos, e Rafael Garcia, instrutor de informática de 25, acharam que o time de Neymar Jr. e companhia jogou bem, apesar do 2 a 1. Eles deram a zebra de assistir à derradeira partida do Brasil na Copa logo no Hotel Belga, no Centro do Rio, onde os belgas que vivem na cidade se reuniram em peso hoje. Garantiram que a escolha do lugar não foi por masoquismo. É que a namorada do Rafael trabalha no hotel. "Chateado! Eu acho que no segundo tempo o Brasil jogou bem, mas a Bélgica se fechou. O Douglas Costa entrou bem, mas aí o Alisson, goleiro de quase 2 metros, tomar um gol de fora da área é complicado, né? Aí a cobertura fechou ali atrás do Marcelo no segundo tempo, mas aí não conseguiu concluir. Bélgica fechou a casinha e já era", avaliou Ricardo.

Mas logo depois vieram as críticas. "A defesa do Brasil no primeiro tempo era zero. Não tinha zaga. No segundo tempo acertou isso, foi pra cima, mas jogar contra o tempo é difícil", acrescentou Ricardo. "E o Brasil não conseguiu colocar muito estilo de jogo em cima. Ficou ali, esperando um buraco e não impôs o jogo. Ficou esperando os caras jogarem. E os jogadores estavam nervosos, porque o Brasil sempre vem com a obrigação de vencer", reforçou Rafael.

O belga Thierry Dor V., profissional freelance de 48 anos que vive no Brasil há 10 anos e é casado com brasileira, confessou que estava com medo de perder para o Brasil. "Eu vi nos últimos dias a imprensa brasileira com muita confiança. Eu também peguei essa onda e tinha muito receio. Eu fiquei surpreendido pela atuação do time belga na primeira parte do jogo. Eu comentei com a minha mulehr que, durante o aquecimento, quando os jogadores brasileiros estavam se preparando para o jogo, dava para ver que estavam muito nervosos. Então eu acho que perderam por causa da cabeça", apontou.

A cada gol da Bélgica ou do Brasil, os torcedores que se reuniram no hotel da Rua dos Andradas, no Centro, ganhavam rodada de chope artesanal belga. Se no futebol o Brasil é considerado favorito, apesar da derrota de hoje, na cerveja, a brasileira Joselita Bodart, casada com o jornalista belgo Olivier Bodart, 36, admite que a cerveja do país europeu é mais gostosa. Para acompanhar o chope, a batata frita recheada e a linguiça chipolata, especialidades da culinária belga, foram as principais pedidas dos torcedores no hotel.

"A Bélgica tem mais de 400 tipos de cerveja. Eles são altamente conhecedores. É uma cerveja com teor alcoólico muito maior, algumas com o teor alcoólico do vinho, com mais corpo, com mais personalidade. Ela é mais encorpada com o sabor mais complexo. No futebol e na cerveja, Brasil e Bélgica não competem. Cerveja para a Bélgica e futebol para o Brasil!", brincou ela, que levou o bebê Basílio Bodart, de 11 meses, para ver o jogo no Hotel Belga. O menino, belga-brasileiro nascido no Brasil, foi o único da família que não tinha chance de sair perdendo. O pequeno vestiu camisa vermelha da pátria paterna e meias com listras verdes e amarelas, agradando a mamãe.

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