A imunização é fundamental para tentar garantir proteção contra as variantes do coronavírusPixabay - Creative Commons

Hong Kong - A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, afirmou, nesta terça-feira (15), que não imporá um confinamento rígido como o aplicado na China, no momento em que a cidade enfrenta sua pior onda de casos de coronavírus até hoje.

Nas últimas 24 horas, houve 1,6 mil notificações da doença e, na semana passada, mais de mil infecções diárias. Pesquisadores locais advertem que novos casos podem chegar a 28 mil diários em março.

Por mais de dois anos, Hong Kong seguiu a estratégia chinesa de "covid zero". Agora, a onda da variante ômicron coloca essa política à prova como nunca antes, ao superar a capacidade da cidade de aplicar testes de diagnóstico, oferecer tratamento e impor quarentenas.

Nenhum país conseguiu voltar a uma situação de zero casos de covid-19 depois de um surto similar. A exceção foi a China continental, que impôs o fechamento de cidades com ordens de confinamento em massa de seus moradores, após detectar apenas alguns poucos casos. Carrie Lam descartou tais medidas.

"Não temos planos de impor um confinamento completo, generalizado", disse ela à imprensa.

Ela também rejeitou os apelos de especialistas sanitários e de empresários para passar da estratégia de "covid zero" para uma de mitigação.

"Temos que continuar travando esta batalha contra a epidemia. Nos rendermos ao vírus não é uma opção", frisou.

A chefe do Executivo se pronunciou no momento em que dois hospitais de Hong Kong começaram a colocar pacientes em leitos do lado de fora dos portões de entrada, devido ao rápido aumento de infecções.

Jornalistas da AFP observaram pacientes deitados em macas do lado de fora de dois hospitais da cidade.

As autoridades continuarão a aplicar fechamentos por distrito e testarão todos os moradores de conjuntos residenciais, onde se detectam focos de covid-19, acrescentou.

Saturação
Assim como a China, Hong Kong enfrentou o vírus com fechamento de fronteiras, quarentenas prolongadas, rastreamento de contatos e normas de distanciamento social.

Antes do surto atual, Hong Kong tratava todos os pacientes de coronavírus em enfermarias de isolamento, mas os leitos hospitalares e um centro de atendimento próximo ao aeroporto rapidamente ficaram cheios, devido à ômicron.

Lam anunciou que três mil apartamentos em moradias públicas recém-construídas serão modificados para serem usados como locais de quarentena. Além disso, as autoridades buscam outros 10.000 quartos de hotel para o mesmo fim.

Nesta terça, o número dois do governo de Hong Kong, John Lee, disse que se isolará em casa, "por prudência", depois de uma funcionária doméstica testou positivo para o coronavírus. Anúncio similar foi feito pela legisladora pró-China Regina Ip. Ela informou que trabalhará de casa, após ser informada do teste positivo de seu motorista.

Na semana passada, foram registradas longas filas para testes de covid-19. Muitos dos que deram positivo foram recusados nos hospitais.

Hong Kong encomendou 100 milhões de kits de teste rápido e distribuirá um milhão deles por dia para pessoas de alto risco, completou Lam.

Os últimos dias na cidade lembraram o início da pandemia, quando as pessoas afluíram em massa aos supermercados em busca de alimentos e de produtos essenciais.