Presidente do Vasco, PedrinhoDikran Sahagian/Vasco

Rio - Pedrinho veio à público nesta quinta-feira (24) para falar sobre o momento conturbado enfrentado pelo Vasco. Em uma longa entrevista coletiva, o presidente cruz-maltino falou sobre as críticas às contratações feitas por sua gestão e nunca ter prometido "trazer jogadores de alto nível" para o clube.
"Quando você pega um número frio desse jeito, R$ 60 milhões (em contratações), parece que peguei R$ 60 milhões e investi, assim, no talo. As contratações não são feitas dessa forma, têm que caber dentro de um fluxo de caixa que eu consigo pagar. Nos momentos ruins, obviamente os exemplos das contratações vão ser os atletas que por algum motivo ainda não performaram, mas tem contratações que performaram. O Coutinho é uma contratação que para nós dá muito orgulho, o Nuno performando bem, o Lucas Freitas que chegou muito bem, depois teve um pouquinho de dificuldade e retoma o futebol, ainda se valorizou por isso. O Tchê Tchê que veio de graça e está desempenhando muito bem. A gente vai acertar e vai errar", afirmou Pedrinho.
"A construção é dentro de um fluxo de caixa, que nos cabe um parcelamento grande, uma aquisição de transfer pequena e trazendo os jogadores que a gente precisa. Deixando claro que em nenhum momento nas janelas eu falei que contrataria qualquer jogador de nível de Real Madrid, nunca prometi isso a ninguém. Minha promessa aqui foi sempre honrar os compromissos, por mais que isso seja muito doído para o torcedor", completou.
Alvo de muitas críticas e xingamentos da torcida, Pedrinho não descartou renunciar ao cargo. O presidente afirmou que não tem problema em deixar o cargo se a torcida tiver certeza de que ele é o maior problema.
"Quantos presidentes antes de mim, que fizeram um trabalho excepcional ou que foram ruins, tiveram de renunciar ao cargo? Se eu renunciar ao cargo, você como vascaíno, o que acharia? Você tem 100% de certeza de que a torcida vai pensar... Se eu tiver 100% de certeza de que a torcida acha que eu sou o maior problema do Vasco, eu saio. Saio agora. Se a torcida, de verdade, falar que eu sou o problema... A gente está aqui quebrando a cabeça todo o dia para achar diversas soluções. Tem a RJ (recuperação judicial), pagando a dívida, melhorando o CT, tentando ser competitivo no campo... Os resultados não estão vindo. Se a solução for clara, se o problema sou eu... Vou embora agora. Se é tão convicto isso, zero problema", garantiu.
"Mal para o Vasco não quero fazer. Escutar a torcida me mandar tomar naquele lugar, me machuca. Sou Vasco. É como se fosse familiar. Não sou coração de pedra, sou sensível. Isso não tira a minha capacidade de trabalhar. Se tiver 100% de certeza, eu saio. Mas acho que isso não tem como mensurar", afirmou o presidente.
Pedrinho também falou sobre as críticas ao trabalho de Felipe e a polêmica declaração do diretor de que não gostava de Capasso, na época ainda jogador do clube.
"Com relação ao Felipe e ao Capasso, tenho até que me segurar porque você sabe muito bem os motivos, e não concordando com a resposta que o Felipe te deu, e falei isso para ele. Mas pra te dar um exemplo de que todas as avaliações e contratações não são definitivas por uma pessoa, mas departamento de scout, análise de desempenho e mercado. A indicação do Nuno foi do Felipe, a do Tchê Tchê foi do Felipe. A do Lucas Freitas, foi do Felipe", iniciou Pedrinho.
"Dentro da tua avaliação, o trabalho do Felipe não é bom por causa de uma resposta, não sei se desrespeitosa, mas não foi legal para você. Na minha concepção seu trabalho é ruim, e na sua concepção o do trabalho do Felipe é ruim, e o meu também é ruim, mas eu não tenho a capacidade de avaliar porque não estou no seu dia a dia. Para você é mais fácil avaliar porque o dia a dia você não vê, mas na prática, os jogos e contratações, você tem capacidade de avaliar. Todo profissional é avaliado internamente, e houve um massacre muito duro com ele após a resposta que ele te deu. Eu sei porque ele te deu, mas não deveria ter falado daquela forma", seguiu.
Eliminado da Sul-Americana, o Vasco está em alerta no Campeonato Brasileiro. O time está na 16ª posição, uma acima da zona de rebaixamento, com 14 pontos. 
Veja outras respostas de Pedrinho

Participação de Alan Belaciano no futebol

"Ele não tem cargo nenhum dentro da SAF, ele é um membro da associação, que vem aqui como um funcionário do Vasco, como a minha assessora do CRVG está aqui, como colabora e contribuiu em muitos aspectos, até na questão da RJ (recuperação judicial) foi um cara que ajudou muito, na questão dos acordos, mas não é funcionário da SAF."

