Carlos Murta (à direita) vem treinando com Cain Velasquez na AKA (Foto: Reprodução)
O primeiro passo da sua trajetória no mundo das lutas aconteceu ainda criança, na Capoeira. Depois, veio o Jiu-Jitsu, até Carlos Murta conhecer o Wrestling, através de um projeto social liderado por Laerte Barcelos, pai de Raoni - hoje lutador do UFC.
"Ali vi uma oportunidade de conseguir condições melhores para a minha vida, um salário, conhecer novos países, então me entreguei aos treinos intensos que o mestre Laerte dava para as crianças de comunidade. Assim, aos 16 anos, eu consegui entrar para a seleção brasileira cadete de Luta Olímpica. Cheguei até a seleção junior, recebi bolsa atleta, viajei pelo mundo e não paguei a minha faculdade tudo graças à modalidade", relembrou o carioca, que continuou:
"Durante a visita de um técnico búlgaro da UWW (United World Wrestling) no Brasil, aproveitei a oportunidade e comecei a me destacar não só no cenário nacional, como internacional também. Nessa época eu já treinava com a seleção brasileira na Tijuca-RJ, e com a ajuda do treinador Daniel Pirata e outras pessoas importantes, me tornei 6x campeão brasileiro de Wrestling, medalhista sul-americano e até hoje único brasileiro campeão pan-americano de Beach Wrestling".
Foi durante a pandemia do novo coronavírus em 2020, porém, que tudo mudou. Já habituado ao MMA por conta dos seus treinos na equipe Nova União, no Flamengo-RJ, onde ajudava no camp de nomes como José Aldo, Rafael dos Anjos, Matheus Nicolau, entre outros, Carlos Murta decidiu migrar do Wrestling para as artes marciais mistas.
"Depois da pandemia, voltei a competir em eventos No-Gi, quando me destaquei devido ao meu nível de Wrestling e jogo ofensivo, e fiz também minha a primeira luta de MMA amador, em 2019. Conquistei quatro vitórias como amador, e em 2021, estreei como profissional (novamente com vitória). Ao descobrir que a minha namorada estava grávida, resolvi entrar com tudo no MMA para tentar dar uma melhor condição financeira para a minha família, e é o que nos sustenta até hoje".
Começo promissor como profissional e convite da AKA
A busca por crescimento levou Carlos Murta a se mudar para a Califórnia, nos Estados Unidos. Desde então, o brasileiro realizou cinco lutas no MMA profissional, com quatro vitórias e uma derrota. A última delas, em novembro, valeu a conquista do cinturão do evento Dragon House pelo lutador com um nocautaço, além de um convite da AKA, uma das principais equipes do mundo.
"Havia alguns atletas da AKA na mesma área de aquecimento que eu estava no Dragon House, e quando vi o treinador Cain Velasquez (ex-campeão do UFC) e a maneira como ele tratava os atletas, eu já sabia o que eu queria pra mim. Depois de ganhar o título, passei por alguns testes na academia e agora sim faço parte de um dos principais times de MMA! Assinei contrato de 1 ano e tem sido incrível. Todo todo dia é um desafio, mas ao mesmo tempo incentivador e motivador. Saber que realmente estou no lugar certo e meu nível está cada dia maior todos os dias", celebrou Carlos Murta.
Apesar da rápida adaptação aos EUA e à AKA, Carlos Murta comentou a "dor" de deixar sua família para trás na corrida por novas oportunidades. Pai da pequena Helena, de 4 anos, e do Heitor, de 2, o carioca carrega na ponta das luvas toda a sua história de superação e luta por eles.
"Foi a decisão mais difícil da minha vida aceitar vir (para os Estados Unidos), pois sou um cara apaixonado pela minha família, muito presente como pai, então deixá-los sabendo que teria que ficar um bom tempo sem estar com eles devido ao processo do visto foi e é externamente difícil. Porém, amo o que eu faço, luto por eles e vou fazer valer todo esse sacrifício", encerrou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.