A obra de implantação de rede começou na Rua Maria Isabel, no bairro Cosme e Damião, em JaperiDivulgação / Águas do Rio
A obra de implantação de rede começou na Rua Maria Isabel, no bairro Cosme e Damião, em Japeri, onde existem 234 residências. A moradora Larissa Pimenta, que mora no bairro São Jorge, a 15 km dali, sabe bem os problemas causados pela falta do sistema de esgotamento sanitário. “Todo o esgoto da vizinhança fica bem atrás da minha casa. A gente já se acostumou com o mau cheiro, mas, se chega visita, ficamos com vergonha. Tem muitos ratos e mosquitos. Sempre que chove forte, essa água com esgoto entra na minha casa. Meu filho já pegou bicho-de-pé brincando no quintal, minha mãe é alérgica, foi picada por um mosquito e precisou ficar internada. O tratamento do meu filho ficou caro, e a gente gastou dinheiro sem ter. Sabendo que finalmente as obras estão chegando, nosso coração se enche de esperança”, contou a dona de casa.
De acordo com o diretor da Águas do Rio, Felipe Esteves, a primeira fase da construção dos sistemas de esgoto tem previsão para ser concluída ainda este ano. A primeira etapa termina no final deste ano, com a entrada em funcionamento da ETE, que terá capacidade para tratar o esgoto coletado pelas redes que já estiverem prontas. À medida em que formos assentando novas tubulações, a estação vai sendo ampliada”, conta Esteves, que acrescenta a importância de as pessoas fazerem as ligações de esgoto quando os sistemas estiverem disponíveis.
“A população não pode abrir mão de utilizar a rede pública de esgoto, porque isso implica na saúde. Existem mais de 100 doenças que surgem pelo contato com esgoto sem tratamento, e todo dia há pessoas sendo hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica, como a diarreia, leptospirose, hepatite, que muita gente nem associa ao contato com o esgoto”, afirmou Esteves, que atua na Baixada Fluminense.
No Mês em que se comemora o Dia Mundial da Água, o Instituto Trata Brasil, referência em indicadores de saneamento, divulgou que cerca de 90 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, e que o tratamento é o serviço que está mais atrasado quando olhamos para as metas de universalização até 2033.
Rio Guandu deixará de receber esgoto in natura na região
Além de saúde e dignidade, o esgotamento sanitário vai impactar positivamente o meio ambiente, especialmente o Rio Guandu, onde é captada a água que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O manancial tem sofrido por décadas com a poluição e o descarte irregular de lixo e esgoto. Com a conclusão das obras, cerca de 51 milhões de litros de esgoto deixarão de ser lançados nesse ecossistema, que terá uma água com melhor qualidade para ser tratada e distribuída para nove milhões de pessoas.
A notícia foi recebida com alegria pela família de Priscila Amorim, que ao longo de três gerações sobreviveu da pesca e acompanhou a triste degradação do Guandu.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.