Mudanças no clube

"Ninguém falou que está tudo bem, e as contratações que vocês falam que não dá certo você só citam as que vocês querem. A gente identifica e deixa muito claro que sabe onde a gente errou e agente tenta melhorar e trabalhar para isso. Só que todos os exemplos que vocês dão de contratações ruins são de jogadores que não são utilizados e vocês não citam os que são utilizados. É muito difícil porque a avaliação passa por um crivo muito detalhado, mas daí em diante, o jogador performar ou não, é muito relativo. Eu particularmente acreditava muito, e não vou dar nome para expor, que um jogador ia desempenhar e esse jogador não está desempenhando ainda. E o que eu menos esperava está desempenhando bem. Quando o Admar fala de jogadores prontos, acho que ele não quis dizer da questão física, mas da questão da segurança se ele vai desempenhar ou não. O brasileiro já conhece o Thiago Mendes e sabe a realidade, então a adaptação que ele quis dizer, para mim, foi nesse sentido. Não foi de tempo de disponibilidade para jogar. Mas para ficar claro, para não parecer desculpa, a gente sabe muito bem onde errou e onde tem que melhorar"

Mandos vendidos e crise financeira

"Agora vou te dar um depoimento: eu vendi aqueles jogos por R$ 4 milhões, casa jogo foi R$ 2 milhões, porque a gente precisava juntar dinheiro para pagar o mês seguinte. O ano de 24 a gente pagava o mês quebrando a cabeça para pagar o outro mês. Estou falando isso agora. Mas quando falei alguma coisa da questão financeira, eu fui criticado porque eu estava expondo o Vasco e ia dificultar as contratações do Vasco. O que eu faço? Eu me calo. Se eu passar a verdade, as pessoas vão me bater porque eu estou passando a verdade. Quando eu falo, eu sou criticado. A realidade é que nós vendemos para pegar esses R$ 4 milhões para pagar salário. E todos os meses de 24 foram assim."

Críticas de Edmundo

"Com relação ao Edmundo, você citou que "quem cala consente". Tem muitas frases que foram criadas e eu não concordo muito. Uma é essa. Sou um cara muito educado, muito respeitoso. O Pedrinho, na física, tem muita coisa para falar sobre o que o Edmundo está falando, mas qualquer coisa que eu fale hoje, ela se torna institucional porque ele levou um problema com ele mesmo a público. E se eu respondo trago mais uma problema para dentro do Vasco, mas eu ia responder como Pedrinho, não como presidente. Então eu não posso nem responder publicamente e isso não quer dizer que eu estou consentindo com o que ele está falando. As coisas que ele fala, fala muito mais sobre ele do que sobre mim. O momento certo do Pedrinho falar vai chegar, mas quem quiser acreditar nas coisas que ele fala, acredita. Eu não vou dar resposta para ele, estando presidente, só quando eu sair daqui. Ele trouxe um problema pessoal a público e me entristece muito."

Irritação da torcida

"Quando você fala que a minha gestão seria diferente das outras, o comportamento da torcida obviamente quer dizer que ela não está gostando da gestão, isso não quer dizer que a gente não esteja trabalhando de forma diferente das outras gestões. Respeito muito o torcedor do Vasco, muito. E vou sempre respeitar. Como eu falo: a gente cria padrões de perfil para certos cargos. Eu estou presidente então tenho que ter esse tipo de perfil porque tem que ter coração duro, autoritário, isso e aquilo. Eu não sou assim. Se você me perguntar se me entristeceu. Me entristece todas as vezes que a torcida me xingar e vai me machucar. Eu sou vascaíno, tenho um lado afetivo muito grande. Quando a torcida me xinga, é lógico que me ofende. Isso vai fazer com que eu pare de trabalhar? Não, eu vou trabalhar ainda mais para reconquistar o torcedor. E não o Pedrinho, mas o clube ter uma conexão arquibancada-campo-administração."

Comparação com o Corinthians

"Perfil, modelo de gestão. Eu não vou fazer as contratações que o Corinthians fez e não honrar os compromissos. Não queria falar de outro clube, mas como você citou. Eu não consigo contratar e não pagar. Não consigo. O torcedor não pode esperar isso de mim, desculpa te decepcionar. Eu não vou fazer isso. Eu não estou fazendo isso comigo, estou fazendo com a instituição. E se agente está nesse processo de recuperação, é porque essas práticas foram usadas. Me desculpe. O que eu posso falar para o torcedor é que vou trabalhar muito, como eu trabalho. Eu me meto em todos os detalhes, sempre com muito respeito a todos os setores, tentando dar minha opinião, praticamente não durmo, vivo e vivencio tudo que diz respeito ao Vasco. Ausência não existe na minha gestão, da minha parte não existe. Pegaram uma viagem que eu não fui pela saúde da minha mãe, mas eu estou no CT, na SAF, em São Januário, nos treinos, em todos os lugares É muito ruim o torcedor ouvir o que eu estou falando, mas eu não vou sacanear o torcedor. Enquanto eu estiver aqui, eu não vou fazer isso. Mas a gente tem capacidade de ir muito melhor em termos de resultado na competição."