Scaloni pode acabar com jejum da Argentina e Deschamps pode conquistar a Copa do Mundo mais uma vez Fotos de Gabriel Bouys/AFP e Glyn Kirk/AFP

A final da Copa do Mundo entre Argentina e França, no domingo (18) às 12h no Estádio Lusail, terá também um confronto fora das quatro linhas. Afinal, Didier Deschamps e Lionel Scaloni terão que quebrar a cabeça para permitir que seus astros (Mbappé e Messi) tenham condições de decidir e, ao mesmo tempo, tentarão anular o destaque do rival.
Quem conseguir esse objetivo, estará mais perto de conquistar a Copa do Mundo e fazer história, cada um à sua maneira. De trajetórias distintas em suas seleções, Deschamps poderá se tornar o primeiro campeão como jogador e bi como treinador, enquanto Scaloni pode dar fim ao jejum argentino de 36 anos.

Scaloni foi de tampão a solução

Para o comandante da Argentina, que só disputou a Copa de 2006 como jogador, essa é a oportunidade de alcançar o topo logo em seu primeiro trabalho, aos 44 anos. Mas nenhuma surpresa para o homem certo na hora certa. Afinal, De analista da seleção principal, ele seria o treinador do Sub-20, mas virou técnico interino e se tornou a solução após uma sucessão de trocas de comando.
Com um curso de técnico da Uefa de 2017, Scaloni fazia parte da comissão de Jorge Sampaoli, demitido após o fiasco na Copa do Mundo de 2018. Na verdade, ele  foi o único que restou, já que toda a comissão técnica não tinha mais contrato
Como nenhum técnico de renome quis assumir, ele ficou como interino para os dois primeiros amistosos do novo ciclo e estreou com vitória sobre a Guatemala em setembro de 2018. O trabalho começou a ser reconhecido, o profissional conseguiu trazer os mais experientes de volta, como Messi e Di María e, aos poucos, começou uma renovação com a ajuda dos ex-jogadores Walter Samuel, Roberto Ayala e Pablo Aimar.
A 'Scaloneta' engrenou e a Argentina chegou a 36 jogos invicta. Mais do que isso, finalmente voltou a ser campeã após 28 anos de jejum, ao vencer o Brasil na final da Copa América de 2021, no Maracanã, o que tirou um peso enorme dos jogadores. Quase todo o trabalho se desfez com a derrota por 2 a 1 para a Arábia Saudita, na estreia da Copa do Mundo, mas o time se acertou após as mudanças e agora chega com muita força para conquistar o título que não vem desde 1986.

Deschamps em busca de novas marcas

Só que do outro lado haverá alguém acostumado a vencer. Afinal, Deschamps a cada dia deixa seu nome na história das Copas do Mundo. Somente ele, Zagallo e Beckenbauer foram campeões como jogadores e treinadores. E agora, o francês pode igualar o italiano Vittorio Pozzo, único bi do torneio no comando de uma seleção, em 1934 e 1938.
Técnico da França desde 2012, após a Eurocopa, Deschamps está na terceira Copa do Mundo como técnico. Aos 55 anos, passou por Mônaco, Juventus e Olympique de Marselha antes da seleção, e conta com uma geração de ouro para chegar à segunda final seguida (em 2014 foi até as quartas).
Depois da decepção com o vice em casa da Eurocopa de 2016, para Portugal, seu trabalho teve uma grande virada, com jovens chegando aos poucos e brilhando. E em 2022 mostra que tem a equipe nas mãos, já que, mesmo ao sofrer com muitos desfalques antes e durante a Copa, ainda assim manteve o nível e a força até chegar à final.
Graças à campanha atual, Deschamps se igualou a Felipão como o segundo técnico com mais vitórias na Copa do Mundo: são 14, mas com dois jogos a menos (19 a 21). Ele pode se isolar no domingo, contra a Argentina, mas terá de esperar mais quatro anos para se tornar o maior vencedor, já que o alemão Helmut Schon tem 16 triunfos em quatro edições seguidas (1966, 1970, 1974 e 1978).