Crianças de 6 a 11 anos na vacinação contra covid-19 em Mesquita Bea Silva/PMM

A Pfizer e sua sócia, BioNTech, informaram nesta terça-feira, 1º, que começaram a apresentar um pedido formal ao regulador sanitário dos Estados Unidos para o uso emergencial de sua vacina contra Covid-19 para crianças de seis meses a cinco anos.

Se a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, aprovar o regime de duas doses, a vacina da Pfizer se tornará a primeira anticovid-19 disponível para essa faixa etária no país. Logo após o anúncio, a FDA indicou pelo Twitter que realizará uma reunião em 15 de fevereiro para considerar o pedido.

As empresas buscam autorização para apenas duas doses de sua vacina, mas acreditam que uma terceira dose será necessária "para alcançar altos níveis de proteção contra variantes atuais e futuras" do coronavírus, declarou o CEO da Pfizer, Albert Bourla, em nota.

"Se ambas as doses forem autorizadas, os pais terão a oportunidade de começar uma série de vacinações contra a covid-19 para seus filhos, enquanto esperam a possível autorização de uma terceira dose", acrescentou. Alguns especialistas já se pronunciaram contra esta medida incomum.

No entanto, a chefe interina da FDA, Jane Woodcock, defendeu nesta terça-feira a necessidade de avançar rapidamente: "Ter uma vacina segura e eficaz disponível para as crianças deste grupo etário é uma prioridade para a agência", declarou em um comunicado.

Dose reduzida
O pedido da Pfizer deveria estar inteiramente concluído "nos próximos dias", informou a empresa. Já a vacina poderia estar disponível nas próximas semanas. Para limitar os efeitos colaterais nessa faixa etária jovem, a gigante farmacêutica optou por reduzir significativamente a dosagem de sua vacina, optando por apenas três microgramas por injeção. Em contraste, 30 microgramas são usados para maiores de 12 anos e 10 microgramas para aqueles entre cinco e 11 anos.

Os pesquisadores da empresa concluíram no outono passado que doses baixas da vacina davam proteção a crianças de até dois anos, mas não àquelas de dois a cinco anos, e anunciaram em dezembro que adicionariam uma terceira dose aos seus testes.

Nestes ensaios, a terceira dose deve ser administrada pelo menos dois meses depois da segunda, com as primeiras duas doses aplicadas com três semanas de intervalo uma da outra. Os dados para o regime de três doses são "esperados nos próximos meses e serão fornecidos ao FDA para apoiar uma possível expansão" de seu pedido inicial, disseram a Pfizer e a BioNTech em comunicado. A vacina da Pfizer-BioNTech foi aprovada há três meses para uso emergencial em crianças de 5 a 11 anos.

23 milhões de crianças
Os Estados Unidos têm cerca de 23 milhões de crianças menores de 5 anos. Após dois anos de pandemia, muitos pais aguardam impacientemente para vacinar seus filhos contra o coronavírus. Mas as autoridades sanitárias enfrentam igualmente um grande ceticismo de parte de outros pais.

As taxas de vacinação são muito menores entre crianças. A vacina está disponível há três meses nos Estados Unidos para crianças de 5 a 11 anos, mas até o momento apenas 30% delas receberam pelo menos uma dose, e cerca de 22% estão completamente vacinadas, segundo os Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC).

As crianças são menos suscetíveis de desenvolver a forma grave da covid-19, mas algumas terminam hospitalizadas. Devido ao elevado número de infecções, o surto da variante ômicron mandou um número recorde de crianças ao hospital. As crianças pequenas também podem desenvolver casos graves de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (MIS-C).

Cerca de 400 crianças com idades entre 0 e 4 anos morreram de covid-19 nos Estados Unidos desde o início da pandemia, segundo números dos CDC.