Thomas Jolly, diretor artístico da abertura dos Jogos OlímpicosJoel Saget/AFP

O Ministério Público de Paris abriu uma investigação por cyberbullying contra o diretor da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, Thomas Jolly, que denunciou os crimes, informaram fontes próximas ao caso à AFP nesta sexta-feira (2).

Jolly fez uma denúncia na terça-feira (30) explicando "ser alvo de mensagens de ameaças e injúrias nas redes sociais criticando sua orientação sexual e suas supostas origens israelenses erroneamente atribuídas a ele", confirmou o Ministério Público.
A investigação, realizada pela divisão do Ministério Público que luta contra os crimes que incitam ódio na internet, está sob o guarda-chuva do escritório central de combate aos crimes contra a humanidade e os crimes de ódio, revelaram as fontes.

A cerimônia de abertura dos Jogos de Paris em 26 de julho, que incluiu drag queens, alimentou uma polêmica entre os conservadores e os setores de extrema direita tanto na França como no exterior.

A reivindicação da cultura LGBTQIA+, a participação de drag queens e uma parte do espetáculo que muitos interpretaram como uma alusão à Última Ceia cristã acirraram os ânimos nas redes sociais.

Os organizadores dos Jogos expressaram seu apoio a "Jolly, assim como os criadores e artistas da cerimônia de abertura, frente aos ataques contra eles", disse um porta-voz do comitê à AFP.

Jolly defende que essa cena intitulada "Festividade" não se inspirou na Última Ceia, mas que quis representar "um grande festival pagão, conectado com os deuses do Olimpo".

A cerimônia foi por exemplo denunciada pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como um ataque ao cristianismo e qualificada de "vergonhosa" pelo ex-presidente americano Donald Trump, que quer voltar à Casa Branca nas eleições de novembro.