Por Eduardo Morgado
Embora possam provocar sentimentos negativos quando mencionados, como nojo ou medo, os fungos são organismos que desempenham funções importantíssimas para o desenvolvimento humano. Além de alimentar, estes seres podem nos curar e até mesmo combater mazelas ambientais como diminuir as mudanças climáticas presentes na atmosfera. As informações são do site BBC.
Giuliana Furci, a primeira micologista (bióloga com especialização em fungos) de campo do Chile e fundadora da Fundação Fungi - primeira ONG dedicada aos organismos - defende a importância da divulgação científica para que a população se familiarize com o tema.
"Meu trabalho é levar justiça aos fungos, reconhecendo seu papel essencial e fundamental. Eles são os organismos mais legais e importantes da Terra. A vida na Terra não existiria como a conhecemos sem eles. Mas eles não são reconhecidos", diz Giuliana.
Estes micro-organismos podem ser tanto recicladores quando decompositores, garantindo, assim, que o ecossistema local esteja balanceado.
"Os fungos permitem que as plantas vivam fora da água [fornecendo nutrientes e umidade em troca de açúcares produzidos na fotossíntese]. Eles permitem que os animais digerem seus alimentos", explica a micologista.
A vida humana também é muito auxiliada pela existência dos fungos. As estatinas, compostos redutores do colesterol, são oriundos de cogumelos. Antibióticos, como a penicilina, são provenientes de bolores.
O meio ambiente também agradece a existência destes organismos, já que o enfrentamento a crise climática também é uma atribuição dos fungos. Sua capacidade de absorção de carbono e de estímulo a biodiversidade enriquecem a natureza. Existe até um fungo amazônico capaz de quebrar substâncias plásticas.
"Cada vez que vou a campo encontro novas espécies - é uma mina de ouro. Em uma hora posso coletar mais de 100 espécies de fungos sem andar mais de 30 m. Há consenso na comunidade micológica de que só sabemos cerca de 5% a 10 % das espécies de fungos na Terra", afirma Furci.
Giuliana ressalta que os fungos são tão importantes quanto a fauna e a flora. "Onde quer que esteja escrito 'flora e fauna', precisamos dizer 'flora, fauna e funga' - é o terceiro F. E onde quer que esteja escrito 'plantas e animais' em qualquer regulamento, deveria dizer 'plantas, animais e fungos".
Graças ao seu trabalho, o Chile tornou-se o primeiro país do mundo a proteger a existência dos fungos em sua legislação ambiental - destacam-se as leveduras, bolores, míldios, líquenes e cogumelos.