Cardeal alemão é a favor do fim do celibato para sacerdotesAFP

Berlim - O cardeal alemão Reinhard Marx, cuja arquidiocese foi objeto de um recente relatório condenatório sobre o abuso sexual de menores, afirmou nesta quarta-feira (2) que é a favor de acabar com a exigência do celibato para sacerdotes.
No caso de "muitos sacerdotes, seria melhor se fossem casados", disse o influente arcebispo de Munique e Freising ao jornal Sueddeutsche Zeitung.
Um relatório independente divulgado em janeiro contabilizou 497 vítimas de abusos sexuais por 235 pessoas, entre eles 173 padres, nessa arquidiocese entre 1945 e 2019.
O dossiê do escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl descobriu que o papa Bento XVI, quando era arcebispo de Munique e Freising, não tomou medidas para prender quatro padres acusados de violência sexual infantil na década de 1980.
Também acusa o arcebispo Marx de não agir em dois casos de suspeita de abuso. Depois que o relatório foi divulgado, ele disse que estava "chocado e envergonhado" com as descobertas.
Nesta quarta, Marx declarou que se perguntava se o celibato "deveria ser um requisito básico para todo sacerdote". "Acho que as coisas não podem continuar como estão", acrescentou.
"Sempre digo isso aos sacerdotes jovens: viver sozinho não é tão fácil", contou ele.
Os comentários incomumente diretos sobre o tema surgem às vésperas de uma nova assembleia sinodal que deve abordar questões como o celibato e o papel das mulheres na Igreja Católica.
No ano passado, Marx ofereceu ao papa sua renúncia por causa do "fracasso institucional e sistêmico" da igreja em lidar com escândalos de abuso sexual infantil, mas Francisco recusou, pedindo ao cardeal, conhecido como reformista, que ficasse e ajudasse a mudar a instituição.