Gruta da SacristiaFoto: Gabriel Ferreira
Missão da Unesco em Maricá visita gruta da Sacristia, em Ponta Negra
Avaliadores conhecer área que contêm resquícios geológicos da época da divisão dos continentes
Maricá - A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Turismo, acompanhou o segundo dia de visita da comissão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que avalia o credenciamento da cidade no processo para se tornar a porta de entrada do Geoparque Costões e Lagunas, patrimônio geológico que abrange diferentes áreas de interesse. Nesta terça-feira (23), o mexicano Miguel Angel Cruz Perez (que havia estado na Fazenda Itaocaia no dia anterior) se juntou ao português Artur Sá para conhecerem a região onde ficam a praia e a gruta da Sacristia, em Ponta Negra, um dos locais de maior atração no setor e que guarda resquícios geológicos do continente africano.
O grupo visitou a localidade onde, segundo os geólogos, tem início a chamada ‘África Geológica’ ou ‘Terreno Cabo Frio’ (referência à cidade da Região dos Lagos), que se estende até à região de Macaé (na Baixada Litorânea fluminense). Em toda essa extensão, diversas formações rochosas sinalizam o contato com a África, especialmente na região onde hoje fica a Namíbia, no período em que os continentes se chocavam constantemente durante o processo de separação, há aproximadamente 500 milhões de anos.
Um dos minerais presentes na formação rochosa é a magnetita, utilizada na fabricação de bússolas. Na entrada da gruta, parte de uma parede superior é composta pelo material é consegue reter um objeto metálico preso no alto, como mostraram os avaliadores.
“É sem dúvida uma área de grande valor científico internacional, porém é preciso observar como isso se articula no território e, para isso, é preciso obter mais informações. Nossa missão aqui é reportar o que vemos, e a primeira coisa que chamar a atenção é o cartaz com informações sobre o local, bem simples e eficiente. A gestão do local me parece bem estruturada, com bastante informação ao visitante”, enumerou Artur Sá.
Entre os integrantes do grupo que acompanhou os avaliadores estavam a professora Kátia Mansur (doutora em Geologia pela UFRJ e uma das gestoras do geoparque) e a coordenadora de Projetos da Secretaria de Turismo, Márcia Freitas, que reforçou a importância da vinda da missão de avaliação da candidatura. “É uma chancela que ratifica a necessidade de preservação e de se evitar qualquer interferência humana, ou que haja de forma responsável”, reforçou ela.
Segundo os avaliadores, o relatório a ser elaborado vai apontar se Maricá se enquadra nos critérios de credenciamento. O resultado está previsto para setembro e deve ser anunciado numa reunião no Vietnã, sendo ratificado na assembleia geral prevista para 2025. No dia 26 de junho, duas placas indicativas foram instaladas em pontos estratégicos de acesso a áreas de interesse neste setor, que ficam em Itaipuaçu e Ponta Negra.
O que são os geoparques?
O Geoparque Costões e Lagunas inclui atualmente 15 municípios fluminenses, e poderá ter Maricá como sua porta de entrada. Geoparques podem ser considerados como soluções do Século 21 para geoconservação de áreas relevantes, a partir do seu uso geoturístico e educacional e do comprometimento das populações residentes no território. A Unesco é a entidade promotora deste programa internacional desde 2015.
A entidade considera os geoparques, áreas com significância internacional e são geridos com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Em março de 2024, o Conselho Executivo da UNESCO divulgou a aprovação de 18 dossiês mundiais que foram encaminhados até novembro de 2023, dentre eles o Dossiê do Geoparque Costões e Lagunas, que é oficialmente aspirante à condição de geoparque mundial da organização.
A chancela da Unesco para um geoparque é de grande relevância. Ela confere reconhecimento internacional e traz benefícios significativos, como Turismo Sustentável, Preservação Geológica, Desenvolvimento Econômico, Pesquisa Científica e Valorização Cultural.
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